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O USO DO GOOGLE STREET VIEW COMO FERRAMENTA NO PROCESSO ETNOGRÁFICO

Por:   •  20/10/2018  •  Artigo  •  2.328 Palavras (10 Páginas)  •  241 Visualizações

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O USO DO GOOGLE STREET VIEW COMO FERRAMENTA NO PROCESSO ETNOGRÁFICO: UMA PESQUISA SOBRE A FARRA VELHA DA CIDADE DE IMPERATRIZ-MA.

O presente artigo compõe parte de uma pesquisa maior que busca compreender as memórias, territorialidades e relações sociais existentes num pedaço do centro de Imperatriz-MA. Essa área, que outrora era denominada periférica, é habitada por diversos atores que compartilham daquele espaço. Sendo conhecida popularmente como símbolo do arroz, mas também uma área de baixo meretrício, denominada Farra Velha, e ainda, podemos acrescentar como sendo uma área receptora de imigrantes. Para desenvolver a pesquisa nos valemos do método etnográfico, mais especidicadamente a etnografia da duração a partir do qual buscamos nos aproximar dos nossos interlocutores, observar o espaço, fotografar, fazer entrevistas semi estruturadas, além de usar outras fontes, tais como bibliografias locais, recortes de jornais, notícias via Web, além de fazer uso de imagens do Google Maps, assim, junto à etnografia face-a-face, nos valemos de uma etnografia virtual. O foco do artigo é justamente tentar compreender como o registro de imagens do Google foi importante no processo de construção e coleta de dados sobre o espaço delimitado na pesquisa, sobretudo na parte de zoneamento da área estudada. Para tanto nos valemos do texto de Chizzolini (2017) que aborda no seu artigo a relação entre “etnografia face a face e imagens do Google Street View: uma pesquisa sobre usuários de crack nas ruas do centro de São Paulo”, o autor traz uma reflexão sobre as potencialidades de se fazer o uso de tais tecnologias no enriquecimento da pesquisa etnográfica, processo semelhante ao que deseja-se alcançar neste artigo. Assim, com base no pensamento do autor supracitado, entende-se que a etnografia virtual é uma ferramenta que pode ser muito útil no desenvolvimento de pesquisas, contudo é necessário que esta seja usada como complemento e não como único caminho para o entendimento do objeto de pesquisa.

Palavras Chaves: Google Maps, zoneamento, etnografia.

O artigo é parte de uma pesquisa maior que tem por título “Histórias e Visualidades Urbanas do Ciclo do Arroz: Imagens e Memórias na área da Farra Velha”. A referente pesquisa objetiva analisar as relações de estigma na área da Farra Velha, caracterizar as composições sociais existentes no local e construir narrativas com base nos dramas cotidianos das famílias que lá habitam. Nesse sentido, a pesquisa tem uma base antropológica e histórica, pois visa trazer a tona não só as imagens do presente, mas também do passado.

Para tanto, como base teórica, utiliza-se o pensamento de Eckert e Rocha (2011) sobre a Etnografia da Duração, que para as autoras, “destaca as intrigas[1], as diversidades de imagens e de dramas que configuram o cotidiano citadino, apreendidos como uma espécie de mapeamento simbólico do emaranhado dos ritmos vividos por seus habitantes em múltiplos territórios”. No decorrer da pesquisa etnográfica houve a necessidade de fazer uso de imagens do Google Street View como uma tentativa de compreender mais o objeto de estudo, para tanto, utilizou-se como base teórica o pensamento de Frúgoli Jr. e Chizzolini (2017) os quais abordam a relação entre etnografia face a face e etnografia virtual com base nas imagens do Google Street View e a sua pesquisa sobre os usuários de  crack nas ruas do centro de São Paulo.

Portanto, entende-se que as tecnologias atuais podem ser ferramentas importantes na compreensão do nosso objeto, como alargar o tempo de observação, ratificar a observação face-a-face, facilitar a observação de áreas em que o pesquisador possa ter dificuldade em adentrar pessoalmente, mapear a região virtualmente entre outros. A etnografia virtual permite voltar ao passado pelas imagens disponíveis do Google, por meio delas é possível fazer comparações às estruturas físicas do presente, ratificar fala dos nossos interlocutores entre outros. Portanto o referido artigo aborda como as imagens disponíveis no Google foram importantes no processo de compreensão do nosso objeto de pesquisa. Antes de falar um pouco mais sobre a relação entre a etnografia face-a-face e a virtual buscamos trazer um pouco do nosso objeto de pesquisa.

FARRA VELHA

Como mencionado anteriormente nosso trabalho tem como objetivo trazer a tona imagens e memórias de uma determinada área urbana de Imperatriz. Vale destacar que esta pode ser pensada sob várias óticas, como sendo símbolo do arroz, como sendo uma zona de baixo meretrício, conhecida como Farra Velha, ou como uma área receptora de imigrantes. Assim, pode-se presumir que este setor aglutina diversos atores que o compõe, como os moradores, os comerciantes, as prostitutas, além das pessoas de passagem, como os clientes, que vem consumir os produtos que são oferecidos na área.

É importante destacar que a área proposta para o estudo está localizada no centro da cidade, mas outrora esta era periférica. O recorte espacial do nosso objeto de pesquisa pode ser observado na imagem abaixo.

Imagem 1 - Delimitação da Área da Farra Velha

[pic 1]

Um dos nossos primeiros questionamentos frente à pesquisa consistiu justamente na delimitação da área da Farra Velha. Inicialmente buscou-se literaturas locais, além de notícias e∕ou blog na Web que viesse a sanar tal questão. Para tanto destacamos o trabalho monográfico de Ana Paula Galdino (2005) que aborda a prostituição na Farra Velha, o livro de Ferreira (2015) que conta a história da cidade de Imperatriz dando ênfase nas ruas da mesma, e uma matéria do Jornalista Jaldene Nunes sobre a história de Imperatriz publicada no site da Empresa Jupiter, a qual disponibiliza um espaço para tratar sobre a história e cultura de Imperatriz. Com nos trabalhos citados anteriormente decidiu-se a delimitação da Imagens 1,  que por sua vez foi ratificada por nossos interlocutores no decorrer da pesquisa de campo.

Depois de realizada as demarcações foram feitas visitas exploratória para se ambientar ao lócus de pesquisa e realizar o zoneamento da área. Decidiu-se partir daí, pois se acredita que, baseado em autores como Pereira (2016) e Robert Park (1967), as estruturas físicas da cidade pode nos ajudar no entendimento sobre os grupos que a habitam.

Pereira (2016) quando faz uma análise entre as localizações, construções e a Praça de Fátima de Imperatriz MA, em seu artigo “Cotidiano dos grupos na praça de fátima: aspectos ecológicos e interações face a face no Centro de Imperatriz-MA”, o afirma que:

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