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Diário da Manhã

Por:   •  2/6/2016  •  Relatório de pesquisa  •  3.590 Palavras (15 Páginas)  •  125 Visualizações

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Entrevista com o professor, pesquisador e jornalista Rogério Borges  
Segunda-Feira, 16 de novembro

Estávamos ansiosos pela primeira entrevista coletiva, feita em ambiente universitário, o que tornava o ambiente um pouco apreensivo. Rogério chega aparentemente disposto e espontâneo, vestido simplesmente de camiseta verde, calça jeans e tênis .Senta-se e após apresentação inicial da professora Gabriella Lucciani, ele começa o seu relato sobre a primeira entrevista feita enquanto estudante, dando abertura depois às perguntas. Rogério Pereira Borges é graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal de Goiás, instituição pela qual também tem Mestrado em Estudos com dissertação sobre o discurso jornalístico e literário de Carlos Heitor Cony. É Doutor em Comunicação e Sociedade, pela UnB com tese sobre Jornalismo Literário. Trabalhou 12 anos como repórter no jornal O Popular. Atua ainda como professor no curso de Jornalismo, na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC- GO).

Laiz Queiroz: O jornalismo literário tem uma presença muito forte na sua vida. Como você vê essa área? 

Rogério Borges: Eu acho que, como você disse, é verdade, é uma forte presença mesmo. É uma paixão profissional que eu tenho. Já tive oportunidade de exercer esse tipo de jornalismo na imprensa, de pesquisa-lo e de dar aula sobre ele aqui na PUC também. Então é algo que pega as três dimensões que a Gabriella citou aqui anteriormente (professor, pesquisador e jornalista). Eu acho que é um tipo de jornalismo que muita gente chama de jornalismo narrativo, jornalismo autoral. Ele é um jornalismo que, nesse momento, em que alguns veículos tradicionais, que com suas fórmulas tradicionais, estão em crise revendo suas perspectivas e seu próprio espaço, este que mudou muito com a chegada da internet, porque a gente percebe que o jornalismo literário tem conquistado um espaço interessante, mas não aquele que ele ocupava antes da chegada da internet, com as matérias especiais no jornalismo impresso, e grandes matérias de revista. Ao mesmo tempo abriram-se possibilidades de executa-lo na internet, onde não há problema de espaço e se houver tempo de fazer, consegue fazer um bom jornalismo literário. O El país Brasil, um jornal espanhol, com sua edição regional aqui no Brasil, é só digital, abre bastante espaço para textos narrativos, então a gente percebe um olhar desse tipo. E pra fora dos veículos tradicionais, é cada vez maior o número de livros-reportagem, de documentários que também possibilitam o exercício do jornalismo literário, jornalismo mais narrativo. Eu acho que a perspectiva, ainda que a gente esteja em um turbilhão, tem conseguido situar bem onde vai parar, acho que se abriram outras oportunidades.

Celina Rodrigues: A tese do seu doutorado na UNB teve como abordagem o discurso do jornalismo literário. Quais são as principais características desse discurso em decorrência da hibridização do jornalismo com a literatura?

