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Afetos em Spinoza

Por:   •  2/7/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.340 Palavras (10 Páginas)  •  266 Visualizações

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Universidade Federal Fluminense

Departamento de Filosofia

Professor Luis Antonio Ribeiro

Disciplina Tópicos de Filosofia VIII

Aluno autor do trabalho: Amaury Pacheco coelho Junior

Matricula 214058118 – Curso Licenciatura em Filosofia

Spinoza – livros I, II e III da Ética –  resumo.

Prefácio.

        A filosofia de Spinoza é, para mim, uma terapia da mente. Muito em mim se modificou pra melhor, foi afetado e recebi marcas impressionantes desse feliz encontro com o pensamento Spinozista. Não tem como ser o mesmo após a leitura em Spinoza, mesmo que superficialmente. Seus escritos geométricos, apesar da “frieza” matemática, são um método para a possibilidade de uma melhor compreensão e integração do homem com a Natureza, o qual ele é parte integrante, e a de um homem com a capacidade de aumentar sua potencia de viver no mundo e promover uma sociedade compartilhada entre homens mais felizes.

Neste resumo me proponho a explicar, brevemente, a questão de Deus, da mente e dos afetos no pensamento do filósofo racionalista holandês do século XVII, Baruch de Spinoza ou Benedito de Spinoza, como preferiu ser chamado após receber o Chérem (equivalente hebraico a excomunhão católica) da Sinagoga portuguesa em Amsterdam.

        Sua expulsão se deu pelos seus postulados a respeito de Deus em sua obra, defendendo a tese de que Deus não é esse deus transcendente descrito nos escritos sagrados, mas sim, uma substância imanente à natureza e que, portanto, para ele, Deus e Natureza são a mesma coisa, conforme explicado no livro I de sua obra “Ética”.

Deus.

        Iniciarei com a definição de nº 6 do livro I, e nela Spinoza dirá: “Por Deus compreendo um ente absolutamente infinito, isto é, uma substância que consiste de infinitos atributos, cada um dos quais exprime uma essência eterna e infinita.”

Deus ou Natureza ou substância, para Spinoza, é um produtor e não um criador, como pensa a religião e a filosofia tradicional ocidental. Para Spinoza, o que há realmente é um processo de produção de infinitos modos ou entes, pela Natureza, através de seus infinitos atributos, que para nós humanos, só conseguimos perceber dois desses infinitos tipos de modos, o modo corpo e o modo alma ou mente.

É interessante a maneira como Spinoza considera a relação entre alma e corpo no seu tempo. Ao contrário de Descartes que pensa o homem como uma substância, encerrada em si mesma, formada pela união de duas outras substâncias – corpo e alma, o que seria, do ponto de vista lógico, uma contradição, Spinoza pensa o homem e outros existentes, sem mistério e sem artifício,  como dois modos de dois atributos: o modo corpo,  produzido pelo atributo extensão e o modo alma ou mente, pelo atributo pensamento, que coexistem em nós, paralelamente, produzidos por uma substância eterna e absolutamente infinita, a Natureza ou Deus. Desta forma, Deus produz tudo quando existe e tudo quanto existe são partes de Deus.

Segundo Spinoza, só pode haver uma só substância, conforme demonstração da proposição 14 do livro I: “Como Deus é um ente absolutamente infinito, do qual nenhum atributo que exprima a essência de uma substância pode ser negado (pela def. 6), e como ele existe necessariamente (pela prop. 11), se existisse alguma substância além de Deus, ela deveria ser explicada por algum atributo de Deus e existiriam, assim, duas substâncias de mesmo atributo o que (pela prop. 5) é absurdo. Portanto, não pode existir e, consequentemente, tampouco pode ser concebida, nenhuma substância além de Deus. Pois, se pudesse ser concebida, ela deveria necessariamente ser concebida como existente. Mas isso (pela primeira parte desta demonstração) é absurdo. Logo, além de Deus, não pode existir nem ser concebida nenhuma substância”.

A origem e a natureza da mente.

Naturalmente, quando falamos a respeito da mente em Spinoza, trata-se de alguma coisa que está presente em tudo quanto existe. Não é um privilégio nem do homem, nem dos vivos. No entanto, no livro II, Spinoza parece estar diretamente focado às questões da mente humana, conforme podemos analisar no prefácio do livro: “Passo agora a explicar aquelas coisas que deveram seguir-se necessariamente da essência de Deus, ou seja, da essência do ente eterno e infinito. Embora tenhamos demonstrado na prop. 16 do livro I, que dela devem se seguir infinitas coisas, de infinitas maneiras, não explicarei, na verdade, todas, mas apenas aquelas que possam nos conduzir, como que pela mão, ao conhecimento da mente humana e de sua beatitude suprema”.

        Ao tratar da mente humana, Spinoza vai tratar também do conhecimento. Apesar de, neste livro, estarmos objetivando o estudo da mente humana, os mesmos princípios apresentados aqui para a mente humana, servirão também para compreender qualquer mente de qualquer existente. Sabemos, já explicado acima, que a potência de Deus de produzir corpos chama-se atributo de extensão e de produzir ideias, chama-se atributo de pensamento.

        Para Spinoza, a mente humana é uma ideia, logo a mente é um modo do atributo pensamento, assim como a ideia é um conceito da mente, conforme explicitado na definição 3 do livro II: “Por ideia compreendo um conceito da mente, que a mente forma porque é uma coisa pensante”.  E Spinoza dirá na explicação desta definição que usa a palavra “conceito” em vez de “percepção”, porque “percepção” indica certa passividade da mente em relação ao objeto e a palavra “conceito”,  exprime uma  ação.

        Neste ponto explicitarei o paralelismo em Spinoza, que consiste na ordem paralela do corpo e da mente. A mente humana é ligada ao corpo, e de tudo que acontece com o corpo nos encontros ou afecções, ela terá uma ideia correspondente. Para Spinoza, encontros ou afecções são toda sorte de acontecimentos entre os corpos dos existentes, causadores de efeitos uns nos outros. Como a mente reproduz a ideia das afecções dos corpos, será ela, então, a consciência dos constrangimentos inerentes aos corpos afetados por outros corpos ou mesmo por partes do próprio corpo. Esta consciência é o conhecimento de primeira geração, um conhecimento chamado “imaginário”, que é obtido através dos encontros dos corpos na existência. A ordem e a conexão das ideias na mente estão relacionadas com as  do corpo. Além de consciência do corpo, a mente é consciênica de si própria, pois uma vez o corpo afetado por um ou mais corpos, a mente recordará imediatamente daquele corpo ou corpos. Assim, o corpo constitui o objeto da mente, pois é da natureza da mente estar ligada a ele na atividade de pensá-lo.

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