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O Que e Um humano?

Por:   •  29/6/2022  •  Dissertação  •  668 Palavras (3 Páginas)  •  71 Visualizações

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Respostas

De início, é essencial ressaltar como é dado o tratamento no texto de Ingold sobre humanidade e a relação que o ser humano estabelece com outras espécies. A veemência da abordagem é compreensível, pois o ser humano tenta a cada instante estabelecer seu complexo de superioridade, lutando constantemente para encontrar características que o diferencie dos demais, fenômeno esse que não é moderno, pelo contrário, se arrasta a séculos, e segundo a ótica do texto, talvez não sejamos tão diferentes como queremos. Na mesma abordagem fazendo um paralelo com o jurídico, é necessário compreender que o senso de superioridade de uma classe elitizada faz a cada instante buscarem artimanhas para perpetuarem a compreensão que existe uma margem distante entre os cidadãos de poder aquisitivo maior e os moradores periféricos de cor negra, por exemplo.

Muito do problema acima citado, se perdura por conta da visão eurocêntrica, que é basicamente aquela que é uma espécie de senso comum do ocidente, onde adota-se o enfraquecimento de outras culturas como narrativas principais e tem a Europa como o modelo a ser seguido, desprezando o protagonismo de outras nações e continentes. A partir daí observa-se a influência que se teve e tem no cotidiano e a relação que se faz com preconceito, basta fazermos um comparativo sobre como é visto o catolicismo em nosso país e por outro lado as associações que são feitas entre religiões de matrizes africanas e crenças indígenas. Segue mais uma vez valendo o complexo de superioridade, dessa vez exercido pela influência e costumes.

O ponto chave para o questionamento sobre a representatividade afro-ameríndia, são os postos ocupados por pessoas negras e descendentes de índios. Para melhor sintetizar, imaginem alguém que precisou do poder judiciário, após ser atendido, pergunte a mesma pessoa se ela conseguiu na audiência ou pelos corredores de um fórum ter a percepção de igualdade, ora se a população negra somada a indígena corresponde entre 55% e 60% da população brasileira, é alarmante perceber que não encontramos a diversidade étnico-racial nesses lugares (a não ser nas audiências de custódia).

Quando se trata de magistrados, torna-se ainda mais grave se buscarmos dentre os novos aprovados o perfil destes, geralmente será a mulher ou homem branco, jovem e de extrato social elevado, partindo daí, fica inegável uma elitização. Claro que toda regra tem suas exceções, cito Silvio Luiz de Almeida que é advogado, filósofo e professor universitário, um dos que fazem parte dessa luta contra o racismo estrutural que atinge todas as esferas sociais. Um outro belo exemplo é o da Magistrada Bruna Rodrigues, da comarca de Paracuru no Ceará, que em uma entrevista a um jornal local falou da sua luta diária e os vários preconceitos que já sofreu/sofre e deixou uma frase a qual mesmo passados quase três anos da entrevista, ainda é chocante: “.... É algo visual, é de cor, é a pele. A pessoa pode ser pobre ou rica: ela é negra”. Acho que essa frase ilustra bem o triste cenário que é o judiciário brasileiro e mostra que consequentemente com menos representatividade o lugar de fala inexiste ou é conquistado a duras penas.

Portanto é necessário que todo o nosso sistema de justiça seja reavaliado, primeiro para compreender e fazer algo sobre o fato de existirem pouquíssimas pessoas negras na magistratura. Segundo para nos questionar porque grande parte das fotos de aprovação de concurso de juízes e juízas e de desembargadores em slogans de cursos preparatórios ou em notícias sobre decisões do judiciário, são de pessoas brancas. Precisamos entender por que esses postos são ocupados por pessoas brancas, saber qual o impacto dessas figuras que estão em determinados lugares na sociedade que fazem parte do pacto da “branquitude” e que não tem às vezes nenhum tipo de estímulo para fazer essa mudança. Só dessa forma, será possível enxergar como o negro é colocado na sociedade brasileira. Isso significa observar que essas decisões continuam acontecendo porque a gente não tem a possibilidade de ter pessoas negras para poderem decidir sobre essa maioria condenada que são pessoas negras.

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