Rogério Borges: É interessante porque o jornalismo literário tem ganhado cada vez mais um olhar dos pesquisadores. Eu estive no InterCom Rio, e eu estava num grupo de trabalho , e tinham 4 trabalhos sobre jornalismo literário. Gente da ala da UNESP, do Rio Grande do Sul, então a gente percebe que tem esse olhar. No meu caso foi interessante, porque no meu mestrado em Literatura, eu levei o jornalismo para lá. Eu peguei os romances de Cony e tentei entender no romance o discurso jornalístico. E quando fui fazer o doutorado, eu inverti a polaridade. Eu fui fazer doutorado em comunicação, em jornalismo mesmo, que é um dos poucos, JORNALISMO E SOCIEDADE que acho que só tem quatro ou cinco linhas de pesquisa de pós-graduação em jornalismo no Brasil, e levei a literatura para lá. Foi bem interessante essa mão dupla de cursos, porque eu entendi que o literário não é um mero adjetivo. Muita gente acha que o literário você escreve poeticamente, coloca um adjetivo a mais, faz uma descrição mais detalhada e isso já supre o que seria o jornalismo literário. E não é bem assim. O jornalismo literário até passa por essas ferramentas, por esses instrumentos e por esses novos modelos de narração, mas ele não é só isso. Quando você vai fazer jornalismo literário, você tem que perceber que está fazendo jornalismo literário desde o início do processo, porque a sua apuração vai ser diferente, suas perguntas vão ser diferentes. Não adianta você fazer um monte de pergunta convencional e depois tentar extrair dali um jornalismo literário, colocando um monte de adjetivos na resposta ou na descrição física. Não. Você tem que tentar entender que aquela pessoa ali tem uma riqueza muito maior do que uma simples pauta pode sugerir, e você tem que entender isso na apuração. Mas querer forçar isso depois, e acontece muito, é um erro, porque o texto fica piegas, chato e não informa, e aí eu acredito que o jornalismo literário tem por um lado esse aprofundamento, é um jornalismo de aprofundamento, um jornalismo de checagem, muita checagem. Você pega aquela informação de uma fonte, você tem que checar aquela informação com 3 ou 4 fontes diferentes para ver se aquela informação é correta.  Os jornalistas literários fazem isso, não deixam só uma versão sair no seu texto  como se fosse a verdade absoluta. É um jornalismo que exige domínio de texto, não importa m qual mídia, não é só no impresso, no documentário precisa ter um domínio completo de texto, e ele precisa informar, ele não é uma obra estética, é jornalismo, precisa cumprir sua função de informar. Tem um livro muito interessante que alguns de vocês devem ter lido, chama-se Abusado, do Caco Barcellos, não sei se vocês já leram, se não leram vale muito a pena. É um livro-reportagem sobre um traficante do Rio de Janeiro chamado Marquinho VP, que era o dono do tráfico de drogas do morro Dona Marta e dominava também um pouco de Copacabana. O Caco Barcellos fica dois anos com esse cara, entrevistando ele várias vezes, entrevistando a família dele, o delegado que prendeu ele, o juiz que o julgou, os inimigos do tráfico dele, tudo isso para poder sair um perfil, de fato um livro-reportagem. O início do livro é a descrição de um tiroteio em que o Barcellos não estava, mas é como se ele estivesse. E como ele conseguiu isso? Ouvindo todos os que estavam no tiroteio. Então ele reconstruiu a cena, ele não criou a cena, ele não inventou o tiroteio, porque se ele fizesse isso, deixaria de ser jornalismo. E o livro começa eletrizante, ele vai dizer exatamente o que aconteceu, ele foi até o carro e contou quantos buracos de bala tinha, ele foi no lugar, conversou com todos os vizinhos que estavam no dia, e é claro que a memória engana também, trai. Uma vizinha diz uma coisa, a outra diz coisas diferentes. Ele precisa entender como é que se deu, pelo menos o mais próximo possível do fato, então o jornalista literário toma essas artimanhas da literatura, da ficção, reproduz uma cena que muitas vezes o jornalista não estava presente, não testemunhou, mas está informando. E alguém pode falar assim: ‘’nossa, mas ele não estava lá, como é que ele escreve?’’, se a gente só escrever aquilo que a gente vu, a gente não escreve nada. Se eu for pegar ali um acidente na Anhaguera, 4h30 da manhã, eu vou chegar lá e o acidente já vai ter acontecido. Como é que eu vou reportar esse acidente? Eu preciso conversar com pessoas que viram o que eu não vi. E é claro que o fato está ali, se foi um carro, uma bicicleta, uma moto, não vou dizer que caiu um avião na Anhaguera. Vou falar que tem um carro amassado, a cor e a posição do carro, quantas pessoas foram envolvidas no acidente. Dentro do jornalismo, agora, eu preciso recriar essa cena, porque eu preciso que o leitor entenda como tudo aconteceu. Então o tempo todo nós fazemos isso, só que a gente não percebe, é uma representação discursiva. O jornalismo literário aprofunda isso.


