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Os reinos Afro-islamicos da Costa

Por:   •  28/7/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.306 Palavras (6 Páginas)  •  27.012 Visualizações

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Os Reinos Afro – Islâmicos da Costa

Um dos resultados dos contactos entre mercadores árabes e populações moçambicanas foi a islamização progressiva destas comunidades principalmente no litoral onde surgiram, como consequência, núcleos linguísticos como os Mwani, Nahara e Koti e a adopção por estes modelos de organização social e politica arabizados. Em resultado disso, estruturaram-se unidades políticas moçambicanas como os xecados e os sultanatos.

No período do tráfico de escravos, estes reinos islamizados tornaram-se influentes na costa de Moçambique assegurando esse comércio, mesmo depois da sua abolição oficial.

Entre eles destacamos: o Xecado de Quitangonha, o Xecado de Sancul, o Xecado de Sangage e o Sultanato de Angoche.

Xecado é um sistema de governo dirigido por um xeque, chefe de tributo árabe.

Sultanato é um sistema de governo dirigido por um sultão, titulo dado a certos príncipes maometanos, senhores poderosos e despóticos.

Sultanato de Angoche

Origem

De acordo com Mello Machado, citado por Souto (1996:99), a História de Angoche pode dividir-se em três períodos: período de domínio nativo, anterior à chegada dos muçulmanos; período do domínio muçulmano que começa com a chegada dos muçulmanos à costa de Moçambique e se estende até a conquista de Angoche, em 1891, por João Bonifácio, chefe do Estado Militar da Maganja da Costa; período do domínio português, que começa com as campanhas de pacificação e se estende até a derrota final de Angoche, no início do século XX.

Segundo a tradição xiraz, a origem deste sultanato está ligada a fixação, em Angoche, de refugiados de Quíloa já estabelecidos em Quelimane e na Ilha de Moçambique, antes da chegada dos Portugueses. O seu primeiro sultão foi Xosa.

Base económica

A principal actividade era o comércio de escravos, praticando-se em menor escala o comércio do marfim e do ouro. Angoche transforma-se num importante centro comercial, quando a capital do Estado dos Mwenemutapas mudou para próximo do rio Zambeze e se abriram novas rotas comerciais seguindo os rios Mazoe e Luenha. Mantinha relações comerciais com Melinde, Mombaca, Quíloa e outras regiões. Atingiu a sua maior prosperidade entre os séculos XVIII e XIX, quando se transformou num importante centro de comércio de escravos.

Estrutura social e o aparato ideológico

A sociedade angocheana era fundamentalmente patrilinear. Os filhos de Xosa e sua esposa macua, Mwana Moapeta, deram origem a quatro linhagens angocheanas: Inhanandare, Inhamilala, Mbilizini e Inhaitide.

A linhagem dominante era, inicialmente, a do Inhanandare. Durante três gerações, a sucessão do sultanato seguiu o modelo patrilinear. A situação mudou quando o quarto sultão morreu sem deixar filhos varões. Sucedeu-lhe a sua irmã Milidi, casada com Inhamilala. Esta morreu sem deixar descendência, o que provocou uma luta pelo poder entre os Inhamilala e os Inhanandare. Derrotados os Inhanandare, estes foram expulsos de Angoche.

A religião dominante era o islão, que os angocheanos souberam utilizar para manter unida e coesa a sociedade angocheana.

Decadência

São várias as causas que, explicam a decadência deste sultanato:

• Enfraquecimento politico ocasionado pela morte do quarto sultão, que não deixou um sucessor masculino;

• As rivalidades internas e as lutas entre linhagens;

• O declínio do comércio de escravos;

• As campanhas de ocupação e de conquista levadas a cabo pelos Portugueses a partir de 1885. Nestas campanhas, destacaram-se os sultões Ibrahimo, Farelay e Mussa Quanto, que ofereceram uma tenaz resistência a presença portuguesa. Só em 1910 é que Angoche foi dominada.

Xecado de Sancul

Origem

Foi formado no século XVI por imigrantes da Ilha de Moçambique, gozando de uma favorável posição geográfica: entre o Lumbo e o Mongicual.

Base económica

A sua actividade económica principal era o comércio de escravos.

Estrutura social e aparato ideológico

No Xeicado de Sancul, a sucessão do poder fazia-se por alternância de linhagens, para evitar conflitos entre estas. Tal situação trouxe uma

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