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Distribuição e exibição de cinema Faap

Por:   •  8/7/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.704 Palavras (7 Páginas)  •  227 Visualizações

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A NOVA REALIDADE

DO DIGITAL

O cinema digital e o mercado exibidor brasileiro

Bruna Viana

Júlia Cruz

Distribuição e Exibição

Prof. Humberto

        O cinema digital está cada vez mais se tornando uma realidade cada vez mais massiva, que está invadindo o mercado. Apesar de no Brasil apenas 22% das salas estarem adaptadas ao padrão digital e esse número está em constante crescimento, já na maior potência cinematográfica, 65% das salas nos Estados Unidos estão instaladas ao novo padrão e 49% na Europa, por exemplo. Portanto, é necessário que se inicie uma organização dos setores do mercado audiovisual brasileiro para que essa transição comece a ocorrer mais rapidamente e com uma boa estratégia para que não haja prejuízos.

        O mercado exibidor é especialmente relutante quando se trata de digitalizar as salas. Enquanto a produção encontra no cinema digital uma democratização e uma redução de custos, com resultados que atualmente possuem qualidade quase tão boa quanto a da película, os exibidores argumentam que o custo da transição é muito alto e será pago especialmente por essa classe, que terá que substituir todos os projetores de película (ou seja, um formato padronizado, para o qual não há necessidade de “encodar” ou fazer adaptações de um projetor ao outro), que necessitam raramente ser trocados, por projetores digitais, os quais não se tem certeza de como irão evoluir em termos de tecnologia e, portanto, do período de tempo em que se fará necessária uma troca, que gera novos gastos.  Portanto, a troca dos projetores de película por projetores digitais, além de ser um custo extra para os exibidores, ainda gera dúvidas em relação à manutenção e despesas adicionais que os mesmos possam vir a trazer.

        Outra questão preocupante é o formato como o conteúdo chega às salas, e a evolução deste também. Hoje em dia, os filmes chegam em hard drives, que custam pouco e permitem uma distribuição ampla, tanto dentro do mesmo multiplex como numa rede. No entanto, já há novos formatos sendo pensados, como por exemplo a transmissão por satélite ou ainda uma ligação ponto a ponto de fibra óptica entre um servidor central da companhia e uma sala. Os exibidores relutam em se adaptar a um formato sendo que outro pode logo surgir e uma nova substituição pode se fazer necessária. Excluir a presença das mídias materiais, substituindo tudo por fibra óptica ou por transmissão de satélite também traz seus prós e contras.

        Há muitas vantagens, no entanto, para o mercado exibidor também. A programação do cinema torna-se mais fácil e democrática, uma vez que filmes menores conseguem fazer mais cópias e essas cópias conseguem chegar a mais cinemas, uma vez que essas estejam aptas a realizar a projeção. A projeção digital também abre o espaço da sala de cinema à projeção de outros conteúdos que não apenas filmes, como já faz a empresa Mobz, que exibe óperas da Metropolitan de Nova York, por exemplo.

        Quanto à questão do custo da adaptação, há o modelo do Virtual Print Fee (remuneração pela cópia virtual), um tipo de financiamento no qual distribuidores e produtores também arcam com uma parte do custo das substituições (afinal, eles estão ganhando com isso, dado que o custo de produção das cópias diminui), e esse dinheiro é repassado a um terceiro partido chamado integrador.

        O integrador na verdade também é uma figura muito importante na medida em que facilita o acesso desse sistema de financiamento a exibidores que não pertençam a empresas multinacionais ou que sejam de pequeno ou médio porte; portanto, podendo representar esses exibidores menores como um bloco, o integrador facilita a negociação com todos os outros setores envolvidos no processo de substituição (produtores, distribuidores, fabricantes de equipamentos, etc.). O cálculo dessa taxa é feito de acordo com vários fatores como por exemplo o tamanho do circuito, o número de filmes em lançamento exibidos por ano e a rentabilidade da sala, só para citar alguns. O modelo tem feito sucesso no exterior e, no Brasil, há um projeto da Ancine de criar uma linha de financiamento similar utilizando recursos do Fundo Setorial do Audiovisual.

        A questão porém não se resume apenas à troca de projetores. Estima-se que 60 a 70% da estrutura de um exibidor tenha que ser remodelada com o advento da digitalização. O setor programador deve adaptar-se ao grande número de cópias que se tornarão disponíveis tornando a agenda dos filmes em cartaz um processo muito mais elaborado e complexo de ser feito,  operadores devem se acostumar ao novo formato da mídia, além de ajustes, diferença nas projeções, entre outros.

        Para entender melhor o quão complexa é a digitalização e a exibição de um filme em cópia digital, é preciso compreender como funciona o maior formato padronizado de projeção, o definido por uma comissão criada em março de 2002 chamada Digital Cinema Iniciative (Iniciativa do Cinema Digital). Essa comissão foi criada por membros dos seis grandes estúdios de Hollywood, são eles Disney, Fox, Paramount, Sony Pictures Entertainment, Universal and Warner Bros. Studios justamente com o intuito de criar, documentar e estabelecer uma padronização com especificações que facilitassem a transição e tornarsem essa transição uma que não comprometesse o controle de qualidade da experiência cinematográfica, com confiança e alto nível de performance técnica.

        O sistema DCI conta com três matrizes principais geradas a partir do filme finalizado. O DSM (Digital Source Master) é a matriz principal, equivalente ao negativo montado do filme, da qual são extraídas as outras duas, a DCDM (Digital Cinema Distribution Master), que  serve de base para a transferência das imagens, do áudio e das legendas para exibição nos cinemas antes de serem realizadas a compressão, a criptografia e o empacotamento, este último que gera a matriz final, a DCP (Digital Cinema Package, daí empacotamento), que é quem recebe a compressão e a criptografia, e é empacotada para ser exibida no cinema. Para converter esse pacote na imagem e no som efetivamente vistos na tela, há uma unidade operacional chamada Media Block, que pode estar incorporada ao projetor ou ser ligada ao mesmo externamente (no início apenas o servidor central continha o Media Block, porém hoje há projetores com o mesmo já integrado). Uma chave de acesso libera a projeção naquela determinada sala, e um sistema de gerenciamento permite a programação do conteúdo exibido na mesma. Esse sistema individual de cada sala é controlado por sua vez por um sistema geral que controla todas as salas do complexo.

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