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Convite A Filosofia

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Por:   •  25/4/2014  •  9.991 Palavras (40 Páginas)  •  320 Visualizações

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FILOSOFIA

DA

RELIGIÃO

CAPITULO I - INTRODUÇÃO GERAL À FILOSOFIA DA RELIGIÃO

Numa introdução à filosofia da religião importa chegar a defini-Ia claramente e dispor didaticamente as suas partes principais, com os respectivos capítulos a serem examinados. Quer sobre a definição da filosofia da religião, quer sobre sua divisão, importam algumas digressões, que podem esclarecer obscuridades e ajudar o desenvolvimento sistemático do assunto.

I - Buscando uma definição de filosofia da religião:

A filosofia trata de todos os temas que reclamam um esclarecimento que dependem de ponderações puramente racionais. Ela não inclui as questões de ordem científica, ou seja, das ciências positivas, as quais são decididas por verificação experimental. Não obstante, a filosofia deve respeitar os fatos e estar então alinhada com as referidas ciências.

É um tema tipicamente filosófico discutir o sentido da realidade em geral, quando se ergue à questão da existência de Deus e do seu culto. Trata, pois a filosofia da religião do sentido da realidade em geral, tendo por objeto específico à questão da existência de Deus e do seu culto.

A filosofia oferece conceitos em função dos quais é possível julgar a religião vigente, aquela acontecida através da história. A partir deste saber, desenvolvido criticamente, a religião poderá crescer, - da dignidade que já tem, - para níveis crescentemente mais elevados. Muitos já abandonaram a forma culturalmente primária das religiões vindas do passado, sem contudo deixarem de apreciar as questões que de maneira válida se erguem a respeito da realidade global.

Geralmente os indivíduos que promovem a religião se caracterizam como pessoas bem intencionadas e diligentes, e não como filósofos perscrutadores da verdade. Por isso ocorre um descompasso entre a religião cultural efetivamente praticada e a filosofia da religião. Os que sabem menos costumam ser os guias religiosos das grandes massas piedosas, e costumam chamar de heréticos aos que sabem mais.

2 - Religião sobrenatural:

Quando uma religião se funda em revelações, que os visionários e similares dizem ditadas a eles por Deus, ela já não é tema direto da filosofia, porque suas provas dependem da constatação factual Mas, em princípio, a religião sobrenatural tem de estar coerente com os fundamentos filosóficos da mesma religião e deve provar o fato de sua revelação com rigor científico. Em outras palavras, à religião sobrenatural importa uma argumentação epistemológica bem conduzida. Eis o que não se parece claro na religião sobrenatural, até porque se apresenta com uma variedade verdadeiramente anárquica.

Por causa da anarquia geral acontecida no campo das religiões, quer do ponto de vista filosófico, quer do ponto de vista da ciência, a religião aparenta ser algo, sobretudo do atraso cultural dos simples. Entretanto, não é assim, Efetivamente, a religião é sobretudo, própria do sábio, porque ele encara a realidade geral, e sobre ela procura tomar uma posição.

3 - Doutrinação e proselitismo religioso:

O verdadeiro mestre propõe, mas não impõe. Os discípulos ouvem as razões pró e contra, com vistas a atingirem eles mesmos uma conclusão, Nesta interação consiste a correta maneira de exercer o ensino, seja na escola e na universidade, seja inclusive nos templos. Todavia não é o que sempre acontece, Com freqüência, a religião se torna tema somente de doutrinação e proselitismo. Já supõe a doutrinação e o proselitismo uma posição tomada, a qual eventualmente poderá ser verdadeira, mas também falsa.

O doutrinador, que faz proselitismo, não mais se propõe a rever sua posição; convencido de uma doutrina, a propaga, com vistas a obter prosélitos, Ele interpreta a si mesmo como apóstolo de uma verdade. Quando pesquisa, apenas procura novas provas para esta sua verdade. Quando discute, não mais busca a verdade, mas quer apenas refutar seus adversários.

Doutrina (do latim docere = ensinar) pressupõe uma posição tomada, por parte de quem ensina. O doutrinador, porém, visa linearmente convencer aos ouvintes sobre uma doutrina feita. É apenas um veículo de algo, que nem ele mesmo pode alterar, senão renunciando à tarefa inicialmente proposta, Esta é praticamente a condição da maioria dos pregadores das religiões tradicionais: pregam uma doutrina sem reflexão, para a qual não contribuem senão como veículo da mesma.

O proselitismo do grego prosélito (= aderente) consiste em conquistar aderentes de uma doutrina feita e não em um trabalho de puro desenvolvimento dos conhecimentos sobre a religião. O proselitismo não se ocupa diretamente do desenvolvimento da pesquisa religiosa mas da propagação de doutrina feita, ou seja, de uma ideologia.

A prática do proselitismo, de que falam os livros bíblicos do Novo Testamento (escritos em grego), era peculiar aos judeus, que saíam pelo mundo helênico-romano com visitas a pregar aos mesmos judeus e também aos pagãos para convertê-las ao judaísmo. Prosélitos se dizia principalmente dos pagãos conversos ao judaísmo, e depois também ao cristianismo. Imitando o habito proselitista judeu, os primeiros cristãos também se entregaram ao proselitismo, e tiveram mais sucesso com sua tarefa missionária.

Os fariseus exigiam dos pagãos conversos até mesmo a circuncisão (corte do prepúcio do pênis); os cristãos não demoraram em dispensar este corte doloroso, tomando sua doutrina mais aceitável e adequada ao proselitismo. Por esta e outras razões ganharam os cristãos a corrida proselitista, deixando para trás aos fariseus.

Efetivamente os pesquisadores mais sérios têm sido aqueles que recuam diante das respostas fáceis, e preferem à atitude cautelosa diante do mistério, quando perguntam pela realidade como um todo. Os pesquisadores não são agnósticos no sentido comodista, mas ativos. Embora critiquem as respostas dos simplistas, não rejeitam indagar sempre.

O resultado dos pesquisadores em sua investigação séria sobre religião é bastante negativo, mas não negativista. É negativo, porque afasta da mente do homem falsas convicções e todos os envolvimentos

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