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O Povo Brasileiro

Por:   •  7/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.289 Palavras (10 Páginas)  •  138 Visualizações

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Este trabalho representa uma resenha crítica sobre o livro O Povo Brasileiro, lançado em 1995, que aborda a história das matrizes culturais e como se deu a inusitada e exótica formação étnica e cultural do povo brasileiro. A obra divide-se em cinco capítulos principais, nos quais o autor aborda todo o processo de descobrimento, dominação e exploração do Brasil, e consequentemente a relação entre os nativos indígenas, os negros africanos e os colonos portugueses. Darcy Ribeiro, como bom Antropólogo, busca entender e refletir sobre a formação do povo brasileiro, mostrando que mesmo com excelentes condições naturais e com um vasto território, o país ainda guarda traços arcaicos de imposição cultural, dificuldades econômicas e uma cultura nacional, principalmente a indígena, desvalorizada. É no passado histórico e cultural da nação que ele obtém as respostas, enfocando na gênese de nossa formação e no que ela resultou.

O autor faz uma análise do ponto de vista histórico e principalmente do aspecto antropológico, sobre a construção do Brasil e dos brasileiros, visto que seu enfoque principal é sobre um país que desde suas raízes apresenta traços de desigualdades, com instrumentos de dominação e imposição cultural por povos. Uma vertente do ponto de vista de valorização do índio e da cultura brasileira é muito presente na obra, visto que o autor possuía notáveis estudos sobre a população indígena, sendo que ela é retratada de maneira precisa e sem mistificações, mostrando o modo que sofreram com a dominação de outros povos e as dificuldades que enfrentaram.

2.1 – O NOVO MUNDO

Ao desembarcar no Novo Mundo, o colonizador português deparou-se com uma população nativa indígena. Esses índios se organizavam em tribos cuja principal prática era a agricultura, caça e pesca. Essas tribos conseguiam cultivar muitas plantas e domesticar animais, e representavam uma sociedade onde todos os membros estavam designados a contribuir para a sobrevivência do grupo.

A chegada dos portugueses não foi pacifica, visto que impuseram seus costumes e crenças na população nativa, rebaixando o patrimônio cultural dos aborígenes. Os índios eram considerados improdutivos e fúteis e tinham uma organização tribal, não havendo necessidade de um Estado geral, ademais que os colonizadores vinham de uma sociedade hierarquizada e moderna para os padrões da época.

Outro empecilho era o julgamento que a Igreja aplicava aos nativos, visto que para ela a vida levada pelos índios era de pecado, buscando combater a heresia e induzindo os índios a trabalharem para libertarem-se dos pecados, desencadeando guerras entre colonos e sacerdotes, o que fez com que os jesuítas fossem expulsos e a colonização continuasse escravagista.

Um fator muito importante para a disseminação do povo indígena foi a falta de resistência as doenças. Em decorrência disso, grande parte dos índios foi rapidamente dizimada, substituída por outros tipos de povoações, entre elas os escravos africanos, os mamelucos, os brancos pobres.

No que se refere a conflitos e divergência de ideias, nota-se que não afetavam apenas colono-colonizado, pois ocorreram acirramentos entre os próprios colonizadores, como por exemplo na diferença colonizadora entre o Norte e o Sul do país no quesito da finalidade da população nativa. No Norte, o processo de colonização buscava remover o índio, como forma de “purificar” a terra nova. Já ao Sul, os colonizadores viam no índio a oportunidade de força de trabalho já que tinham esse foco como ideia de salvação dos nativos para a vida eterna. Essa diferença de ocupação territorial traz reflexos até hoje entre as porções norte e sul da América.

Outro fator de suma importância foi o processo de início da miscigenação brasileira, que desde seus primórdios, já apresentava peculiaridades. Aventurar-se no mar representava uma tarefa perigosíssima, e para os portugueses, inseridos em uma sociedade arcaica, navegar era uma tarefa majoritariamente masculina. Desse modo, muitos homens vieram sozinhos para o país, iniciando o contato com as indígenas locais e gerando descendentes conhecidos como “mamelucos”, que ainda assim eram inferiores aos europeus, devido a sua cultura eurocêntrica.

2.2 – GESTAÇÃO ETNICA

Esse capítulo representa um dos pontos mais importantes de toda a obra, visto que nele é discorrido como de fato se deu a miscigenação brasileira e é onde o autor aborda a formação do povo brasileiro. O cunhadismo, como citado pelo autor, representava um costume indígena de agregar outros povos e realizar as mais variadas funções com eles, sendo que a grande importância dessa prática no que diz respeito à formação do povo brasileiro está no processo de miscigenação, gerando uma sociedade dinâmica e pluricultural. A Coroa Portuguesa necessitava um controle absoluto da nova colônia, e o cunhadismo atrapalhava o predomínio português no Novo Mundo. Para reverter essa situação, a Coroa dividiu a colônia em capitanias hereditárias, onde seus líderes deveriam responder a Coroa e organizar a estrutura social e comercial em sua respectiva capitania, concentrando o poder nas mãos de poucos indivíduos.

Não bastante, a Coroa Portuguesa trouxe para o Brasil inúmeros povoadores, que chegando aqui procuravam reproduzir-se com as mulheres índias, dando origem a mais mamelucos, ampliando o domínio português na colônia.

Após possuir relativa presença no litoral da colônia (área mais dominada pelo colonizador) os portugueses passaram a trazer negros africanos para trabalhar nos engenhos de açúcar, visto que apresentavam um porte físico melhor que o indígena e que o comércio de escravos era muito lucrativo. Além de sua expressiva força de trabalho e de ser considerados propriedades, foram os negros os um dos principais responsáveis paras as características físicas e culturais dos brasileiros, como em crenças religiosas, culinária e música, pois participaram ativamente do processo de miscigenação, como diria o autor, nos moinhos de gastar gente.

Após a estabilização do processo colonizador, era difícil dizer que a nova população era ou indígena, ou negra ou portuguesa. Ela era, agora, brasileira, pois apresentava aspectos de seus predecessores. Os núcleos culturais que deram origem ao povo brasileiro eram resultado da disseminação dos costumes, práticas e outras características dos povos cuja existência consistiu nas matrizes de formação do povo brasileiro.

Como citado anteriormente, o litoral brasileiro era dominado pelos colonizadores, sendo a principal atividade econômica o plantio da cana e exploração

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