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Para uma educação pedagógica

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Por:   •  15/4/2014  •  Seminário  •  1.021 Palavras (5 Páginas)  •  191 Visualizações

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Por uma educação tupiniquim

O grande desafio nacional é descolonizar-se, encontrar a nossa identidade de pensamento e deixar de lado o sentimento generalizado de menos valia

Gabriel Perissé*

Volta e meia somos comparados com países do exterior, no que diz respeito às questões educacionais. Os avaliadores, com todos os números disponíves, afirmam que na Finlândia sim, existe um excelente sistema de ensino. Que na Coreia do Sul sim, investiram nas salas de aula! Que na China sim, sabem o que é formação docente! Somos comparados com Canadá, Japão, Nova Zelândia, Austrália, exemplos distantes que deveríamos seguir de perto! Somos os perdedores internacionais. Os retardatários. E nos sentimos humilhados, enfim, quando nos dizem que no Uruguai e no Chile os alunos têm melhor desempenho na leitura e na matemática do que os nossos. Somos líderes na economia dentro da América Latina, mas deficitários no campo educacional.

Ainda carregamos a sensação dos colonizados. Trazemos na alma a marca dos que estão sempre em desenvolvimento, sempre na metade do caminho. Ainda ficamos fascinados com os parâmetros que vêm de fora. Com as pesquisas realizadas nos Estados Unidos e na Europa. Os critérios baseados em experiências e sucessos estrangeiros nos parecem decisivos e inquestionáveis.

Leitura colonizada

Para verificar se esse complexo de colonizados persiste entre nós, vejamos nas listas dos mais vendidos que livros (de ficção e não ficção) têm recebido destaque entre nós recentemente. Há um Querido John, e não um Querido João. Há mais de dois anos compramos A cabana, de William Young, e muitos ainda querem saber o que existe lá dentro. Parece que a leitura preferida da maioria daqueles que têm dinheiro e tempo para ler gira em torno de nomes como Nicholas Sparks, Elizabeth Gilbert, James Hunter, Sherry Argov...

Nem sempre é assim, obviamente. No momento em que escrevo, padre Marcelo Rossi é um campeão de vendas com seu novo livro, Ágape (prefácio de Gabriel Chalita), leitura de cabeceira na casa de muitas professoras brasileiras. Outro autor nacional em evidência é o educador Mario Sergio Cortella, cujos textos estão sendo lidos e recomendados (o que é salutar) no âmbito empresarial.

A leitura colonizada é reflexo de nosso hábito de valorizar o conhecimento sobre o não brasileiro. O prestígio que dá estudar outros idiomas suplanta o dever de termos maior intimidade com nosso próprio idioma. Há quem torça o nariz quando ouve a provocação de Nelson Rodrigues, dizendo-se linguisticamente monogâmico por só conhecer e praticar a língua portuguesa.

Leitura colonizada, visão de mundo colonizada, não é de surpreeender que nos sintamos diminuídos quando percebemos sobre nós os olhos dos avaliadores externos.

Complexados, estamos sempre correndo "atrás do prejuízo", triste objetivo esse (o prejuízo) que nos restou perseguir, frase associada a outra, bem própria dos subalternos, "desculpe qualquer coisa!", proferida antes que o açoite nos atinja.

Educar à brasileira

Recomendo leitura e estudo de um livro decisivo para a nossa autocompreensão: Crítica da razão tupiniquim, do catarinense Roberto Gomes, publicado em 1977. Não constou nem consta dos livros mais vendidos, mas certamente (já chegou à 12ª edição) terá mais vida do que vendas. E pode nos tirar as vendas dos olhos e a trava da língua.

O livro trabalha a questão de uma filosofia genuinamente brasileira. Como pensar de modo brasileiro? Suas considerações são inspiradoras. Como educar de modo brasileiro? Pensemos na piada brasileira. Não a piada alienante. Ou a piada agressiva e zombeteira. Pensemos na piada que faz "cócegas no raciocínio", título de um livro de tiras e cartuns de um chargista adolescente, João Montanaro, que, embora muito jovem, já trabalha ombro a ombro com nomes importantes do humor jornalístico.

Aliás, só o fato de unir palavra tão séria, "razão", a adjetivo com uso tão pejorativo entre nós,

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