Fabiana Rodrigues: Você acha que pelo jornalismo literário hoje ser mais comum, inclusive pelo acesso a internet, vem passando por transformações ou as primeiras características aplicadas ainda permanecem?
Rogério: É... O jornalismo é uma metamorfose ambulante, em toda a sua história. A gente as vezes se assusta com o que acontecendo hoje, mas o que está acontecendo é absolutamente coerente com a historia do jornalismo. Ele só surgiu como é a partir de evoluções tecnológicas. Se o Gutenberg não tivesse inventado a prensa móvel, nós não teríamos jornalismo como temos hoje. E o jornalismo com todas as evoluções tecnológicas que aconteceram desde quando ele foi criado, há cerca de 450, 500 anos. Todas as evoluções tecnológicas foram incorporadas no jornalismo. O primeiro papel, a prensa em larga escala, a distribuição, depois a cor, a foto, o rádio, a TV, agora a internet. O que acontece é que todas as vezes que a gente tem uma mudança de paradigma no jornalismo, instala-se uma crise, como se instala em qualquer outra área, até que as coisas fiquem mais claras. A questão é que nós vivemos hoje uma revolução tecnológica só comparável com a revolução do final da Idade Média, talvez ela seja até maior, então é claro que o jornalismo está nesse turbilhão, ele como a medicina, como as várias outras áreas. O jornalismo literário também muda. É da essência do jornalismo mudar, não tenha duvida disso. E o interessante, é que hoje inclusive eu percebo uma volta de alguns modelos. A gente, quando vê, por exemplo, jornais de cara popularescos, isso é um modelo do final do século XIX, pra vender jornal. Quando a gente vê um programa de TV que não separa bem entretenimento de jornalismo, isso era uma característica do inicio da televisão, dos anos 50. Sabe quem foi a primeira apresentadora de telejornal da Globo? Quem vocês acham que foi? (Hebe, alguns respondem. Risos). Seria interessante, mas passa perto. O primeiro não era o Jornal Nacional, era um informativo. A primeira apresentadora da Globo foi a Nathalia Timberg , que é atriz. Porque naquela época não existia muito essa diferença, tinha essa confusão entre jornalismo e entretenimento, isso mudou, e agora a gente meio que volta.. Mas se você pensar, o Fantástico surgiu nos anos 80, já com essa ideia, a revista eletrônica. Então assim, o jornalismo literário muda também, não tem jeito, até as novas tecnologias possibilitam isso. Você fazer um documentário hoje é muito mais fácil, não que seja menos trabalhoso, tem uma diferença ai entre o que é trabalhoso e o que é fácil, continua sendo muito trabalhoso, mas você tem muito mais condições de fazer do que você tinha há 20 anos. Você compra uma câmera fotográfica, você tem uma filmadora de altíssima resolução, que você consegue filmar durante 2 horas sem parar e você faz. E a internet permite isso também, a linguagem da internet é um pouco mais sujinha você vê vários vídeos na internet, eles não precisam estar focados, absolutamente perfeitos tecnicamente, ainda mais pra jornalismo, a gente vê isso muito. Os flagrantes da internet, a gente viu na sexta feira, saiu no sábado os primeiros vídeos do atentado de Paris, o vídeo do inicio do massacre dentro da boate, a pessoa estava filmando o show, e de repente pá, pá, pá . Aquilo não interessa se tá escuro, se tremeu, se a câmera caiu, não interessa, jornalisticamente não interessa, o que interessa é o ataque. O documentário é um pouco isso, às vezes fica mais bem acabado, às vezes fica menos. O jornalismo literário, no documentário, por exemplo, ele consegue se mover ai nessa questão. Teve o documentário literário que a Globo News publicou ai faz pouco tempo, há duas semanas atrás, do Camarote dos 70 anos do Morte e vida Severina, ele percorreu todo o rio novamente, que é o rio Capiberibe, no Pernambuco, o João Cabral de Melo Neto fez o poema e ele já tinha feito essa matéria lá pro jornal impresso e agora fez pra TV. A equipe tinha 3 pessoas: tinha o motorista, o cinegrafista e ele. Quer dizer, é muito mais tranquilo. Agora muda, com certeza, isso é tudo é da natureza do jornalismo mudar. 



Bruna Martins: Aqui na PUC, nós temos o jornal Impressões, que é um jornal de laboratório, e você pesquisou e estudou outros jornais pra trazer uma reestruturação para o Impressões. O que ele tem de diferente dos outros jornais? 

