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O Caso Dandara

Por:   •  21/5/2018  •  Seminário  •  2.506 Palavras (11 Páginas)  •  162 Visualizações

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O CASO DANDARA

A repercussão sobre o crime cometido contra Dandara começou no dia 03 de março de 2017, dezesseis dias após o assassinato, quando ocorreu a postagem e certo grau de viralização de um vídeo que mostra parte das agressões. Tal vídeo foi produzido pelo celular de um dos oito agressores, tem um minuto e vinte segundos de duração, e foi assistido e compartilhado nas redes sociais. Acreditamos que a motivação desse crime foi o preconceito e a intolerância, pelo fato de Dandara dos Santos ser uma travesti.

O vídeo[a] mostra Dandara sentada no chão, no meio da rua em frente a uma casa com muros de cor laranja, machucada e com sangue escorrendo pelo rosto. Ela tenta levantar, mas não tem forças. No vídeo, ela pede para que não batam mais nela, porém os agressores continuam dando pauladas e chutes. Um dos agressores a ridiculariza pelo fato dela estar usando calcinha. Ela pede socorro, mas ninguém se manifesta.

Nos momentos finais do vídeo ela é jogada dentro de um carrinho de mão e levada para outro local que não aparece na gravação. Tudo aconteceu à luz do sol e moradores que passavam por aquela rua do bairro Bom Jardim não fizeram nada para impedir. No vídeo ela ainda estava viva, mas de acordo com relatos dos moradores e laudo oficial da investigação feita pela Polícia Militar do Ceará, ela foi levada para um beco onde foi apedrejada e depois executada a tiros.

Apenas depois da repercussão do vídeo na internet a mídia começou a abordar o caso. Primeiro as mídias digitais, no próprio dia 03 de março de 2017; depois a mídia televisiva local, o jornal CETV apresentou uma matéria na sua segunda edição, no dia 04 de março de 2017; e mais tarde a mídia televisiva de alcance nacional, a Rede Globo, por exemplo, veio a abordar o caso no programa Profissão Repórter apenas no dia 26 de abril de 2017.

A história da cearense é parecida com a de milhares de travestis e transexuais que são mortas no Brasil, país que mais mata travestis no mundo. De acordo com o Mapa dos assassinatos da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (ANTRA), no ano de 2017, foram registrados 179 assassinatos. E em 2018 até maio, mês de produção desse artigo foram mapeadas 66 mortes somando os estados do Brasil, exceto Tocantins, Amapá, Roraima, Acre, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina que ainda não possuem registro de assassinato até o momento, pois no ano de 2017 há ocorrência de assassinatos de travestis em todos os estados brasileiros.

 A associação estima que o número é maior pelo fato de muitos desses assassinatos não serem contabilizados e os boletins de ocorrência das delegacias não serem preenchidos com base na orientação sexual ou identidade de gênero. Infelizmente acredita-se que esse número vai crescer ao decorrer do ano.

 A expectativa de vida de travestis e transexuais não passa dos 35 anos de idade, menos da metade da expectativa da população brasileira, que é de 75 anos.  Elas são mais vitimizadas do que homossexuais não transgêneros.

Em 2017 a Polícia Militar do Ceará promoveu uma ação perante o caso dois dias depois da divulgação do vídeo e 18 dias após a morte de Dandara. No ano do assassinato foram presos sete dos oito envolvidos e mesmo assim a polícia foi criticada nas redes sociais.

E foi na madrugada do dia 6 de abril de 2018,  um ano e dois meses após o assassinato que cinco dos oito envolvidos foram julgados e condenados. Mas as condenações foram individuais, variando de acordo com a participação de cada um no crime. Todos eles foram condenados por crime triplamente qualificado, sem chance de defesa da vítima, motivo torpe e crueldade. Dois assassinos ainda estão foragidos.

REPERCUSSÃO DO CASO

No Facebook

A primeira menção ao caso foi em um grupo chamado LDRV6 ( LDRV é um grupo secreto no Facebook. Foi criado pelo pseudônimo baiano Kaerre Neto, no final de 2013. As silgas significam Lana Del Ray Vevo. Atualmente, o grupo é denominado “Lust for LDRV” e conta com quase 952 mil membros)[b], no dia 3 de março de 2017, exatamente 16 dias após a data do crime.

A publicação foi feita por um membro do grupo LDRV, Daniel M. Mendes. Ele compartilhou um link de uma notícia do site NLucon7 ( Neto Lucon é um jornalista de 29 anos  conhecido por defender a causa trans. Há pelo menos 10 anos, ele utiliza de sua profissão para dar voz a grupos, pessoas e causas invisíveis.) . A manchete da matéria era "Após vídeo brutal vazar, polícia identifica acusados de matar travesti Dandara dos Santos em Fortaleza". Na notícia, o jornalista ressaltou o silenciamento da mídia, afirmando que o mesmo não divulgou nenhuma nota sobre o ocorrido. O membro do grupo ainda adicionou um comentário ao compartilhamento com os seguintes dizeres "Compartilhem esse absurdopara a indignação ser maior e coletiva. Até quando? Revoltante!". No mesmo dia, outro membro do grupo, Douglas Alves, compartilhou a mesma notícia. Em seu comentário, ele escreveu "Na cidade de vocês tem casos de homofobia? Na minha já morreram vários, e agora no Ceará esse caso brutal.". Ambos os posts receberam reações de tristeza e de raiva, que é a forma dos usuários mostrarem indignação.

No dia seguinte, 4 de março de (ano), membros do grupo LDRV continuaram mostrando sua indignação com o ocorrido. O membro Geer Souza fez uma publicação explicando o que houve com a travesti Dandara dos Santos. Breno Rodrigues compartilhou a notícia do site SuperPride. A manchete dizia "Vídeo de travesti sendo espancada até a morte por 5 homens em Fortaleza causa comoção na Internet". O membro do grupo ainda comentou que "é triste, mas precisa ser divulgado. Compartilhem!".

A partir do dia 06 de março de (ano), às publicações no grupo sobre o caso aumentaram. Os membros, em sua maioria, compartilhavam em suas postagens, matérias relacionadas ao ocorrido, de algumas mídias online, como G1 do Ceará e TNH1 de Maceió. O espancamento e morte de Dandara também ganhou destaque em dois jornais online estrangeiros, o New York Times, dos Estados Unidos, e o Daily Mail, da Inglaterra e, dois membros do grupo, Carlos Maurício e Lee Pontes, ainda compartilharam essas reportagens em suas publicações. Em todos esses posts, novamente, tiveram muitas reações de tristeza e de raiva.

No dia 9 de março, outro membro do grupo, Alicia Pietá, publicou uma imagem sobre o movimento LGBT que seria organizado no dia seguinte, lutando pela justiça a Dandara e contra a "LGBTfobia". No post, a Alicia ainda explica passo a passo do que será realizado durante a manifestação. E também relembra como Dandara foi morta. Ao contrário dos posts anteriores, este recebeu reações de curtir e de amei.

NAS MÍDIAS TELEVISIVAS

Para abordar sobre a repercussão do caso na mídia, foi definido como base de análise a mídia televisiva local e nacional. Para o alcance local, foi escolhido o jornal do Ceará, CETV 1ª e 2ª edição. Para a de alcance nacional, foi selecionado o Profissão Repórter. Ambos os programas pertencem a emissora rede Globo.

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