Doce tradição: Bolo de fubá lembra gosto de infância

Doce tradição: Bolo de fubá  lembra gosto de infância.         

Mês de julho. Todas as manhãs por volta das 8h a família está reunida em volta da mesa. Os parentes já chegaram do Goiás, os netos estudantes já estão de recesso, o café está quentinho, e o mais esperado está servido: o bolo de fubá.  Na casa da “Vovó Zica” é assim, o bolo é a atração principal.

No Brasil, o bolo de fubá é uma das nossas riquezas culinárias, sendo muito consumido na Bahia, Minas Gerais, Goias e no Tocantins. A tradição diz que o bolo de fubá nasceu na época da escravidão, quando os escravos moíam o fubá para fazer farinha e o misturavam com outros ingredientes para ter um bolo. Mas a verdade é que o bolo de fubá é mais antigo que essa tradição.

O primeiro bolo de fubá foi feito na Grécia para homenagear Artemir, a deusa da caça. Depois, o bolo chegou à Alemanha, e era servido para os camponeses.

Vovó Zica veio de uma família mineira e atualmente mora no Tocantins. Desde a infância ela traz consigo a doce tradição do bolo de fubá, que era feito sempre pela mãe dela. “Duas vezes na semana mamãe fazia o bolo de fubá pra gente; éramos oito irmãos e todos ficávamos em volta da mesa esperando terminar de assar. Antes do gosto,  já sentíamos o cheiro, e todos as vezes que faço e sinto o aroma, me vem a mesma lembrança”, acentua Dona Zica.

Mais do que o paladar, o bolo de fubá traz singelas recordações, e passam de geração em geração. “Mamãe morreu muito nova, com 42 anos; ficamos com papai e a falta daqueles momentos felizes me fez querer aprender cada uma das receitas que ela fazia pra gente. Mas nada comparava ao cheiro do bolinho saindo do forno, aprendi e repassei aos meus filhos e netos, que hoje sentem a mesma alegria”.

Todas as ferias, quando a familia está reunida, o prato principal no café da manhã é o bolo que é preparado com muito carinho pela Dona Zica. “É um momento especial, vejo os meus netos sorrindo, contando dos estudos, vejo meus filhos contando do trabalho e fico pensando que daqui a um tempo, quando não estiver mais aqui, eles irão se reunir e lembrar de mim, lembrar da época do bolo, essa tradição nunca vai acabar... “, diz.

Além de fazer parte das memórias e momentos da família, o bolo também é a ferramenta de trabalho de Edna, filha mais velha de D. Zica. Atualmente ela tem um restaurante na Tamborá (Agroindústria e comércio de pescados), localizado em Almas-TO. O restaurante funciona de segunda a sábado e atende todos os funcionários da empresa. Pela manhã, alem do pão tradicional, é servido também o bolo de fubá. Segundo Edna, o bolo é um sucesso: “Dizem que devemos trabalhar com o que gostamos não é? Eu amo cozinhar, e o bolo de fubá não poderia faltar no lanche da manhã. Os clientes adoram, e é umas das culinárias favoritas por aqui”, afirma Edna.

Na culinária brasileira o bolo de fubá é um dos pratos principais das festas juninas, que ocorre todo ano no mês de julho. A família Santana junta os poucos parentes que moram por perto e vão curtir esse momento juntos, pra aproveitar, é claro, a atração principal.

Solange, filha caçula de D. Zica, conta que hoje em dia o hábito de reunir a família e fazer um bolo ou outra culinária tem se perdido em meio a rotina corrida, “A tendência é substituir o alimento feito em casa por coisas prontas ou semiprontas. Cozinhar se tornou um ritual de ostentação, como dizem por aí, mas na casa da mãe Zica isso nunca acontece (risos)”, brinca.