Rogério Borges: Muita coisa. Primeiramente ele tem várias disciplinas fazendo. Geralmente nesses jornais de laboratório, tem uma disciplina que faz tudo. Então você chega em Edição Jornalística, no quarto, quinto, sexto período, depende do curso, aquela turma vai fazer o jornal de laboratório, só ela. Aqui não, aqui a gente fez algo meio maluco, que dá problema demais, mas que vale a pena mesmo com os problemas que dá, porque a gente consegue mobilizar três períodos diferentes, vão ser quatro períodos diferentes, a gente consegue mobilizar todos esses períodos pra fazer um único veiculo. O Impressões tem essa característica de muita multidisciplinaridade mesmo. Se você pegar Impressões matutino, que tem mais alunos, você chega a ter envolvimento de 120, 140 alunos é muita coisa. Nosso sonho é o seguinte, o Impressões papel se torne uma das produções, que a gente tem o Impressões online sendo abastecido, isso já começa a se desenhar, a gente já vai ter no próximo semestre o impressões online aparecendo, os do semestre passado a gente vai tentar colocar pelo menos no formato flip e os outros a gente vai conseguir colocar numa dinâmica de trabalho nesse sentido, mas a principal diferença é essa. E outra coisa, a única coisa que a gente define é a pauta mestre, o tema central, todos os outros temas, quem define são os alunos, então os alunos irão dizer o que vão falar no jornal. E eles irão escolher o que vai ser a capa, eles irão escolher quem vai ser entrevistado, quem vai escrever o artigo, então todos os alunos passam por todo esse processo. Eles editam, eles escrevem o texto, eles diagramam o jornal, eles tiram as fotos. Então tudo isso faz com que o Impressões seja muito multidisciplinar. Eu estava lá em Curitiba, ano passado, vendo os jornais de laboratórios, a gente deve ter visto uns 20 e tantos, não tinha nenhum com essa característica, tinha com outras características, com periodicidade menor. Aqui tem um por semestre, a gente quer diminuir essa periodicidade, ter dois por semestre. Lá tem gente que está com o curso mais consolidado, tem curso de jornalismo há 40 anos, por exemplo, que consegue fazer um jornal por mês, mas isso também foi todo um processo até chegarem ali, e bem menos complicado na logística. Então acho que essa é a principal característica das Impressões, essa multidisciplinaridade e esse envolvimento de todas as turmas para que possa ser feito um produto só.

Andreia Saturnino: Quais as mudanças do novo Projeto Pedagógico Curricular?

Rogério Borges: São muitas, muitas mesmo. Mesmo porque a gente tem novas diretrizes curriculares nacionais. As diretrizes curriculares nacionais, o MEC, depois de um debate que durou de 5 a 6 anos, estabeleceu que o curso de jornalismo precisa atender. É um documento de 20 páginas com o que os cursos de jornalismo do Brasil precisam atender. Quais são as habilidades, quais são as competências que o aluno precisa ter, o que precisa contemplar na grade curricular, como devem ser os laboratórios. Então a gente tem várias mudanças por conta disso, e aliado a isso outras duas mudanças fortes, que é a fundação das escolas de comunicação; então a gente tem que estar no mesmo compasso que o curdo de publicidade e propaganda. Só que a gente acaba saindo um pouco a frente deles, porque eles ainda não aprovaram as DCN’S. A gente podia esperar pela aprovação deles, que vai sair daqui uns 4 ou 5 anos, então a gente precisou tomar um pouco a frente deles. E a questão da pesquisa é outra variante muito forte nesse novo PPC. Então assim, o novo PPC tem disciplinas novas, mudanças nas antigas, tem uma aposta maior na convergência, nos laboratórios multidisciplinares, no empreendedorismo que também é algo forte no jornalismo hoje. A discussão ética é algo que permeia todas as disciplinas agora e a questão das novas tecnologias também. Então a gente tem disciplinas novas que abrem possibilidades de se abordar, por exemplo, durante o semestre a questão do jornalismo para mobile, ou então, o jornalismo nas redes sociais. Então a gente está tendo essa possibilidade. Agora, é claro, que isso é todo um processo de implantação que é gradativo. Você não pode simplesmente implantar o PPC no curso todo, você tem que ir desde o começo, o primeiro período, até o último. Isso é o que o MEC pede, porque se não você joga ali e vira uma confusão porque você não consegue se formar. Mas tem muita mudança.

Carla Thamyres: Como você avalia as críticas feitas pelo jornal Opção ao curso de jornalismo da PUC?

