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AGORA: Alexandria

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Por:   •  2/10/2014  •  Tese  •  1.274 Palavras (6 Páginas)  •  375 Visualizações

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ÁGORA: Alexandria

O contexto social vivido pela população de Alexandria do Egito, no final do século IV d.C, era de grande tensão causada pelas mudanças político-religiosas da época. No Império Romano havia diversos povos e culturas, como os pagãos, os judeus, e os cristãos. Os conflitos eram intensos, hostilidades entre as culturas cada vez mais se tornavam impetuosas, e a relativa tolerância religiosa de outrora acabou cedendo espaço para o radicalismo. Na praça (Ágora), aconteciam os conflitos e insultos religiosos, pois, na medida em que os cristãos condenavam os deuses pagãos, afirmando que os deuses se comportavam como humanos, porque comiam, bebiam e fornicavam, os pagãos ironizavam falando que os cristãos se tornaram arrogantes e intolerantes desde que foram admitidos pelo Império.

Nessa conjuntura de conflitos, de radicalismo, de intolerância, observa-se a ameaça do conhecimento científico-filosófico com a destruição, pelos cristãos, da biblioteca de Alexandria, que guardavam incontáveis pergaminhos que desvendavam o mistério da origem de nosso mundo, além de ser um símbolo religioso “pagão” importante, pois servia também como templo para culto às divindades das religiões politeístas greco-romanas. Tal destruição foi uma tragédia sem precedentes para a humanidade, pois a biblioteca reunia a maior parte do acervo da antiguidade, pois continha obras das mais diversas áreas, como: astrologia, alquimia, ciências exatas, literatura, história e muitos outros assuntos.

A teosofia, que é presente no filme, pode ser compreendida como um composto que condensa ao mesmo tempo aspectos filosóficos, religiosos e científicos. Na perspectiva filosófica busca explicar o plano de evolução das almas e dos corpos compreendidos em nosso sistema solar e a procura do entendimento e o questionamento do que se diz respeito ao homem, ao amor à sabedoria e ao amor à verdade. Na ótica religiosa, tem como premissa nunca procurar converter alguém, seja quais forem as suas crenças, mas procuram explicar o sentido mais real e profundo das religiões, ao contrário dos cristãos, que tinham como principal objetivo batizar cada vez mais pessoas, para que fossem convertidas ao cristianismo. No sentido cientifico ensina que o estudante da ciência da natureza e oculta ou sabe uma coisa ou suspende qualquer julgamento, e seu modo de ver não admite a fé cega; por isso que Hypátia ao ser convidada a aceitar fé cristã, se recusa, dizendo que se o indivíduo não questiona o que acredita, jamais se pode acreditar; e os cristãos eram alienados em uma fé cega, obsecada, irrestrita e total.

Então é neste encadeamento de grandes embates, que viveu Hypatia, uma mulher bela, filósofa, matemática, astrônoma e teosofista. Tinha um espírito destemido, uma professora intelectual, carismática, que foi capaz de se destacar num mundo em que o intelecto era propriedade masculina; dedicava-se a pensar o mundo das ideias em relação ao mundo físico, a investigar se a alma era una ou dividida, a partir de questões metafísicas. Um dos pensamentos que defendia é o de que o Universo é regido por leis e estas leis podem ser descritas pela linguagem matemática, como: o circulo, a elipse, a parábola e a hipérbole. Ao viajar para Atenas, se envolveu com o Movimento Neoplatônico, movimento este que era a síntese do Platonismo, Aristotelismo, Estoicismo e Pitagorismo, visando uma interpretação esotérica do paganismo grego clássico, incorporaram filosofia, teosofia, misticismo e teurgia (ocultismo elevado). Durante três séculos serviu como último bastião da sabedoria pagã e filosofia esotérica, num império cristão a cada vez mais hostil.

Hypátia, ao retornar de Atenas, assumiu a liderança da biblioteca de Alexandria, lá se empenhava na pesquisa e ciência, na busca infatigável de descobrir o funcionamento da órbita da terra, passando seus dias entre as aulas que ministrava e a procura de uma resposta para tal indagação. Na biblioteca de Alexandria, que era considerada por ela templo do saber, ensinava seus alunos, e utilizava os papiros que existia no acervo. O interessante é que ela não se prendia apenas a ministrar palestras sobre ciência e filosofia, mas também a assuntos municipais e políticos. Diferentemente das mulheres daquela época, recusava qualquer proposta de casamento ou de envolvimento amoroso, pois, se dedicava ao aprendizado e ao ensino, e segundo alguns estudiosos ela afirmava ter se casado com a verdade.

No templo, as aulas eram ministradas a cristãos, judeus e pagãos, e era abordado a importância das ciências, que era naquele momento, fonte de excitação intelectual no prestígio dos debates filosóficos. A educação neste período era como um instrumento de ascensão social, pois permitia que alguns, inclusive escravos, se tornassem auxiliares de seus mestres no processo educacional, principalmente na literatura e na matemática. E isso fazia com que muitos tivessem prestígio social.

Neste ambiente mesclado com diferentes culturas, que os conflitos entre fé e razão (ciência) se fizeram presente, pois, para os pagãos o mundo natural ou cosmos era a fonte da lei, da ordem e da harmonia, entendendo com isso que o homem faz parte de uma organização determinada sem a qual ele não se reconhece e é através da razão que se dá tal reconhecimento.

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