Um Panorama Geral Sobre os Imigrantes Bolivianos na Região Metropolitana de São Paulo

 ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES (EACH-USP) 

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Curso de Graduação em Gestão de Políticas Públicas

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“Um Panorama Geral Sobre os Imigrantes Bolivianos na Região Metropolitana de São Paulo”

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TRABALHO FINAL DA DISCIPLINA “MIGRAÇÕES, DESLOCAMENTOS POPULACIONAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS.” (ACH3846)

Giuliano M. B. Artero (N° USP 8919260) 

SÃO PAULO 

2017

Justificativa e Objetivo

A matéria sobre os imigrantes bolivianos em São Paulo é hoje importante e aborda vários aspectos do cotidiano deste grupo: sua condição de imigrante e seus direitos, suas atividades e condições de trabalho, principalmente na indústria da confecção, sua inserção na metrópole paulistana e suas particularidades e manifestações culturais. Por mais que as razões econômicas em busca de trabalho e melhores condições de vida sejam, em essência, as propulsoras da migração deste grupo (imigração laboral), estes, ao chegarem no Brasil acabaram articulando-se com a cidade de forma peculiar. Contornos particulares foram construídos, incluindo manifestações culturais em espaços específicos da cidade, onde estes se traduzem também como meios de reconhecimento social.

Desta forma, tendo em vista a presença e a grande relevância deste povo, tanto no contexto econômico, como no meio sociocultural, a pesquisa terá como objetivo abordar e compilar um apanhado de aspectos socioeconômicos e culturais dos bolivianos instalados na região metropolitana de São Paulo. O caráter da pesquisa será eminentemente informativo e multidimensional, caracterizando-se como uma tentativa de construir um panorama contextual acerca da situação deste grupo na cidade e algumas de suas características. 

Alguns dos pontos abordados serão: as relações de trabalho estabelecidas no setor têxtil, sobretudo nas oficinas de costura; as condições de trabalho a que estão sujeitos; o perfil destes imigrantes quanto ao gênero, idade, qualificação profissional, nível de escolaridade e ocupação geográfica no território; a ilegalidade quanto à permanência no país e suas consequências; a utilização de meios alternativos para o alcance da estabilidade econômica; as manifestações culturais em locais específicos da cidade e por fim a própria interação entre os imigrantes. 

Metodologia

A metodologia do presente trabalho questão consistiu no levantamento bibliográfico de artigos acadêmicos, livros, teses de doutorado, dissertações de mestrado e pesquisas quanti/qualitativas que abordam, de alguma maneira, os temas relativos à imigração boliviana na cidade de São Paulo. Desta forma, foi possível também ter contato com diferentes perspectivas e abordagens sobre os temas, enriquecendo ainda mais  as informações que serão apresentadas a seguir.

Introdução

A marcante e crescente presença de imigrantes bolivianos no Brasil já é fato consolidado na cidade de São Paulo, tanto do ponto de vista espacial (territorial), com a conquista de novos espaços de habitação, sociabilidade e visibilidade na cidade, quanto do ponto de vista socioeconômico, conforme se verifica das relações estabelecidas por este grupo com o mercado de trabalho, sobretudo no ramo informal das oficinas de costura. Culturalmente houve, ao longo do tempo, um reconhecimento deste povo enquanto um grupo étnico detentor de costumes, peculiaridades e valores representativos que são expressos e difundidos no meio social, como pode ser observado, por exemplo, através de diversas organizações e eventos socioculturais da comunidade boliviana em determinados locais da cidade.  

Importa salientar que a migração de bolivianos para o Brasil cresceu significativamente nas últimas décadas, sendo que o país tornou-se um de seus principais destinos. No caso da Região Metropolitana de São Paulo, observa-se que a migração boliviana, em forte crescimento embora não totalmente recente, está muito ligada ao desenvolvimento de um setor de atividade, mais especificamente um nicho: a indústria de confecção de vestuário. Atualmente, o contingente de bolivianos presentes na capital paulista é o maior entre todo o grupo de imigrantes hispano-americanos instalados na região, o que evidencia sua importância não só pelo seu tamanho, mas também pelas importantes relações estabelecidas com a cidade e seus habitantes, razão pela qual a imigração para a cidade de São Paulo será o foco do presente estudo.

O início da referida imigração remonta à década de 1950, quando, em função de um convênio de intercâmbio cultural firmado entre Brasil e Bolívia (Ato Internacional n° 173 do Itamaraty¹), alguns estudantes vieram ao país em busca de qualificação acadêmica não disponível na Bolívia. Após o término dos estudos, muitos deles acabavam optando pela permanência na cidade, em razão das múltiplas ofertas de emprego com que se deparavam no dinâmico mercado de trabalho paulistano. Contudo, a permanência destes estudantes estava atrelada aos postos de trabalho que exigiam certa qualificação para serem ocupados.  

Já a partir da década de 1970 e 80 o perfil do imigrante boliviano se altera, uma vez que se verifica a chegada de funcionários pouco qualificados nas oficinas de costura da cidade, dispostos a receberem salários bastante reduzidos para exercer a atividade.  

Deste modo, caracteriza-se uma imigração voltada essencialmente para o trabalho (imigração laboral), mais especificamente, voltada para a costura,

atividade inserida no universo da essencial indústria de vestuário do Século XX.  

A baixa qualificação profissional dos imigrantes bolivianos, bem como a enorme dependência dos salários, ainda que baixos, para sustento de suas famílias, ligadas ao desconhecimento da legislação trabalhista brasileira, e à constante insegurança trazida pelo caráter ilegal da permanência desses imigrantes no país são fatores que fortalecem diretamente a ocupação de postos em oficinas de costura pelos bolivianos, que não desfrutam de condições legais para reivindicar qualquer direito e se submetem a condições degradantes.  

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