Rogério Borges:
Eu acho que não é só a PUC que tem um problema ai. Eu acho o seguinte, nenhuma instituição está isenta de crítica. Por que a PUC estaria? A única coisa que eu peço é isso que acabei de falar, que haja pertinência na crítica. Porque você faz uma matéria criticando a Casa do Estudante, você entrevista uma pessoa da casa do estudante. É bom que antes de você publicar uma matéria sobre a PUC, você ouça  a PUC. Isso é básico, mas muitas vezes não acontece. Eu mesmo fui objeto de crítica quando saí do Popular, saiu uma coluna e fizeram um estardalhaço danado. A pessoa me ligou e disse: ‘’olha, eu publiquei uma nota sobre você, eu queria que você lesse para ver se tá certo’’, ou seja, publica e depois checa. Essa é a minha crítica. Eu acho que a gente tem que ter mais responsabilidade. Não é proteger. Quer ver uma coisa que eles fizeram bem? Esse fim de semana, caiu uma criança na roda gigante do Flamboyant. Ninguém deu, quer dizer, deram, uma noitinha. E eles deram maior, fizeram uma análise sobre aquilo, mas ouviram o Flamboyant, e publicaram a nota. Está correto, você pode criticar o shopping, pode criticar a universidade, pode criticar o professor, não tem problema. O que não dá é pra jogar pedra na Geni. Isso não é jornalismo, é panfleto.  A gente tem visto na OAB que acontece a mesma coisa com o goveno. É que você não ouve o outro lado, isso é muito ruim. Ouvir o outro lado dá a oportunidade do outro se manifestar, é fundamental, é básico do jornalismo, é obvio. A gente teve um caso agora, para vocês verem que não acontece só com o Opção, com o Globo. Ele publicou uma nota, manchete, que falava que o delator tinha dito que tinha pago as contas do Lulinha, um dos presos do Lavajato. Deu a manchete no Alto Jardim, agora um mês depois o Globo coloca na capa que ele errou, o delator não disse isso. É um erro. Mas por que o erro aconteceu? Numa fanha de publicar, de não checar direito. É por isso que o erro aconteceu. Tem que tomar muito cuidado com isso. A minha crítica não é porque falou mal da PUC, não é mesmo. A minha crítica é porque não fez o básico, que seria ouvir todos os lados envolvidos no episódio.

João Morenno : Sobre o jornalismo literário, eu gostaria de saber quais são as principais características inerentes que o jornalista que tem que ter pra fazer esse tipo de jornalismo, e se todo jornalista pode escrever o jornalismo literário ou ele tem que ter essa característica a mais?

Rogério Borges : É, é ler muito, ter domínio de texto e planejar bem a pauta pra poder fazer o jornalismo literário. Todo jornalista pode, mas nem todo jornalista quer, nem todo jornalismo tem paciência, porque é um trabalho mais profundo, mais de formiguinha. Então isso é bastante importante. Tem gente que escreve melhor outras pessoas, ou porque leu muito antes, mais do que outra pessoa, ou porque tem uma característica mesmo, um dom. Às vezes até deixa de ser jornalista e vira um escritor mesmo, já tem vários casos nesse sentido. Estava até conversando sobre o Mario Vargas Llosa, que é jornalista, ele é político, e um grande escritor Nobel de literatura, tava conversando com uma amiga minha esses dias, acabei de ler um livro dele, e a gente comentou “ Como ele escreve bem né? Como que pode uma pessoa escrever 30 livros e os 30 serem bons? “. Porque tem muito escritor que é bom, que escreve 10 livros, mas 5 não valem nada, mas tem 5 que são maravilhosos, o escritor realmente é bom, tem 5 livros muito bons. Mas o Vargas Llosa tem 30 livros e os 30 são maravilhosos, então assim, esse cara tem um dom, mas ele é o ápice do ápice. Eu não vou me comparar ao Vargas Llosa pra fazer jornalismo literário, Deus me livre, ou o Garcia Marquez ( Gabriel Garcia Marquez ), era jornalista literário, então não dá. Mas se eu gosto de escrever, se eu gosto de ler sobre tudo, eu posso ser um bom jornalista, não só literário, um bom jornalista, antes da pessoa querer ser um jornalista literário ele tem que ser um bom jornalista, a pessoa tem que saber escrever uma noticia pra poder escrever uma grande reportagem, porque se não ela não vai identificar a informação, vai virar um texto sem nada, sem nenhum tipo de conteúdo

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