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A Metodologia do Ensino de Ciências Sociais

Por:   •  29/8/2018  •  Artigo  •  3.043 Palavras (13 Páginas)  •  194 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

METODOLOGIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS 2

Michael Lustosa Falcão de Sousa

RECIFE

2015

INTRODUÇÃO

A introdução da Sociologia no sistema educacional brasileiro sempre foi bastante questionada e profundamente instável, desde sua implantação no final do século XIX. Fatores histórico-sociais, como os conflitos nas estruturas da população brasileira, foram fundamentais para o desenvolvimento da Sociologia no Brasil. Resultados ocorridos após os movimentos abolicionistas causaram reflexão e contribuíram para construção de um campo intelectual naquele momento, começando assim formar o que seria a sociedade brasileira. Esses e muitos outros fatores que serão apresentados no decorrer do texto tiveram grande influência e direcionamento na presença ou nas inúmeras situações de ausência da Sociologia como disciplina no Brasil.

            A Sociologia foi sugerida ainda no final do Segundo Reinado em 1882, período onde havia calorosos encontros em prol dos ideais positivistas, que influenciaram bastante o âmbito da educação. O positivismo era visto como uma alternativa de pensar um país mais moderno, os positivistas defendiam que a educação seria uma ferramenta eficaz para promover uma organização social harmônica, resultando no surgimento de uma nova sociedade. Para os defensores desse pensamento a Sociologia tinha esse caráter de uma ciência positiva, sendo de fundamental importância para transição de uma nova sociedade, que seria a sociedade republicana.

Um dos principais nomes da primeira tentativa de levar a Sociologia as escolas brasileira foi Rui Barbosa, mas ele fracassou em seu processo de implementação e seus projetos não foram aceitos no parlamento. Então a Sociologia só é legalmente de fato implantada no país, durante o processo de nascimento da Republica e inicia-se no Brasil basicamente nas escolas de ensino secundário, havendo reformas educacionais nesse segmento,visando um currículo mais cientifico, substituindo assim o currículo clássico literário, predominante até então.

O ensino secundário deveria ser laico, já que antes da reforma a condução da educação se dava muitas vezes por um segmento religioso, pois o regime monárquico era fortemente influenciado pela Igreja. O ensino também deveria ser livre, ter mais autonomia e ser científico, a Sociologia entra nessa reforma do sistema educacional secundário como um matéria obrigatória proposta por Benjamin Constant, mas momentos antes dessa proposta entrar vigor, seu autor vem a falecer e mais uma vez a Sociologia sofre uma intervenção e continua sem ser disciplina obrigatória nos currículos escolares. Só vamos ter novas investidas e incentivos para a aplicação das ciências Sociais Brasil, a partir da década de 1920, quando as elites brasileiras passam a temer os problemas sociais, há convulsões sociais em diversos setores e se percebe a necessidade de formar lideranças, com intuito de criar soluções cautelosas para resolver tais problemas.

A Sociologia teve bastante dificuldade de aplicação como ciência e como disciplina, pois estava em puro processo de constituição no Brasil, seu conceito era duvidoso no que se tratava sua disciplina, seu objeto de estudo e sua metodologia. Há novamente uma reforma no sistema educacional, a Reforma Rocha Vaz, que tinha como prioridade a atenção na formação do adolescente, é nesse período influenciado por diversos intelectuais que tinham estudo e contribuições para elaboração de estudos dos problemas brasileiros, conquistando espaço no sistema educacional.

Com a centralização e desenvolvimento do país em 1930, surgiram novos desafios para a educação, é onde de fato até então, se tem a maior reforma educacional do Brasil, determinando a Sociologia com ciência obrigatória no ensino secundário. Esse período se passa na primeira fase da Era Vargas. O conteúdo da disciplina passava a ser requerido nas provas para o ensino superior, e era dado geralmente por militares, advogados e médicos, havia uma precariedade de professores na época, os primeiros professores começaram a ser formado na Universidade de São Paulo (USP) a partir de 1934.

Um ano depois há uma crise política instaurada na Era Vargas, o Levante Comunista, que faz Getúlio adotar uma postura repressiva, doutrinária e fiscalizadora no sistema educacional. A onda comunista se torna uma preocupante ameaça ao governo. Vargas implanta a Reforma Capanema que vai no sentido oposto da antiga reforma e passa a dar espaço novamente a religião no campo da educacional.  Essa reforma separou o ensino, em ensino secundário no qual formaria estudantes, mais religiosos, voltados para elite que comandaria o país e o curso técnico que seria voltado mais para o trabalho braçal.

Só foi no fim do Estado Novo que retomaram as discussões a respeito da introdução da sociologia nos currículos das escolas de nível médio. Um dos principais defensores e responsáveis por esse retorno foi o sociólogo Florestan Fernandes, sendo bastante atuante em diversos congressos, defendia a propagação dos conhecimentos das ciências sociais, sempre questionando o papel da ciência como mecanismo fundamental para educação dos jovens. Participou de discussões em defesa de uma educação pública de qualidade e dos primeiros passos da construção da Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Mesmo com muitos dos intelectuais das ciências sociais participando ativamente da primeira LDB em 1961, a Sociologia mais uma vez ficou de fora, e não foi considerada obrigatória nos currículos escolares, ficando apenas como matéria facultativa.

Basicamente a primeira LDB não era muito diferente da Reforma Capanema, seu principal diferencial foi a autonomia entregue a cada Estado ao tratar dos conteúdos e disciplinas. A partir de 1964 a Sociologia tem mais uma baixa, pois no período da ditadura militar, ela sempre era associada ao comunismo, os militares consideravam uma ameaça a disciplina nas escolas. A educação de nível básico nesse período passa por uma grande reforma, ficando de dividida em primeiro grau, que incluía os primeiros oito anos de formação e o segundo grau que era a fase final do ensino básico, tendo período de três anos, com perfil profissionalizante, ideal defendido pelos militares chegando a ser sinônimo de progresso e crescimento econômico.

Essa reforma foi em 1971 proposta por Jarbas Passarinho, e aprovada pelo Congresso Nacional, de maneira bastante questionável, já que não se teve discussões relevantes sobre o tema e suas consequências. Tivemos de 1970 a 1980 um momento de total descompromisso com a qualidade e a democratização da educação no Brasil. O desenvolvimento do país ficava por contas das classe mais baixas com o ensino profissionalizante, enquanto aos cargos de poder e setores da elite se dava ao acesso do ensino superior. É só em 1982 que é lançada uma nova reforma, que retira a obrigatoriedade do ensino profissionalizante do segundo grau, deixando o campo mas amplo para a introdução das demais disciplinas.

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