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Resumo:Mercadores De Sentido

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Por:   •  23/9/2013  •  9.732 Palavras (39 Páginas)  •  592 Visualizações

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Resumo do Livro “Mercadores de Sentido – Consumo de mídias e identidades juvenis” de Veneza Mayora Ronsini

O livro aborda os grupos do hip-hop, punk e tradicionalismo gaúcho. Ao desenrolar do livro, a autora entrevista integrantes dos grupos. A análise que ela faz é de como eles vivem na sociedade, como estão inseridos nela, o que reivindicam, qual sua relação com a mídia, entre outros objetivos.

Capítulo I – Consumo, classes e identidades

O capítulo começa explicando o lugar a partir do qual se fala: os estudos latino-americanos de recepção, denominação que demarca o enfoque da pesquisa centrada nas conexões entre comunicação e cultura que expressa a passagem de um marxismo determinista para um marxismo de corte gramsciano. (Página 39)

A autora considera que o exame do consumo da mídia e a formação das identidades, tendo como eixo a posição e a situação de classe, é um exercício fértil para a investigação dos processos hegemônicos que ficam apenas subentendidos quando a análise não esquadrinha a inserção dos sujeitos na estrutura social. (Página 40)

Dentre as diversas correntes ou proposições conceituais dos estudos culturais, duas são particularmente importantes aqui: a do consumo cultural e a dos usos sociais. A primeira pode ser entendida como a análise integral do consumo, isto é, descrição e interpretação dos processos sociais de apropriação dos produtos. A segunda, como uma tentativa de ver os processos comunicativos a partir da cultura e dos movimentos sociais. A proposta do livro é ampliar o foco dos estudos empíricos de recepção realizados no Brasil até o momento, trabalhando com a noção de fluxo comunicacional ou fluxo midiático por julgá-la mais adequada ao modo de circulação dos bens simbólicos. A noção de fluxo serve para pensar a situação dos usuários da mídia que permanecem imersos em um ambiente midiático (Páginas 40 e 41)

Dentre os equipamentos midiáticos do fluxo, a televisão é o mais acessível para todos os indivíduos pesquisados e a atividade de lazer e entretenimento mais citada para ocupar o tempo livre durante a semana, tendo como principal concorrente a oferta de música pelo rádio, aparelho de CD e toca-fitas. (Página 41)

Canclini sistematiza seis propostas para a conceitualização e análise do consumo. O consumo como: 1) reprodução da força de trabalho e expansão do capital ; 2) cenário de disputa pela apropriação dos bens produzidos; 3) diferenciação social e distinção simbólica entre as classes; 4) sistema de integração e comunicação entre as classes; 5) manifestação dos desejos individuais e grupais e 6) processo ritual que consistem em dar sentido à ordem social. Os esforços do livro são concentrados nos itens 4, 5 e 6 (diferenciação, comunicação e subjetividades individuais) ou seja, o livro busca compreender como atores juvenis – que no tempo livro se dedicam a produzir música (como instrumentistas, cantores ou compositores) e a manifestar seus desejos pessoais e grupais através da dança – constituem identidades culturais, mediadas pelos meios de comunicação tecnológicos, a partir da posição de classe. (Páginas 41 e 42)

O livro também utiliza as ideias de Jésus-Martin Barbero, com duas mediações que ele propõe em seu livro De los médios a las mediacones: a cotidianidade e a competência cultural. A cotidianidade dá conta da experiência dos indivíduos no seio das instituições, das relações sociais não institucionalizadas e da fragmentação das temporalidades de acordo com a modalidade de inserção na sociedade em rede. A competência cultural é entendida como resultante do habitus de classe e relacionada a questões étnicas e de gênero, abordadas no livro de modo tangencial, pois o foco do trabalho é entender a incidência da clivagem de classes nos processos identitários. (Página 42)

O primeiro passo é situar os entrevistados da investigação proposta pelo livro. Começa-se com uma síntese dos novos tempos, sob a ótica de Castells e com um retrato da situação brasileira. Globalmente, o Estado-nação moderno perde sua soberania, a privatização de empresas/serviços essenciais públicos piora as condições de vida da maioria dos cidadãos, ocorre a degeneração do emprego e da seguridade social, a perda de força dos sindicatos e movimentos trabalhistas como fontes de representação dos trabalhadores, a família patriarcal entra em crise. Tais mudanças são avaliadas como sendo consequência do fato de que as instituições e organizações da sociedade civil, construídas em torno do Estado democrático e do contrato social entre capital e trabalho, transformam-se em estruturas ineptas a manter o vínculo com as reivindicações e necessidades das populações na maioria dos países avançados e periféricos. (Páginas 42 e 43)

Castells fala de três tipos de identidade: as identidades de resistência poderão circunscrever-se a uma condição defensiva, tornando-se um grupo de interesse na defesa de necessidades imediatas, ou resultar em uma identidade de projeto que toma a forma de “movimentos sociais de organização e intervenção descentralizada e integrada em rede” como é o caso dos movimentos ambientalistas, feministas, manifestantes etc..., a identidade legitimadora que, partindo das instituições dominantes, dão origem a uma sociedade civil, ou seja, a um conjunto de organizações e instituições que reproduzem as práticas e valores que racionalizam as fontes de dominação estrutural e a identidade de projeto, que produz sujeitos capazes de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, de buscar a transformação da estrutura social como é o caso do movimento feminista que luta pelo fim do patriarcalismo. O hip-hop e o punk se caracterizam como identidades de resistência. (Páginas 44 e 45)

Frank e Fuentes analisaram os movimentos sociais nos países desenvolvidos da Europa e América do Norte e nos países em desenvolvimento e no Leste socialista, e constataram que através dos tempos, é comum aos movimentos sociais “a mobilização individual baseada num sentimento de moralidade e justiça num poder baseado na mobilização social contra as privações (exclusões) e pela sobrevivência e identidade. Para Touraine existem três princípios a partir dos quais os movimentos podem ser definidos: o da identidade (autodefinição), o do adversário (o inimigo do movimento) e o do modelo social (o tipo de ordem e organização requerida pelo movimento). Falando desse último aspecto, Castells afirma que as modalidades de reivindicação dos movimentos urbanos nem sempre são revolucionárias, transformadoras, sendo simplesmente reformistas. Martín-Barbero, desde o início dos anos 80, já nos

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