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A dominação está escondida por mensagem

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Por:   •  28/8/2014  •  Resenha  •  868 Palavras (4 Páginas)  •  170 Visualizações

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Dominação oculta pela mensagem

Por: Clóvis de Barros Filho

Clóvis de Barros Filho é professor de Ética da ECA/USP e Conferencista do Espaço Ética. www.espacoetica.com.br

Muitos jornalistas me perguntam, aflitos, sobre o futuro da informação nesta era da tecnologia. Blogs, fotologs e redes sociais começam a competir, em pé de igualdade, com os históricos meios de comunicação: TV, rádio e impressos. A divulgação e os inúmeros debates em torno do livro de Amauri Ribeiro Jr., A privataria tucana, feita na internet, nos chama atenção pelo simples fato de a grande mídia ter ignorado o livro e as denúncias.

Muitos comunicadores reclamaram que discussões ligadas à corrupção política e midiática não são divulgadas pelas mídias tradicionais, acabam retratadas de forma tendenciosa e opinativa, com textos emotivos e apresentação dos fatos que fogem à lógica canonizada pelo jornalismo acadêmico. Apesar de concordar com eles em relação à ruptura com os padrões consagrados da comunicação, discordo em classificar esses fenômenos sociais como “problemático”, “antiético” e “perigoso”.

O que está em xeque na nova discussão sobre a circulação de informações nas redes sociais é a forma como uma mensagem deve ser apresentada ao público.

A imprensa escrita marca simbolicamente os textos que expressam uma opinião (individual ou do jornal), apartando-os assim dos textos ditos “informativos”. Tanto o jornal O Estado de S. Pauloquanto o jornal Folha de S. Paulo, por exemplo, dedicam as páginas 2 e 3 do primeiro caderno para os artigos assinados e editoriais, respectivamente. Não bastando o nome da personalidade que redigiu o artigo, o jornal faz questão de destacar o rosto do autor, evidenciando a subjetividade, fazendo crer na objetividade do resto marcando a ruptura simbólica entre ambos. Do mesmo modo, o antigo jornal Gazeta Mercantil, histórico diário dedicado a temas econômicos, ilustrava os textos assinados com um “bico de pena” do rosto do autor, como no francês Le Monde. O noticiário “normal” é anônimo, sem faces, diferente do que é visto na web.

Surgem, assim, a partir de uma categorização dos discursos analisados, dois aspectos distintos da “objetividade aparente”: o primeiro refere-se à forma do produto midiático “informativo puro” em relação aos demais (“opinativo”, “interpretativo”, “publicitário”); o segundo diz respeito ao conteúdo temático do conjunto da produção midiática informativa.

A produção jornalística é, antes de tudo, um processo ininterrupto de formalização. A objetividade aparente da informação é consequência dessa “racionalização” que faz crer na economia da criação e do improviso. Toda objetivação, ao exibir publicamente algo que se sentia de forma confusa, produz o efeito consequente de “encobrir” não só quem objetivou, com que interesses e obedecendo a quais estratégias, mas também as condições sociais que permitiram a objetivação.

Sobre esse tema, o sociólogo Pierre Bourdieu descreveu o poder da técnica que utiliza “a forma, a formalização e o formalismo” não somente em função de sua eficácia específica, propriamente técnica, de esclarecimento e racionalização. Há uma eficácia propriamente simbólica da forma. A uma violência simbólica, cuja realização por excelência é sem dúvida a do campo jurídico, é uma violência que se exerce, poderíamos dizer, nas formas

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