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Resenha do livro "Cultura: um conceito antropológico"

Por:   •  2/5/2017  •  Resenha  •  1.670 Palavras (7 Páginas)  •  2.160 Visualizações

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LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um Conceito Antropológico. 14ª edição. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2001

O livro “Cultura: Um conceito antropológico”, de maneira objetiva e simples, introduz ao leitor o conceito de cultura sob a ótica da Antropologia. Partindo de autores iluministas até os atuais, a obra não apenas apresenta o desenvolvimento do conceito de cultura, na primeira parte, como também discute a influência da mesma no comportamento humano, na segunda parte. Cada uma destas partes está dividida em capítulos, que seguem uma ordem cronológica e/ou uma linha de raciocínio que permitem uma leitura mais clara.

Logo no início da obra, os autores abordam um dilema que instiga a várias pessoas: nas palavras de Confúcio, “A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados” (CONFÚCIO, apud. LARAIA). Tendo em vista, portanto, o monogenismo, como é possível haver tanta diversidade cultural entre os seres humanos?

Séculos antes de Cristo, os homens já observavam a pluralidade cultural presente na espécie humana, mesmo antes de considerar o monogenismo como algo verdadeiro. Fosse adotando uma postura etnocêntrica, fosse demonstrando maior tolerância às divergências culturais, o fato é que, desde a Antiguidade, buscava-se explicar os diferentes comportamentos dos indivíduos nos diferentes ambientes. Alguns chegaram até mesmo a desenvolver teorias relacionando o comportamento dos seres humanos com fatores geográficos ou biológicos, mas nenhuma delas conseguiu resolver o dilema proposto.

O capítulo 1 do livro, intitulado de “O determinismo biológico”, desmistifica a idéia de que as diferenças genéticas sejam determinantes culturais. Felix Keesing enuncia que "não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado"(KEESING, apud. LARAIA).

Uma declaração da UNESCO citada na obra defende que as diferenças que se manifestam entre as civilizações são explicadas pela história cultural de cada grupo, e não por fatores genéticos hereditários. Da mesma forma, traços psicologicamente inatos são quase os mesmos em todos os grupos étnicos.

O capítulo ainda aborda o dimorfismo sexual, afirmando que os comportamentos diferenciados dos sexos são determinados pela aprendizagem e educação distinta, num processo denominado endoculturação, e não em função de aspectos biológicos.

No capítulo seguinte, “O determinismo geográfico”, o autor cita várias personalidades que contribuíram para a popularização da idéia de que o espaço físico condiciona a diversidade cultural. A partir de 1920, no entanto, esta idéia foi refutada por antropólogos como Boas, Wissler e Kroeber, afinal de contas, um mesmo território pode abrigar diversos tipos culturais e é possível demonstrar que existe uma limitação da influência geográfica na cultura.

O autor cita o exemplo dos lapões e esquimós, que habitam ambientes semelhantes, mas encontram respostas culturais diferentes para enfrentar o rigoroso inverno do norte europeu. Outro exemplo é o dos índios Pueblo e Navajo, do sudoeste americano, que embora vivam no mesmo hábitat, adotam culturas diferentes. Por fim, pode-se observar o Parque Nacional do Xingu, no Brasil, em que xinguanos e Kayabi possuem hábitos alimentares bem particulares. Estes exemplos comprovam que a cultura não pode ser compreendida meramente por meio de fatores ambientais.

O terceiro capítulo, “Antecedentes Históricos do Conceito de Cultura”, como o nome sugere, explora os pensadores e as idéias que fundamentaram o início do conceito de cultura. O autor cita Edward Tylor que difere o caráter de aprendizado da cultura de uma aquisição inata, o que faz dele o primeiro a definir o conceito de Cultura. Com um pensamento similar, John Locke buscou mostrar, com a teoria da Tabula rasa, que o processo do conhecer é aprendido pela experiência, processo hoje chamado de endoculturação.

Outros teóricos se seguiram, até que em 1917, Kroeber diferenciou o homem dos demais animais pelas suas propriedades de comunicação oral e de fabricação de instrumentos, o que faz dele o único ser possuidor de cultura.

No capítulo “O Desenvolvimento do Conceito de Cultura”, o autor explora ainda mais o pensamento de Tylor, que sugere uma visão do homem como parte da natureza, reafirmando a igualdade da natureza humana. Tylor explica a diversidade cultural humana como resultado de diferentes estágios do processo de evolução da espécie, influenciado pelas idéias de Darwin que prevaleciam em sua época. Admitia-se, portanto, que existiam sociedades culturalmente mais avançadas do que outras e que seria tarefa da Antropologia estabelecer uma escala de civilização.

Franz Boas é o primeiro a criticar esta teoria, atribuindo à Antropologia o papel de reconstruir a história de povos ou regiões particulares e de comparar a vida social de diferentes povos. Ele enfatizava a importância da comparação de dados, inclusive propondo “em lugar do método comparativo puro e simples, a comparação dos resultados obtidos através dos estudos históricos das culturas simples e da compreensão dos efeitos das condições psicológicas e dos meios ambientes” (LARAIA).

Em seguida, Laraia desmente a crença na transmissão genética de qualidades. O autor também defende que a natureza cria indivíduos inteligentes com freqüência, mas somente algumas vezes coloca ao seu alcance as ferramentas necessárias para que eles exerçam a sua criatividade de uma maneira revolucionária.

Por fim, o autor demonstra a contribuição de Kroeber para a Antropologia e esclarece dois pontos. O primeiro é que o desenvolvimento da cultura não ofusca todos os instintos humanos. O segundo é que a linguagem e a cultura são interdependentes entre si.

O capítulo “Idéia sobre a Origem da Cultura” busca compreender como o homem adquiriu este processo extra-somático, que lhe permitiu se diferenciar dos demais seres vivos. Diversos estudiosos tentaram atribuir condições e etapas da evolução da espécie humana, com explicações da paleontologia, que teriam contribuído para o desenvolvimento desta propriedade.

Claudi Lévi-Strauss, antropólogo francês, considera que a cultura surgiu no momento em que foi criada a primeira norma. Ele sugere ainda que esta teria sido a proibição do incesto. Já Leslie White, antropólogo norte-americano, defende que a origem da cultura se dá quando o cérebro humano se torna capaz de gerar símbolos. O autor conclui o capítulo explicando

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