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O Sentido Da Colonização - Resumo

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Por:   •  6/11/2014  •  1.246 Palavras (5 Páginas)  •  338 Visualizações

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1) O “sentido da colonização” de Caio Prado Jr

O objetivo desta seção é apresentar as características principais do modelo interpretativo de Caio Prado Jr. Logo no início de sua obra, ao tratar do “Sentido da Colonização”, o autor explicita sua posição metodológica, que se assemelha muito à postura metodológica de Marx.

Emparelhemos as duas citações para ficar clara a comparação:

“Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo ‘sentido’. Este se percebe não nos pormenores da sua história, mas no conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que a constituem num longo período de tempo”. (Prado Jr, 1981, p. 13).

“A sociedade burguesa é a organização histórica mais desenvolvida, mais diferenciada, da produção. As categorias que exprimem suas relações, a compreensão de sua própria articulação, permitem penetrar na articulação e nas relações de produção de todas as formas de sociedade desaparecidas, sobre cujas ruínas e elementos se acha edificada, e cujos vestígios, não ultrapassados ainda, leva de arrastão desenvolvendo tudo que fora antes apenas indicado que toma assim toda a sua significação, etc. A anatomia do homem é a chave da anatomia do macaco. O que nas espécies animais inferiores indica uma forma superior não pode, ao contrário, ser compreendido senão quando se conhece a forma superior.” (Marx, 1978, p. 120).

Em primeiro lugar, há que se ressaltar que os objetivos de Caio Prado e Marx são diferentes. Enquanto este último fala da passagem de um modo de produção a outro, Caio Prado não destaca rupturas deste nível, e nem utiliza em sua obra o conceito de modo de produção. O que há em comum nas duas citações é a relação entre passado e presente, a idéia de que, ao se conhecer o resultado do desenrolar da história, é possível então, a partir do conhecimento do presente, olhar para trás para identificar quais as relações mais importantes para se compreender a dinâmica das sociedades passadas que a distanciavam ou que a desenvolveram na sociedade presente. É o presente que fornece a chave para o passado, ou seja, é o conhecimento do presente que permite identificar quais os elementos essenciais para se compreender o passado, separando estes elementos essenciais do que é secundário ou apenas acessório, ou seja, dos “pormenores de sua história”.

Ao falar de pormenores aqui, nos parece que Caio Prado Jr esteja falando dos acontecimentos empíricos isolados, ou seja, da história factual. No caso da nossa história colonial, são por exemplo os sucessivos “ciclos” de produtos de exportação, descritos por Roberto Simonsen, fenômenos isolados aos quais Caio Prado Jr busca dar uma significação teórica, ou seja, encontrar a essência que os move. Também podem ser vistos como pormenores os elementos presentes na sociedade colonial que não estavam diretamente relacionados ao sentido da colonização, mas eram subsidiários a ele, como o mercado interno da colônia e seus elementos constituintes. Fazendo parte da “geração de 30”, ao lado de Sérgio Buarque de Hollanda e Gilberto Freyre (como destaca Antônio Cândido no seu prefácio ao Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Hollanda), Caio Prado participa assim da revolução de nossa.

Tanto em Marx como em Caio Prado Jr nota-se então a idéia de um “sentido” na história, mas este sentido não é teleológico (como em Hegel), ou seja, não é um sentido que existe a priori, determinístico, cujo telos é previamente conhecido, mas um sentido que é conhecido, ou melhor dizendo, um sentido que é reconstruído racionalmente apenas a posteriori, ou seja, a partir do conhecimento da sociedade que resultou do desenrolar histórico.

Assim como nada garante que do “macaco” – de um antropóide – deveria emergir o homem como necessidade lógica, também nada garante que o futuro estava inscrito como necessidade lógica no passado, de forma que a história se processaria como a realização de uma racionalidade metafísica2. Esta é, aliás, uma das mais fortes críticas de Marx a Hegel, particularmente à sua concepção do Estado Moderno.

Desta forma, assim como não é correto tratar a “sucessão dos modos de produção”, em Marx, como um processo evolutivo histórico-natural, e mais ainda, com uma ordem de evolução pré-definida – como foi feito com a vulgarização do marxismo por Stálin e outros – também não é correta, a nosso ver, as acusações de que a idéia de “sentido da colonização” proposta por Caio Prado seja teleológica: a lógica do “sentido” não existe a priori, como necessidade lógica, mas é reconstruída a posteriori pelo sujeito do conhecimento, como contingência que se realizou efetivamente.

Caio Prado também empresta outra significação à palavra “sentido”, o que já é um salto da metateoria para a teoria:

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