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A Finalidade da Ética: Felicidade

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Por:   •  11/5/2014  •  Trabalho acadêmico  •  3.982 Palavras (16 Páginas)  •  942 Visualizações

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A Finalidade da Ética: Felicidade

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco.

Se a felicidade é atividade conforme à virtude, será razoável que ela esteja também em concordância com a mais alta virtude; e essa será a do que existe de melhor em nós. Quer seja a razão, quer alguma outra coisa esse elemento que julgamos ser o nosso dirigente e guia natural, tomando a seu cargo as coisas nobres e divinas, e quer seja ele mesmo divino, quer apenas o elemento mais divino que existe em nós, sua atividade conforme à virtude que lhe é própria será a perfeita felicidade. Que essa atividade é contemplativa, já o dissemos anteriormente.

Ora, isto parece estar de acordo não só com o que muitas vezes asseveramos, mas também com a própria verdade. Porque, em primeiro lugar, essa atividade é a melhor (pois não só é a razão a melhor coisa que existe em nós, como os objetos da razão são os melhores dentre os objetos cognoscíveis); e, em segundo lugar, é a mais contínua do que qualquer outra atividade. E pensamos que a felicidade tem uma mistura de prazer, mas a atividade da sabedoria filosófica é reconhecidamente a mais aprazível das atividades virtuosas; pelo menos, julga-se que o seu cultivo oferece prazeres maravilhosos pela pureza e pela durabilidade, e é de supor que os que sabem passem o seu tempo de maneira mais aprazível do que os que indagam.

(...) E dir-se-ia, também que esse elemento (a razão) é próprio do homem, já que é a sua parte dominante e a melhor dentre as que o compõem. Seria estranho, pois, que não escolhesse a vida do seu próprio ser, mas a de outra coisa. E o que dissemos atrás tem aplicação aqui: o que é próprio de cada coisa é, por natureza, o que há de melhor e de aprazível para ela; e, assim, para o homem a vida conforme à razão, mais que qualquer outra coisa, é o homem. Donde se conclui que essa vida é também a mais feliz. (Coleção “Os Pensadores”: São Paulo, Abril Cultural, 1973. p. 428-430..)

O bem, dizem-nos, é a felicidade, que é uma atividade da alma. Aristóteles diz que Platão tinha razão ao dividir a alma em duas partes, uma racional e a outra irracional. A parte irracional, ele a divide em vegetativa (que é encontrada mesmo nas plantas), e apetitiva (que é encontrada em todos os animais). A parte apetitiva pode ser, em certo grau, racional, quando os bens que busca são tais que a razão os aprova. Isto é essencial para a descrição da virtude, pois a razão, em Aristóteles, é puramente contemplativa, e não conduz, sem a ajuda do apetite, a qualquer atividade prática.

Há duas espécies de virtude, intelectual e moral, correspondentes às duas partes da alma. As virtudes intelectuais procedem do ensino; as virtudes morais, do hábito. Compete ao legislador tornar os cidadãos bons, inculcando-lhes bons costumes. Tornamo-nos justos, executando atos justos, acontecendo o mesmo quanto às outras virtudes. Sendo obrigados a adquirir bons costumes, acabaremos, com o tempo, pensa Aristóteles, encontrando prazer em praticar boas ações.

Toda virtude é um meio entre dois extremos, cada um dos quais é um vício. Prova-se isso mediante o exame das várias virtudes. A coragem é um meio entre a covardia e a temeridade; a liberalidade, entre a prodigalidade e a mesquinhez; o amor-próprio, entre a vaidade e a humildade; a modéstia, entre a timidez e o descaramento.

“Um pai pode repudiar o filho, se este for um malvado, mas um filho não pode repudiar o pai, pois que lhe deve mais do que lhe seria possível restituir, principalmente a existência (1163b). nas relações desiguais, é justo, já que todos deveriam ser amados em proporção com o seu valor, que o inferior amasse mais o superior que o superior ao inferior: as esposas, os filhos, os súditos, deveriam amar mais aos esposos, aos pais e aos monarcas que estes a aqueles. Num bom casamento, “o homem governa de acordo com o seu valor, e nos assuntos em que um homem deve governar, mas os assuntos que competem às mulheres devem ser-lhes entregues” (1160b). Não deve intrometer-se na jurisdição delas; menos ainda, deverá ela imiscuir-se na dele, como, às vezes, acontece, quando ela é herdeira.”

O melhor indivíduo, segundo Aristóteles, deve ter amor próprio e não subestimar seus próprio méritos. Deve desprezar todo aquele que mereça ser desprezado (1124b).

Para Aristóteles, as virtudes são meios para um fim, isto é, a felicidade. “Sendo, pois, o fim o que desejamos, e o meio aquele que deliberamos e escolhemos, as ações referentes ao meio devem estar de acordo com a escolha e a voluntariedade. Ora, o exercício das virtudes está relacionado com os meios” (1113b). Mas há outro sentido de virtude no qual está incluído o fim da ação: “O bem humano é a atividade da alma de acordo com a virtude numa vida completa”(1098a). Poderíamos dizer que as virtudes intelectuais são fins, mas que as virtudes práticas são apenas meios.

Uma parte considerável da Ética trata da discussão da amizade, incluindo todas as relações que envolvem afeto. A amizade perfeita só é possível entre os bons, e é impossível ser-se amigo de muita gente. Não se deve ser amigo de uma pessoa de posição mais elevada do que a gente, a menos que ela seja também de virtude mais elevada, o que justificará o respeito que se lhe testemunhe. Vimos que, nas relações desiguais, tais como as de marido e mulher, ou pai e filho, o superior deve ser o mais amado. É impossível ser amigo de Deus, pois Ele não pode amar-nos. Aristóteles examina se um homem pode ser amigo de si mesmo, e chega à conclusão de que isso só será possível se se tratar de um homem bom: os mais, afirma ele, detestam, com freqüência, a si próprios. O homem bom deveria amar a si próprio, mas nobremente (1169a). Os amigos constituem um conforto no infortúnio, mas não se deveria torná-los infelizes procurando-se sua compaixão, como fazem as mulheres e os homens efeminados (1171b). Não é só no infortúnio que os amigos são desejáveis, pois o homem feliz precisa de amigos com quem compartilhar sua felicidade. “Ninguém escolheria o mundo todo sob a condição de estar só, já que o homem é uma criatura política, e faz parte de sua natureza viver na companhia dos demais” (1169b).

O prazer, para Aristóteles, é diferente da felicidade, embora não possa haver felicidade sem prazer. Há, para ele, três opiniões sobre o prazer: (1) que jamais é bom; (2) que, às vezes, é bom, mas quase sempre, mau; (3) que o prazer é bom, mas não é o melhor. Rejeita a primeira, baseado na afirmação de que o sofrimento é, sem dúvida, mau e, portanto, o prazer deve ser bom. Quanto a segunda, diz que é tolice

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