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Fichamento - Telejornalismo de Qualidade Pressupostos Teórico

Por:   •  27/9/2019  •  Resenha  •  3.954 Palavras (16 Páginas)  •  160 Visualizações

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Telejornalismo de qualidade Pressupostos teórico- metodológicos para análise

GOMES, Itania M. M. . Telejornalismo de Qualidade. Pressupostos teórico-metodológicos para análise. E-Compós (Brasília), v. 6, p. 1-22, 2006. Disponível em: <http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/80/80>

Resumo

         O jornalismo se institui para Gomes (2006, p.4) como uma construção social por se desenvolver “numa formação econômica, social, cultural particular”. O telejornalismo se faz numa construção de ordem cultural e se configura como uma instituição social. Para analisar o jornalismo, precisa ser levado em consideração as premissas jornalísticas, a sua história no Brasil e o contexto específico de cada mídia onde é utilizada, e também, a relação da sociedade brasileira na aceitação e interpretação do jornalismo.
        Como instituição social, o jornalismo se configura nos parâmetros dos jornalistas, das instituições jornalísticas e nos receptores no processo de produção de sentido. (GOMES, 2006, p.6). No primeiro momento, Gomes traz para complementar a sua visão para a análise do telejornalismo as definições de Guerra no que diz respeito aos elementos para o percurso interpretativo na produção da notícia.  A análise para Guerra se fundamenta em dois tipos de técnicas: as técnicas cognitivas do processo, que se configuram à natureza do fazer, ao como fazer, e às circunstâncias do fazer; e as técnicas cognitivas de conteúdo, a interpretação dos fatos. (GOMES, 2006, p.6). As técnicas cognitivas do processo definem, respectivamente, o conceito do jornalismo na sociedade configurando-o como umas instituição social, diz respeito a competência durante o processo de produção da notícia, e as condições empíricas que o jornalismo está inserido e se realiza, a relação econômica, política, técnicas e sociais. Para Gomes (2006, p.6) “[...] é o modo como o jornalismo se configura como instituição social de certo tipo, numa dada sociedade, que regula o julgamento sobre a sua qualidade.” Já as técnicas cognitivas de conteúdo definem o objeto do processo de produção da notícia, relacionando o fato (conhecimento das áreas temáticas) aos indivíduos (conhecimento das expectativas dos receptores). (GUERRA, 2003, p.192,
apud GOMES, 2006, p.6). Dessa relação se evidencia a perspectiva comunicacional do jornalismo e define os valores-notícias para a sociedade num dado momento histórico. Os valores-notícia tem um caráter duplo por atender as expectativas da sociedade/receptores e pela responsabilidade social do jornalismo, que vão desde a noção de compromisso com o interesse público, os princípios para o fazer jornalístico, a liberdade de expressão e informação. (GOMES, 2006, p. 7).        
        Gomes aponta a distinção que Guerra faz dos valores-notícias: valores-notícias e valores-notícias de referência. O primeiro se caracterizam pelas expectativas da sociedade, e o segundo “são aqueles que orientam o fazer jornalístico de uma determinada organização jornalística, dizem respeito ao modo como uma organização compatibiliza as diretrizes institucionais com as demandas da sua audiência.” (GOMES, 2006, p.7). A relação dos elementos dos valores-notícias de referência implicam em dois tipos para Guerra, descritos por Gomes: a justificação dos valores-notícia de referência na expectativa da audiência e o interesse público, avaliando a qualidade jornalística do produto feito por determinada organização; e na implementação dos valores-notícia de referência pela organização jornalística, que busca a sua própria eficiência como organização. (GUERRA, 2003, p.192,
apud GOMES, 2006, p.7).
        Gomes observa então que é dentro desse modelo de jornalismo adotado pela sociedade que as noções de verdade e relevância entram como parâmetros de qualidade no telejornalismo. Essas noções configuram na confiança que a sociedade tem para com o jornalismo, “Essa confiança supõe a possibilidade de conhecimento verdadeiro e a capacidade de julgamento de relevância dos fatos e supõe também a credibilidade dos jornalistas e das organizações jornalísticas.” (GOMES, 2006, p. 8). Essa relevância, advindos dos parâmetros de qualidade jornalística, são os valores-notícias que indicam as expectativas de determinada sociedade em relação ao jornalismo. A autora salienta que “[...] os valores-notícia são socialmente construídos e devem ser analisados em referência à específica formação econômica, social, cultural em que ocorrem.” (GOMES, 2006, p.8).

