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RESUMO DO LIVRO: ESTADO DE CRISE

Por:   •  18/11/2017  •  Resenha  •  3.229 Palavras (13 Páginas)  •  972 Visualizações

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RESUMO DO LIVRO: ESTADO DE CRISE

Zygmunt Bauman e Carlo Bordoni

1 CRISE DO ESTADO

O conceito de crise tem várias  fontes e comporta vários sentidos, que ultrapassam largamente a perspectiva econômica. O seu sentido originário mais comum é o médico, ao traduzir a idéia de diagnóstico sobre a doença do paciente (estado crítico) e um apelo à ação (tratamento)(ZB). Para ZB estamos dolorosamente conscientes de que se deixados aos próprios mecanismos, os mercados voltados para o lucro levam a catástrofes econômicas e sociais.

Para  CB a crise pode expressar algo positivo, criativo e otimista, uma abertura para o renascimento após uma ruptura.A crise atualmente não tem sido temporária, vivemos um  estado permanente de crise que nos obriga a aprender viver em crise.Com relação à dimensão econômica pode-se dizer que a crise em curso é financeira ao passo que a crise de 1929 foi industrial.  

O problema é que o Estado já não consegue mais ser o curador da doença, e os meios de tratamentos são piores  do que a própria doença. O Estado sofre um déficit de recursos e de coerção e já não tem mais poder para agir. Desde modo as políticas estatais de resposta à crise arriscam-se a permanecer num impasse. Há um divórcio, uma fissura entre o poder apropriado por forças globais, grupos financeiros, elites poderosas, multinacionais, que agem fora da democracia num “espaço de fluxos” (Castells) e que de algum modo se exprime na chamada governança neoliberal e a política deixada para os agentes locais (governos de ESTADOS e cidades. Cresce assim, um “estatismo sem Estado”, sem direção, nem controle político.

O Estado despojado de seu poder efetivo de resolução, carece da capacidade de agência que o tornava respeitável e mantinha os cidadãos crédulos à solução das demandas possíveis em tempos de apuros.  A idéia de “estatismo sem estado” indica íntima conexão com a crise de agência, na medida em que esta sinaliza a incapacidade do Estado em lidar com os “problemas globais” que se fazem concretos sob seu território, pois o poder para tal mora agora em níveis supraestatais econômicos. Os problemas em questão têm um denominador comum: uma crise de agência, de confiança nas agências existentes e cada vez mais de confiança popular nas virtudes da democracia e em seu poder de atração.

O decorrente declínio da confiança popular na capacidade resolutiva do Estado reflete também o enfraquecimento da “nação” enquanto sentimento comunitário. Fica fácil deduzir que este Estado atual em muito se distancia da figura imponente do Leviatã, uma vez que opera sob outras racionalidades e princípios estimuladores do individualismo e coadunados com  o modelo neoliberal de gestão administrativa.  

E m decorrência do Estado cada vez mais fraco e sem condições de intervir funcionalmente cria-se um clima social de “antipolítica”, afastando o crédito de poder das ações e atividades no âmbito político, que resultam em populismo e nacionalismo, ambos perigosos e sujeitos  aos mais devastadores desvios, pois mostram o prelúdio de regimes tirânicos e autoritários. O nacionalismo é anacrônico e míope, pois regressar aos valores tradicionais parece um esforço fútil.

A antipolítica assegura a continuação do jogo político em curso, entre os partidos, mas o priva de significado social, já que o cidadão é obrigado a cuidar de seu próprio bem estar: o Estado dirige e controla seus governados sem ser responsável por eles, implementando uma espécie de “governança” neoliberal que se revela uma técnica de governo indireta, mas não eficaz.

- Crítica à desmassificação: se a sociedaade de massa é o último estado da modernidade, a sua melhor tentativa para manter o controle social diante das forças divergentes cada vez mais ameaçadoras que questionam a hegemonia, é evidente que a partir do momento em que começa o processo de desmassificação na pós-modernidade, o individuo é cada vez mais deixado à sua própria iniciativa.

Os gloriosos trinta anos (entre 1940 e 1970) e os opulentos trinta (entre 1970 e o final do século) foram resultado da rápida evolução do Estado de bem estar social e de uma confiança ilimitada na sua capacidade de assegurar bem estar e segurança para todos, mas também de uma estratégia política que substituíra o totalitarismo de repressão  violenta e intrusão na vida pessoal dos cidadãos pelo “totalitarismo do consumo”, uma nova maneira de garantir o controle social com métodos menos agressivos, mas não menos eficazes.

O neoliberalismo em contraste com o liberalismo clássico, tende a empoderar cidadãos para transformá-los em empreendedores, por consequinte em estabelecer uma ética sem  precedentes de cálculo econômico. Consequentemente, o neoliberalismo retira a responsabilidade do Estado, fazendo-o renunciar às suas prerrogativas e avançar na direção de sua gradual privatização. A crise do Estado se deve à presença desses dois elementos: incapacidade de tomar decisões concretas no âmbito econômico e, portanto à incapacidade de prover serviços sociais adequados.

ZB diz que tem a impressão de que nenhuma escolha ou decisões são tomadas hoje pelos governos de Estado. Indecisão, prevaricação e procrastinação são hoje os nomes do jogo. Os governos são capazes no máximo do que chamamos de “arranjos” – acordos interinos, que desde o começo não são convincentes  destinados a durar.

Contextualizando a questão da crise os autores recuperam o período econômico europeu e estadunidense, a partir do momento da depressão de 1929 e a conceituam como a mais significativa recessão econômica que o século 20 passou. Como conseqüência, apontam que vários países enfrentaram elevadas taxas de desemprego e diminuição da produção industrial. Atualmente, a crise instaurada é legado das histórias recentes e do próprio processo da globalização e suas mazelas são observadas na impotência dos governos no gerenciamento administrativo e nos cidadãos insatisfeitos.

Outro ponto que mercê destaque na obra é a ênfase sobre o papel que a globalização desempenha no cenário das comunicações. Bordoni esclarece que a informação, o conhecimento e a comparação com e entre outras realidades têm mais importância no desenvolvimento de processos libertários do que propriamente as novas tecnologias(t elefonia móvel, internet, redes sociais). Declara que o poder está intimamente atrelado à imaginação, cuja força é potencializada quando alimentada pelo conhecimento e pela comunicação.

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