O USO DA INTERNET: UMA IMPORTANTE FERRAMENTA PARA AS MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS

INTRODUÇÃO

A Era da Informação, caracterizada pelo grande desenvolvimento das telecomunicações, refere-se ao período de revolução da microeletrônica com surgimento e consolidação da Internet, um dos principais meios de comunicação atuais. Apesar de ainda lutarmos no Brasil pela inclusão digital, essa mídia revolucionou a forma de pensar, agir, comunicar, organizar e nos relacionarmos. Distância e tempo, que já foram grandes obstáculos da comunicação e interação humana, tornaram-se insignificantes no processo comunicativo.

O surgimento de blogs, sites de compartilhamento e principalmente das redes sociais criou um novo cenário que ampliou o acesso à informação, além do número e variedade de fontes. As redes sociais mostraram-se poderosas ferramentas de organização política da sociedade, abrindo novos caminhos para exigir dos nossos representantes aquilo que nos é de direito.

Muitas manifestações que atualmente começam em páginas virtuais se estendem para as ruas, e esse tem sido o grande tormento das autoridades mundiais. Em 2011, por exemplo, a Primavera Árabe mostrou que as manifestações através das redes sociais são essenciais para a criação de uma situação política em questionamento aos ditadores. Diante de um regime autoritário, cidadãos do Egito e da Líbia encontraram na internet um espaço para discutir e se unir contra o governo. Tais mobilizações colocaram em xeque ditadores que estavam há décadas no poder. (CASSIANO, 2011)

Vivenciou-se recentemente no Brasil uma mobilização em massa com grande repercussão nacional e internacional. Sem uma posição política ou ideológica definida, os manifestantes conseguiram catalisar o sentimento latente de insatisfação da sociedade. Os protestos surgiram, inicialmente, para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público e ganharam forte apoio popular depois da repressão violenta e desproporcional que foi promovida pelas policias militares estaduais contra algumas passeatas. Em resposta às maiores manifestações populares realizadas no Brasil, o governo brasileiro anunciou várias medidas para tentar atender às reivindicações dos manifestantes, levando o Congresso Nacional a votar uma série de concessões.

O uso massivo das redes sociais – notadamente Twitter e Facebook – foi fundamental para reunir adeptos para a revolta popular. Elas serviram não apenas para organizar as manifestações, mas para informar quase que instantaneamente os seus desdobramentos através de textos, fotos e vídeos que eram postados nos servidores do Twitter, do Facebook e do Youtube, possibilitando ao mundo ter acesso aos acontecimentos e conhecer a real dimensão das manifestações. As redes sociais assumiram assim o papel de garantidores da liberdade de expressão e informação.

Assim, o objetivo deste trabalho é abordar este modelo de mobilização que faz intensivo uso da internet e de suas plataformas virtuais para atingir e associar o maior número possível de pessoas em lutas por causas sociais.

DESENVOLVIMENTO

A partir do momento em que o homem passa a viver em sociedade, a comunicação torna-se inevitável, uma vez que surge a necessidade de trocar informações, registrar fatos e expressar ideias e emoções. A primeira forma de comunicação entre os homens, provavelmente, era através de gestos, posturas, gritos e grunhidos. Nesse sentido, conforme as necessidades surgiram, o homem lançou mão de sua capacidade racional para desenvolver novos mecanismos de comunicação. Em síntese, temos um processo crescente onde o homem desenvolveu a pré-escrita, a escrita, o papel, as impressões manuais e mecânicas. Após séculos de desenvolvimento tecnológico na área da comunicação e informação, o mundo vivencia a Era da Informação, caracterizada por invenções tais como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra óptica e o computador pessoal, tornando a Internet o principal veículo de comunicação da sociedade contemporânea.

A disseminação e a popularização da rede se deu no ano de 1990, tornando-se gradativamente no que conhecemos, e hoje tornou-se indispensável para nossas vidas, pois estar conectado à rede mundial é uma fonte de conhecimento, interatividade, diversão e acima de tudo de comunicação. Uma pesquisa com jovens de até trinta anos de quatorze países, realizada recentemente pela empresa de tecnologia Cisco e divulgada no site do jornal Folha de S. Paulo, mostrou que, de três em cada cinco estudantes e jovens profissionais do Brasil, a internet é tão importante quanto água, comida e moradia.

A maior parte das interações entre as pessoas se dá através de alguma plataforma tecnológica. Em função disso, o termo rede social, que apesar de existir há muito tempo, ganhou maior atenção e popularidade com o crescimento de ferramentas como o Facebook, o Youtube, o Flickr, entre outras. Rede social, por definição, é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Uma das características fundamentais na definição das redes é a sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes. As redes sociais on-line podem operar em diferentes níveis, como por exemplo redes de relacionamentos (Facebook, Orkut, MySpace, Twitter, Badoo), redes profissionais (LinkedIn), redes comunitárias (redes sociais em bairros ou cidades), redes políticas, dentre outras. Um ponto em comum entre os diversos tipos de rede social é o compartilhamento de informações, conhecimentos, interesses e esforços em busca de objetivos comuns.

O Facebook é a rede de relacionamento mais difundida no mundo hoje. Segundo o site socialbakers.com, especializado em estatísticas de redes sociais, o Facebook tinha, em junho de 2011, algo próximo de 750 milhões de usuários ativos. Em maio de 2013, a companhia divulgou que já tem 1,11 bilhão de usuários ativos mensais, um aumento de 23% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. Outro número importante, que mostra como a rede é presente no dia a dia dos usuários é o número de usuários diários. Segundo o Facebook, 665 milhões de pessoas acessam a página pelo menos uma vez por dia.

A noção de que a união faz a força e o fato de um grupo de pessoas se reunir para reivindicar algo não é nenhuma novidade. Descontentamentos nos âmbitos político, econômico e social sempre existiram e há muito tempo

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