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Agostinho e sua ética do amor como caminho para a felicidade

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Por:   •  29/9/2013  •  Artigo  •  1.122 Palavras (5 Páginas)  •  1.623 Visualizações

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Agostinho e sua ética do amor como caminho para a felicidade

Agostinho (354 a 430) nunca escreveu um tratado sobre Ética, mas esteve sempre atento a todas as grandes questões de seu tempo. Dentre elas, destaca-se o fato de que o cristianismo pouco-a-pouco foi deixando de ser uma religião marginal, e muitos no próprio estado romano passaram a ver possibilidades de instrumentação ideológica desta religião. O imperador Teodósio em 380 torna o cristianismo uma religião lícita, sendo ele próprio um de seus adeptos. Por todo o império ocorrem conversões – boa parte delas motivadas apenas pela nova conjuntura de um imperador cristão, mas também o próprio cristianismo está profundamente marcado por divisões internas, comumente chamadas de heresias. É desta época as disputas com o Pelagianismo, com o Arianismo e o Donatismo.

Agostinho viveu a maior parte de sua vida como religioso cristão, numa cidade portuária e pôde acompanhar além do movimento das idéias, as angústias e as contradições de seu tempo. O império romano, em sua época, passava por uma profunda crise que atingiu sua própria estrutura de poder: dividiu-se em dois – oriental e ocidental, a corrupção no estado era notoriamente conhecida e externamente aumentaram as pressões dos chamados povos bárbaros. O culto ao imperador perdeu sua função com Teodósio, pois a religiosidade tradicional não oferecia respostas que fossem suficientes para manter o moral e assegurar a fidelidade dos soldados e cidadãos à ordem vigente. É neste contexto que o cristianismo aparece como uma alternativa real de poder simbólico e político, capaz de reorganizar o próprio império.

Agostinho era um homem de seu tempo, e como não poderia deixar de ser, também buscava o sentido profundo de todas as coisas. É nesta perspectiva que em sua jornada surgiu a busca por Deus, já que ele acreditava que nele residiriam as respostas para todas as questões humanas. Em sua obra Cidade de Deus, ele apontou claramente a conexão entre seu pensamento e o Platonismo: “Platão estabeleceu que o fim do bem é viver de acordo com a virtude, o que pode conseguir apenas quem conhece e imita a Deus e que tal é a única fonte de sua felicidade.” (Civ, VIII, 8)

É tributária do pensamento grego a preocupação de Agostinho com a moral centrada na prática das virtudes. Mas para ele, as virtudes não poderiam resumir-se àquelas que foram formuladas pelos gregos, pois o que dinamiza a vida humana é o permanente anseio pela verdade e pela felicidade. Em resposta a estas buscas, Agostinho apontou o caminho das virtudes teologais (fé, esperança e caridade), uma relação permanente entre o princípio de tudo (Deus) e a alma humana.

É na relação entre a realidade, sempre precária e parcial, e o princípio para o qual tendem todas as criaturas, isto é para seu Criador, que Agostinho faz sua aplicação da dialética platônica. O que vivemos em nossa realidade cotidiana é um arremedo do que verdadeiramente existe. A cidade dos homens em sua permanente incompletude e erros – daí a importância da noção de pecado original -, nos remete em nossa busca espiritual pelo bem e a felicidade, ao encontro com Deus.

Na realidade terrena em que vivemos, sempre precisamos discernir o que é perene do que é provisório, aproximarmo-nos do verdadeiro e evitar o engano. Enfim, é preciso estabelecer uma relação ética com o mundo que nos cerca. Segundo Pegoraro (2006, p. 67/8), essa ética agostiniana pode ser compreendida a partir de dois termos latinos: uti et frui:

“Nestes dois termos latinos, Agostinho resume sua ética e moral cristã: frui, fruir (do latim, fuor, gozar e alegrar-se) e uti, usar (do latim, uto, servir-se e usar)...Como moralmente só podemos fruir e gozar dos bens eternos, e só neles nos alegrar, em relação às realidades terrestres, só nos cabe utilizá-las (sem frui-las), para que nos ajudem a procurar a alegria e o gozo eterno.”

A conseqüência inevitável dessa compreensão da realidade dividida em dois princípios irreconciliáveis (fluir x usar), marca a concepção ética de Agostinho e lhe dá um horizonte

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