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Planos de Classificação em um Ritual da Vida e da Morte

Por:   •  18/8/2016  •  Seminário  •  3.956 Palavras (16 Páginas)  •  726 Visualizações

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V. TURNER- O processo ritual. Caps. 1 e 3

Planos de Classificação em um Ritual da Vida e da Morte

        Por volta do fim da primeira metade do século XX a antropologia da experiência passa a ter um papel de destaque e grande importância na análise dos estudos e trabalhos no campo antropológico, principalmente dentre a chamada "Escola de Manchester" onde dentre os diversos antropólogos destacava-se Victor Turner e seu trabalho focado na importância dos símbolos do ritual e dos ritos de passagem na estrutura cultural e social do povo ndembu sucetível a processos.

        Sua inspiração inicial se devia ao antropólogo evolucionista Lewis Henry Morgan que no século passado se destacou em seus trabalhos com os iroqueses e sua análise sobre a politica e as relações de parentesco numa escala global. Turner viria a criticar a aversão que Morgan tinha, de se dedicar ao estudo das cerimônias religiosas e sua configuração na religião local, e colocou como assunto principal de suas palestras e futuros trabalhos as crenças e práticas religiosas. Via as experiências culturais diversas e o simbolismo dos ritos tribais com algo rico e complexo existente com particularidades em cada lugar onde não se é possivel traduzir as concepções dos diferentes povos para as nossas e nem transferir o nosso pensamento para eles. Ao longo do desenvolvimento do campo de trabalho profissional antropológico em seus tempos, Turner destaca que essas pesquisas sobre os rituais e o estudo da religião em caráter alem da posição teológica, passam a ser feitas com um rigor científico muito maior como por Levi-Strauss, Radcliffe Brown, Malinowski etc.

        Turner durante 2 anos e meio faz um trabalho de campo em meio ao povo Ndembu, que localizava-se no noroeste da Zambia onde ele tinha como foco principal a pesquisa e análise dos rituais e o alto valor importância que eles tinham. Ele viu a complexidade dos ritos de passagem com iniciação destacando costumes exóticos de circuncisão de meninos e  afastamento da sociedade por um certo tempo, comparando o simbolismo do ritual dos Ndembu com cada uma das tribos vizinhas.

        Inicia seu trabalho em cima de um padrão de pesquisa deixado pelos pesquisadores como Max Gluckman, do Instituto Rhodes-Livingstone onde o foco inicial era no estabelecimento de relações entre nativos e não-nativos das tribos da região, contribuindo principalmente numa análise menos profunda e específica voltada pra uma classificação por meio de dados econômicos, políticos, das relações familiares, sendo mais superficial naquela organização, onde " via-se claramente com que forças estavam lidando."

        Turner via nesse padrão através dos trabalhos ja feitos o desinteresse no estudos do ritual e religião.         Destaca-se apennas Godfrey e Monica Wilson que realiazaram estudos sobre a religião dos nyakyusa da Tanzânia. Turner compartilha do ponto de vista deles que viam o ritual como "a chave para compreender-se a constituição das sociedades humanas" e " são consideradas como decisivos indícios para a compreensão do pensamento e do sentimento das pessoas sobre aquelas relações, e sobre os ambiente naturais e sociais em que operam."

        Em seus primeiros nove meses de trabalho Turner fez uma visão geral no ambito do recolhimento de dados e análises dos mesmos, parecida com a que havia sida feito pelos cientistas sociais de sua geração algo que o incomodou e o fez passar a investigar os rituais mais a fundo e passar a entender o significado deles para esse povo. Nkula, Wubwangú e Wubinda além do tradicional rito de passagem das moças o Nkang'a, foram alguns dos primeiros rituais em que ele passou a alcançar a compressão do sgnificado deles para os Ndembu. Recorrendo a informações do governo local e depois através de entrevistas com o chefe Ikelenge, Turner obteve importantes informações e características de cada um desses rituais ndembu e fez também importantes descobertas como a receptividade dos nativos com estrangeiros que quisessem participar do proceso do rito desde que com devido respeito, o acúmulo de símbolos nas cerimônias rituais na demonstração de identidade e sua relação e importãncia com toda estrutura e organização sendo compreendida após a devida observação a esses valores.

        Com a mudança de Turner para uma outra aldeia comum, ele passa a conviver mais presentemente como um membro da comunidade local, e observar o ritual com um olhar mais amplo buscando em especialistas religiosos sua importância. Se tornam dignos de confiança daquele povo ao estabelecerem uma relação mútua através da contribuição medicinal que para eles era um símbolo que os permitiu acompanhar as partes mais profundas dos ritos e entender como os ndembu se adequavam a um cenário de crises e conflito social e ritual.

        O Isoma pertence a classe dos rituais, ele é conhecido como “rituais das mulheres” ou “rituais dos espíritos ancestrais ou sombras”. Este pertence aos ndembos, o nome usado para designar o ritual significa também, como diz o autor, “um compromisso especial” ou “uma obrigação”. Os indivíduos possuem uma obrigação, segundo eles, de lembrar e cultuar as sombras de seus ancestrais, pois os próprios ndembos diz que foi elas quem deu a luz para gerar os indivíduos.
Entende-se a este como ritual das mulheres, pois como o autor refere-se no texto quando as mulheres lembram de seus parentes mortos elas deverão casar e ser mães de crianças espertas e encantadoras. Mas as mulheres

que não mantiverem esse compromisso de culto as sombras corre o risco de ter seu poder procriativo amarrado pelas sombras. Porém essa esterilidade é temporária, assim que as mulheres se lembrarem de seus compromissos essa esterilidade cessará.

        O ritual isoma ocorre de uma forma processual, em cada um deles as mulheres sofre transtornos ginecológicos. “Em tal caso ou o marido ou um parente do sexo masculino procura um adivinho, que qualifica precisamente o tipo de aflição em que a sombra, como diz o ndembos, “saiu da sepultura para apanhá-la”. (Pág. 27 e 28)
        De acordo com a aflição o marido ou um parente do sexo masculino serve de médico, ele tem a tarefa de convocar outros médicos para ajudá-lo, podendo ser mulheres que já passaram por essa situação e ganharam o acesso ao culto de cura ou pessoas que tiveram afinidade com uma paciente anterior. Os pacientes são considerados com “candidatos” e os médicos como seus peritos. Os ndembos acreditam que as sombras atormentadoras tinham sido antigos peritos. “O perito “mais velho”, ou maior é geralmente um homem, mesmo para os cultos de mulheres como o isoma. Pois como acontece na maioria das sociedades matrilineares, enquanto a colocação social é obtida através das mulheres, a autoridade fica nas mãos dos homens.” (Pág. 28)

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