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Adorno

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Por:   •  14/11/2013  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.131 Palavras (13 Páginas)  •  360 Visualizações

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Há uma espécie de "oposição" entre dialética e ideologia. "Dialética significa intransigência contra toda e qualquer reificação." É isto que é posto à prova em cada um dos ensaios. Se tomarmos o ensaio "Crítica Cultural e Sociedade", podemos notar que o próprio movimento do texto é ordenado pela dialética. A crítica cultural é, de início, negada. Mas a negação não é o término do seu movimento. Paralisada pela negação, a ela só resta a afirmação inconsequente, o sim ao mundo dos valores culturais, e aí ela estaca. A cultura é negada como falsa cultura, como cultura de massa, como indústria cultural, como privilégio de poucos e ilusão de muitos. Assim, "a cultura torna-se crítica cultural". A sociedade é negada, a ela basta a reprodução de "categorias sociais preponderantes"; ao mesmo tempo, o indivíduo é reduzido a uma massa informe e uniforme. A liberdade, por sua vez, desenvolve apenas o seu "momento negativo". Daí a necessidade do "aguilhão da crítica", que se volta contra si mesma.

Adorno vai mostrando como a cultura é não-cultura, como a crítica é não-crítica, como a liberdade é não-liberdade e como a sociedade é não-sociedade: o que é se mostra como o que não-é. É nesse sentido estrito que se pode falar em "dialética". Assim se compreende o célebre passo "O todo é o inverdadeiro" que, aqui, aparece sob a forma "a ideologia, ou seja, a aparência socialmente necessária, é hoje a própria sociedade real". Já no texto sobre Schoenberg -"Arnold Schoenberg (1874-1951)"-, pode-se ler: "O todo, como algo positivo, não se deixa extrair antiteticamente, pela força e vontade do indivíduo, da realidade alienada e dividida. Para não degenerar em engodo e ideologia, o todo é chamado à negação". O método imanente busca exprimir o caráter negativo do seu objeto. Este momento negativo é o seu momento de verdade.

Posto isto, Adorno vai desdobrando, incansavelmente, a "dialética entre conceito e singularidade" ("Se o verdadeiro, como quer Hegel, é o todo, este somente é o verdadeiro quando a força do todo penetra inteiramente no conhecimento do particular"). Como se vê, estamos acompanhando a dialética do Iluminismo. "Kafka reage, no espírito do Iluminismo, a um retrocesso à mitologia." Há um momento do obscuro que permanece e que, tanto quanto entendo, é incorporado enquanto forma estética. Daí Adorno afirmar: "O humor de Kafka deseja reconciliar o mito através de uma espécie de mímica. Também nisto ele segue aquela tradição do Iluminismo que começa no mito homérico e vai até Hegel e Marx, nos quais o ato espontâneo, o ato da liberdade, se confunde com a realização da tendência objetiva. Desde então, entretanto, o peso da existência, estranho a toda relação com o sujeito, aumentou, e com ele a inverdade da utopia abstrata. Como há milhares de anos, Kafka procura a salvação pela incorporação da força do inimigo. O encanto da reificação deve ser quebrado, na medida em que o próprio sujeito se reifica". A reificação do sujeito é uma resposta à reificação da linguagem. Isto diz respeito à passagem de Hofmannsthal a Kafka, que permanece cifrada. É Benjamin -ele mesmo tema de um dos ensaios, "Caracterização de Walter Benjamin"- quem, em uma carta a Adorno a respeito do texto sobre George e Hofmannsthal ("George e Hofmannsthal - Correspondência: 1891-1906"), aponta o nexo de continuidade entre os dois: a incapacidade de linguagem que aparecia em Hofmannsthal, e que Adorno aponta em seu texto ("a linguagem não mais permite dizer o que foi objeto da experiência"), teria sido a tarefa que, incapaz de resolvê-la, Hofmannsthal legou a Kafka.

Considerações acerca da chamada Indústria Cultural e significados de sua “ação”

no “tempo livre”

O conceito de indústria cultural foi cunhado pela primeira vez, por Adorno e Horkheimer, em Dialética do Esclarecimento - trabalho publicado em fins da década de 1940 -, mais especificamente no capítulo A Indústria Cultural: O esclarecimento como mistificação das massas.

Para analisar esse texto, é preciso ter em vista um ponto fundamental de Dialética do Esclarecimento. Em busca de uma resposta ao porque de a humanidade manifestar cada vez mais sintomas de barbárie, Horkheimer e Adorno elaboraram uma crítica à racionalização, que teria libertado o homem dos poderes míticos da natureza por meio da filosofia e da ciência, culminando numa sociedade dita esclarecida. Os autores chegam à conclusão de que essa sociedade não é de fato esclarecida. A ciência teria gerado cada vez mais tecnologia, que, por sua vez, seria responsável por uma dominação inconsciente do homem.

Para Adorno e Horkheimer (1985), a sociedade é ainda mítica, porém o mito está recalcado, excluído inconscientemente. O que querem dizer é que a tecnologia cria o mito do progresso, no qual o homem acredita que domina a natureza, porém, esse progresso acarreta em problemas que não consegue resolver. Seria um comportamento auto-destrutivo. A sociedade do progresso tecnológico domina o homem, inconscientemente, e essa dominação gera barbárie.

O termo Indústria Cultural denuncia na cultura o que antes era arte e agora técnica, produzida como mercadoria. Refere-se também à difusão de produtos culturais a nível comercial e autoritário, como forma de adaptar as massas às mercadorias. A ideologia da Indústria Cultural seria dominação por meio da disseminação de produtos padronizados, destinados ao consumo das massas, como se tivessem que satisfazer necessidades iguais. Essa padronização, aceita sem resistência, culminaria na falta de autonomia dos indivíduos, e na sua dominação inconsciente. A Indústria Cultural seria a destruição da capacidade crítica da obra de arte, dominando assim os indivíduos. É bom atentar para a explicação de Alexandre Vaz:

Quando Horkheimer e Adorno empregaram pela primeira vez a expressão indústria cultural, nos anos quarenta do século passado, em um dos livros mais importantes do pensamento contemporâneo – o conjunto de fragmentos filosóficos que compõe a Dialética do esclarecimento –, pretendiam esclarecer uma possível confusão. Disse Adorno, anos mais tarde, que não utilizaram o termo cultura de massas, já então bastante empregado, porque não queriam que o objeto a que se dedicavam fosse confundido com a cultura popular. Não se referiam, portanto, a uma cultura que vem das massas, mas, essencialmente, a um conjunto de artefatos produzido para as massas consumidoras. Tinham em mente o cinema, o rádio, as revistas ilustradas,

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