         Caracterizado como instituição social, o jornalismo também é uma forma cultural sendo, mais especificamente, o telejornalismo uma forma específica de lidar com a informação. A notícia é discurso que configura o jornalismo com o sentido das noções de imparcialidade, objetividade, distinções entre fato e ficção, informação e entretenimento. Para descrever então a notícia televisiva, Gomes cita indiretamente Hartley, que acredita que o discurso utilizado é estruturado pelos discursos amplos da televisão. "A notícia seja ela ouvida no rádio, lida nos jornais ou vista na televisão, ganha muito de sua configuração das características do próprio meio no qual ela aparece (Ibidem, pg. 5).” (GOMES, 2006, p.9, apud HARTLEY, 1991, p.5). Por isso, para a autora, é importante analisar as configurações da notícia como gênero discursivo em relação das características inerentes na notícia quando é elaborada para ser transmitida na televisão.
        Gomes emprega a visão de Raymond Williams (1997, p.44-49) para entender "a forma cultural que a notícia assume na televisão" através do que Williams analisa como quatro aspectos: sequência, prioridade, apresentação pessoal e visualização. Para a sequência, se entende sobre a estrutura de modo linear do telejornal que tem efeitos sobre a prioridade de organização editorial das notícias. A presença visual de um apresentador é, também, importante para configuração da notícia televisiva por afetar a situação comunicativa, mesmo sendo apenas leitura ou como comentários. (GOMES, 2006, p.9-10). É a imagem a principal qualidade da televisão que complementa a notícia, diferente da notícia impressa e radiofônica que não detém da imagem, que alterou o conteúdo e a forma da notícia na TV. Para a autora, "A imagem alterou os processos de seleção e de organização editorial das notícias, a ponto de que algumas notícias ganham prioridade na estrutura do programa porque são acompanhadas das imagens." (GOMES, 2006, p.10). Então aponta para a distinção que Williams observou do uso das imagens pelas TVs britânicas e estadunidenses: os telejornais britânicos usavam bastante as imagens de um acontecimento, e no telejornal estadunidense a principal experiência visual era dos apresentadores (Williams distinguindo assim como visual radio). (GOMES, 2006, p. 10,
apud WILLIAMS, 1997, p.49).
        Acompanhando o pensamento de Klaus Bruhn Jensen (1986, p.50), estabelece que o gênero é uma forma cultural que apresenta a realidade social em uma perspectiva própria, e isso cria uma situação comunicativa entre emissor e destinatário. Jensen propõe que a definição da notícia como discurso leve em consideração três aspectos: a posição, o assunto adequado e o modo de composição formal. A posição enfatiza que o texto tem sempre uma comunicação socialmente situada, o tema apropriado no gênero notícia deriva da noção de esfera pública e a separação das esferas sociais, e para Hartley (2001, p. 38-39) sendo categorizados os acontecimentos (editorias), um quadro conceitual para que os eventos sejam interpretados e um dos mecanismos de controle da produção de sentido nos telejornais. O modo de composição formal da notícia é a sua composição e características diretamente acessível para análise como crê Jensen (1986, p.51). Esses três elementos podem ser compreendidos, segundo Jensen, a partir dos aspectos de notícia como forma de conhecimento, como comunicação, os critérios de noticiabilidade e a estrutura da notícia. (GOMES, 2006, p.11).

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