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Resumo do livro "Comida e Sociedade"

Por:   •  21/4/2017  •  Resenha  •  1.601 Palavras (7 Páginas)  •  1.962 Visualizações

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia

Disciplina: Ciência, Tecnologia e Segurança Alimentar I

Professor: José Carlos de Oliveira

Data: 07/04/2016                                   Nome: Célia Maria Patriarca Lisbôa

Resumo da obra: Carneiro, Henrique. Comida e Sociedade. Uma história da alimentação. Rio de Janeiro: Campos. 2003, p.7-168.

O livro “Comida e sociedade” aborda questões sobre o comer em sociedade. O autor, Henrique Carneiro, organiza a obra apresentando aspectos da história da humanidade em relação com os seus hábitos alimentares e modos de vida, desde a Pré-história até os nossos dias, propondo uma reflexão acerca da multidimensionalidade e dos diferentes caminhos de estudo sobre a alimentação.

A alimentação envolve muito mais do que nutrientes, responsáveis pela sustentação de um corpo físico. É uma prática construída de relações sociais, é carregada de sentidos e afetos, possui caráter simbólico e tem características culturais, econômicas e históricas. O costume alimentar pode revelar, entre outros, os aspectos sociais, políticos, religiosos e estéticos de uma civilização. Entretanto, ainda que a alimentação seja abordada por diferentes aspectos e possua diferentes dimensões, a Ciência da Nutrição, originada no seio da Medicina, manteve um enfoque fortemente biológico, que ainda é percebido em nossos dias.

Decerto, a nutrição é base para a promoção, desenvolvimento, manutenção e recuperação da saúde, uma vez que é o fundamento de todos os processos fisiológicos do ser humano. Comer, porém, diz respeito a um conjunto de práticas, crenças e valores e tem relação com processos complexos de produção, distribuição, acessibilidade, decisão pessoal, como a culinária, cultura, fenômenos como a globalização, e outros.

Os modos de produção, abastecimento e distribuição dos alimentos impactam significativamente os hábitos alimentares e a qualidade de vida de uma população. O autor chama a atenção para a classificação de Economia, segundo o historiador Fernand Braudel, que situa a alimentação no nível da cultura material, juntamente com o vestuário e habitação, por considerar que a alimentação diz respeito à manutenção do corpo e da vida cotidiana (p. 17). Nesse sentido, a alimentação é elemento de provisão para todas as pessoas, não importando a faixa etária ou posição social, refletindo-se para a economia da casa, da nação e do mundo, influenciando os processos migratórios e de desenvolvimento populacionais.

O autor menciona a obra etnográfica do antropólogo Lévi-Strauss para ressaltar que a alimentação pode ser “o eixo ao redor do qual as diferentes culturas estruturam a sua vida prática assim como muitas de suas representações” (p. 21), referindo-se aos significados dos diferentes hábitos alimentares nas diversas culturas. Para Lévi-Strauss, no seu estudo sobre os mitos ameríndios, a descoberta do fogo altera a relação do homem com a natureza, visto que passa a dominá-la (caça aos animais). O cru é a metáfora da natureza enquanto o fogo, a das transformações culturais.

Na sequência, o autor passa então a analisar a alimentação sob a perspectiva da história da fome, que ele caracteriza como constrangimento mais persistente da alimentação (p. 22), o “estado crônico de carências nutricionais que podem levar à morte” (p. 23). Para abordar o aspecto da fome, faz referência a Josué de Castro, médico nutrólogo brasileiro que se debruçou a pesquisar o fenômeno da fome, em meados do século XX. Josué denunciou a fome como um problema social, utilizando o método geográfico, rompendo com paradigmas que a explicavam como um fenômeno natural decorrente das questões climáticas e étnicas.

O autor ressalta que, apesar do crescimento da produção mundial de alimentos, a fome persiste como um grande problema econômico em nossos dias:

O suprimento global de alimentos é atualmente suficiente o bastante para alimentar mais do que a totalidade da população mundial com base numa dieta semivegetariana, mas suficiente apenas para alimentar metade da população mundial se for estendida para todos a mesma dieta atual dos países desenvolvidos. As consequências do que se caracteriza como ‘dieta de países desenvolvidos’ no crescentemente interdependente sistema alimentar global atinge o conjunto do planeta, devido ao impacto ambiental provocado pela destruição das florestas tropicais na América Latina para dar lugar às pastagens e às plantações de forragem necessárias para aumentar o consumo ocidental, e especialmente norte-americano, de bifes (p. 27).

Nesse sentido, atribui ao consumo excessivo de carne pelos países desenvolvidos (industrializados), parte importante do impacto ambiental contemporâneo. O sistema alimentar baseado no consumo de carnes, carboidratos e açúcar demanda uma produção agrícola para suprir a alimentação animal, com graves consequências sociais e ambientais.

Esse fato nos remete a definição da Segurança Alimentar e Nutricional, que abrange dois enfoques: o primeiro diz respeito à acessibilidade ao alimento (food security) e o segundo se relaciona ao consumo de alimentos livres de riscos para a saúde (food safety). A Segurança Alimentar e Nutricional se relaciona com a soberania alimentar, que diz respeito ao direito de estar informado e decidir sobre a própria alimentação, assim como manter e desenvolver os seus alimentos, tendo em conta a diversidade cultural e produtiva. Busca-se principalmente, promover a agricultura local e camponesa, através de políticas públicas que garantam a liberdade de cultivo, o acesso à terra, à água, às sementes, entre outros.

Para compreender como se dá consumo alimentar em momentos de crise, assim como sua relação com a constituição biológica de certas nações, a obra aponta o estudo diacrônico comparativo entre os momentos históricos de escassez ou de abundância na produção de alimentos, considerando a produção e a distribuição. Durante muitos séculos os estudos relacionavam a produção de alimentos com o consumo. Desse modo, a fome em períodos de crise era explicada pela concomitante escassez de alimentos. O autor salienta, entretanto, que apesar da grande produção agrícola do século XX, considerada a maior de toda a história da humanidade (atribuída principalmente ao desenvolvimento de recursos tecnológicos, como uso de agrotóxicos e engenharia genética), cresce a fome em todo o mundo.

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