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Por uma transposição didática das teorias das Ciências sociais (Sociologia, Antropologia e Ciência Política): teorizações sobre as práticas de ensino em Ciências Sociais.

Por:   •  14/7/2015  •  Resenha  •  2.149 Palavras (9 Páginas)  •  459 Visualizações

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FICHA DE LEITURA

ERAS, L.W., FEIJÓ, Fernanda. Por uma transposição didática das teorias das Ciências sociais (Sociologia, Antropologia e Ciência Política): teorizações sobre as práticas de ensino em Ciências Sociais. In: GONÇALVES, Danyelle Nilin (org.) Sociologia e Juventude no ensino médio: formação, PIBID e outras experiências. São Paulo, Campinas: Pontes Editora, 2013

Juscilene da Conceição Barbosa[1]

Raimundo Nonato Serra[2]

O texto “Por uma transposição didática das teorias das Ciências sociais (Sociologia, Antropologia e Ciência Política): teorizações sobre as práticas de ensino em Ciências Sociais” desenvolve um debate em torno das dificuldades enfrentadas pelos professores de sociologia para transpor, adequadamente, os conhecimentos das Ciências Sociais das universidades para os alunos do Ensino Médio, buscando desenvolver uma linguagem aportada numa metodologia mais apropriada que possibilite que os conteúdos tenham sentido para o público juvenil.

As autoras desenvolvem trabalhos de pesquisa acadêmica diretamente relacionada à temática do texto. Lígia Wllheims Eras é doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná e Fernanda Feijó em Ciências sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita.

Feijó tem especializações e diferentes experiências em pesquisa na área de Sociologia da Educação, Sociologia no Ensino Médio, Políticas educacionais e Legislação Educacional. Atualmente é pesquisadora da UNESP onde desenvolve pesquisa na área de "Ensino de Sociologia". Eras desenvolve pesquisas relacionadas às seguintes linhas temáticas:  Ensino de Sociologia, licenciatura em Ciências Sociais e ensino superior e as Ciências Sociais. É nesses focos de pesquisas que o referido texto se insere.

“Por uma transposição didática das teorias das Ciências sociais (Sociologia, Antropologia e Ciência Política): teorizações sobre as práticas de ensino em Ciências Sociais” é resultado da sistematização de um conjunto de comunicações submetidas ao Gripo de Trabalho (GT) que leva o nome que intitula o referido documento. Esse GT integrou a programação do III Encontro Nacional sobre o Ensino de Sociologia  na Educação Básica – III ENESEB. Esse encontro aconteceu em 2013 na Universidade Federal do Ceará, na cidade de Fortaleza e se propôs a ser um momento para se discutir os rumos da disciplina de Sociologia na escola, assim como a formação do professor e o papel da Universidade nesse processo e teve como tema central a Juventude e o Ensino Médio.

As experiências partilhadas nas diferentes comunicações no GT de transposição didática foram a fonte que as autoras utilizaram para escrever o referido documento. As reflexões levadas ao GT por estudantes e professores de sociologia do ensino médio constituíram o conteúdo de análise sobre as quais as autoras constroem a sistematização apresentada no texto referência da presente ficha de leitura. A sistematização foi uma forma de devolver ao mesmo grupo que participou do GT bem como a estudantes, professores e pesquisadores das ciências sociais os principais elementos que se constituíram nas questões centrais de reflexão dos trabalhos apresentados no GT.

As autoras iniciam o texto situando os leitores justamente no contexto do III ENESED e no trabalho do GT  sobre a transposição didática, destacando:

  • os objetivos do GT e a relevância  do mesmo para que se avance na compreensão sobre “a natureza, os avanços e as lacunas quanto aos processos de ensino e aprendizagem -mais especificamente, do ensino localizado na esfera dos conhecimentos vinculados ao ensino de Ciências Sociais/Sociologia” […] (p.87);
  • Ressaltando a relevância do GT como espaço de reflexão acerca dos desafios em torno da transposição didática e metodológica das teorias da Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia, Ciência Política) para o ensino médio (p.87) e
  • Informando a organização didática do GT  em duas  sessões: a primeira reunindo os trabalhos que discutiam sobre a “Experiência de ensino e Transposição Didática” e a segunda, os trabalhos que ficavam na experiência de “Projetos de ensino e outras modalidades de aplicação da transposição didática” (p.88)

Feijó e Eras organizam o documento de acordo com essas duas sessões apresentadas acima. Dessa forma,  seu texto tem a parte introdutória já apresentada, e o desenvolvimento, que faz um balanço e discute os elementos mais relevantes dos trabalhos do GT e está dividido de acordo com as sessões do Grupo de trabalho.

O primeiro bloco de trabalhos sobre as “Experiências de Ensino e Transposição Didática” tinham o objetivo específico de teorizar sobre experiências dos professores e estudantes de sociologia sobre a adequação e transmissão dos conhecimentos da Sociologia para o ensino médio.

Antes de apresentarem a sistematização dos trabalhos da sessão e para que os diferentes leitores entendam a problemática que envolve essa questão, as autoras fazem duas ponderações que são importantes: a primeira, um recorte histórico da história da sociologia e do seu ensino, destacando que o desenvolvimento dessa Ciência, como disciplina escolar, esteve diretamente relacionado às questões que mobilizavam as próprias Ciências Sociais como campo científico. Por isso, o ensino da Sociologia buscava cumprir os objetivos que se esperava daquela ciência influenciada pela conjuntura de um determinado momento histórico, o que marcou a situação intermitente do ensino da sociologia na escola brasileira.

Esse fato também destaca que a Sociologia é uma disciplina que pelas constantes ausências no currículo da escola, ainda está construindo sua trajetória como disciplina escolar.

A segunda ponderação diz respeito ao próprio desafio que é teorizar sobre a prática docente do ensino da sociologia, que exige do professor teorizar, também sobre a realidade encontrada na escola brasileira.

Quanto aos temas mais recorrentes nas diferentes comunicações apresentadas nessa sessão do GT, as autoras destacam: 1-o desinteresse dos alunos pelos estudos das questões sociológicas; 2- o importante papel do docente no processo de transposição didática e a hierarquização ainda existente entre a licenciatura e o bacharelado na formação nas ciências sociais.

Desses destaques, as autoras fazem uma reflexão tomando, por um lado, a prática educativa no cotidiano da escola e, por outro, o papel das universidades na formação dos professores de sociologia. Nesse sentido, alertam para a dupla função do professor de Sociologia no processo de desnaturalização e estranhamento num duplo movimento: primeiro o de contribuir com esse processo no “olhar” dos seus alunos e depois na sua própria análise cotidiana da escola e do contexto dos educandos. Outra questão que as autoras colocam diz respeito à própria formação do professor, ressaltando a importância de uma formação que integre o ensino e a pesquisa para uma efetiva formação, pois na visão das autoras, não existe professor que não seja um pesquisador, especialmente no campo das ciências sociais. É essa sólida formação um dos fatores principais que garantirá os conhecimentos necessários para que o professor possa transmitir os conhecimentos acadêmicos de uma forma que tenham sentido para os alunos do ensino médio e, assim, conquistá-los para a Sociologia.

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