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Os Mitos Da Avaliação

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Por:   •  29/11/2014  •  1.600 Palavras (7 Páginas)  •  1.217 Visualizações

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Mitos da Avaliação

Diz-se que...

Há uma forte sensação de insegurança e desconforto quando temos uma idéia brilhante e tentamos escrevê-la, mas a ponta do lápis está solta e cai. (...) Há idéias brilhantes, professores “de ponta”, páginas que podem ser escritas, vontade de escrever, mas o “lápis” está sem ponta e o “aparelho” entupido. Os mitos que abalam o sistema vão destruindo as melhores idéias e intenções em compasso de erosão, de perda, de abandono. Enquanto isso, os mecanismos e procedimentos, supostamente pedagógicos de solução vão se “repetindo...”,”repetindo....!!!!” sem se notar que o lápis está quebrado por dentro e o apontador está entupido. Repetência? Evasão?

Este é o ciclo perverso que expulsa do sistema muitos milhões de cidadãos brasileiros – de cada 1000 crianças que entram na escola, apenas 45 concluem primeiro grau sem qualquer repetência. Ele começa quando as crianças são obrigadas a aprender a ler ao mesmo tempo e não satisfazem essa exigência; ele termina quando as crianças, depois de sucessivas repetências, são forçadas, pelos obstáculos criados, a abandonarem a escola, o sistema e o próprio desejo de ler e escrever. Essa é uma transgressão ao direito de aprender e, dramaticamente, ocorre com os países menos desenvolvidos e com as populações mais pobres.

Assim, a reprovação, embora pareça um ato técnico-pedagógico é paradoxalmente “bem intencionado”, é essencialmente um ato político que serve à reprodução das desigualdades sociais. (...)

Cada vez que ela (a escola) reconhece os avanços da trajetória da criança e considera os seus tropeços como parte da construção do próprio sistema de aprendizagem, ela está sendo capaz de inovar. Esta é a concepção mais dinâmica, mais atualizada, mais justa, de avaliação escolar. Avaliar não é reprovar, mas sim, compreender e promover a cada momento, o desenvolvimento pleno da criança, do jovem ou de qualquer individuo ou grupo social que se submeta ao processo de alfabetização e de aprendizagem em geral (...).

O erro do aluno, ou seja, o que ele omite, o que ele deixa de fazer é sempre percebido em termos negativos. Para se ter uma visão positiva é preciso adotar o ponto de vista da criança e do jovem. Julgá-los sem entender esse procedimento de crescimento é desrespeitá-lo na sua inteligência, na sua afetividade e na sua própria experiência de vida.

Para avançar no sentido dessa mudança, é preciso demonstrar mitos que de há muito vêm servido como fundamentos que justificam as práticas de reprovação, como se estas fossem necessárias para garantir a qualidade do sistema educacional. (...)

1º. Assim diz-se que:

“Os alunos não podem passar de ano sem saber ler”. Não é verdade. A leitura é uma aprendizagem continua que não se completa na 1ª série, começa antes da criança entrar na escola e continua durante todo o processo educacional inclusive na idade adulta. Alem disso, por causa das diferenças individuais e das experiências que cada criança ou jovem tem no seu meio familiar, os alunos não aprendem ao mesmo tempo e do mesmo modo. É preciso respeitar esse rítimo e esse estilo. Não se pode punir um aluno por necessitar de mais tempo. (...)

2º. Diz-se que...

“Promover todos os alunos tira o estímulo dos mais estudiosos e favorece o desinteresse dos menos estudiosos”.

Não é verdade. Esta afirmação se baseia no fato de que os alunos estão acostumados a “estudar para prova”. Se os professores se conscientizarem e conscientizarem os alunos para o valor da aprendizagem de tal modo que eles estudem para sua formação e não para “passar de ano”, o estímulo por aprender supera “o da prova”. E o desejo de crescer cada vez mais e de buscar a própria realização é o que deve ser apoiado na escola, como um processo continuo. Além disso, a verificação da aprendizagem não pode ficar concentrada “numa só prova” mas sim numa variedade de observações e durante toda a trajetória escolar.

3º. Diz-se que...

“A qualidade do ensino diminui quando todos os alunos são promovidos”.

Não é verdade. A pesquisa e a prática têm comprovado que a baixa qualidade do ensino se deve a outras causas, como a falta de propósitos claros sobre a educação, a falta de informação adequada sobre teorias e práticas pedagógicas, o isolamento do professor no campo de trabalho e o apego aos sistemas tradicionais em que o professor foi formado.

4º. Diz-se que...

“Quando todos os alunos são promovidos acontece que muitos passam de ano sem saber nada”.

Não é verdade. “Saber” não é meramente um conjunto de conhecimentos e de certas habilidades determinadas pelo professor. Trata-se da capacidade de imaginar, de criar, de indagar, de exercer competências variadas segundo a cultura e a história de cada individuo, de estar em paz, de viver. (...)

5º. Diz-se que...

“Trabalhar com turmas heterogêneas em que uns sabem ler e outros não, porque foram promovidos sem saber ler é impossível”.

Não é verdade. Este costume pedagógico de separar os alunos que sabem ler dos que não sabem, os que são “fortes” do que são “fracos”, os que são “rápidos” dos que são “lentos”, os “promovidos” dos “repetentes”, os “novos” dos “velhos” com o propósito, até bem intencionado, de formar turmas “homogêneas” (o que vale também para formação de grupos na sala de aula), não assegura sucesso na aprendizagem. Inicialmente é preciso entender que os alunos jamais serão homogêneos por mais que sejam “reclassificados” e “remanejados”. Eles vão sempre diferir nas suas peculiaridades individuais – físicas, afetivas, cognitivas, sócio-culturais.

Então é artificial tentar qualquer homogeneização. Por outro lado, a tentativa de separação em grupos ou turmas fixas gera rotulação discriminatória: os “bons” e os “maus”, os “inteligentes” e os “ difíceis”, os “recuperáveis” e os “não recuperáveis”, os “melhores” e os piores”, os “vencedores e os fracassados”.

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