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Determinidade Do Ideal Em Hegel

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Por:   •  28/5/2014  •  3.504 Palavras (15 Páginas)  •  1.234 Visualizações

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Universidade de São Paulo – USP

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - FFLCH

Programa de Pós-Graduação em Filosofia

 

 

Seminário

Professor: Prof. Dr. Marco Aurélio Werle

Curso de Estética – G.F.W. Hegel - Cap. 3 – Parte B

Durante o percurso do curso, vimos que o homem anseia por ultrapassar as particularidades de sua vida prosaica, o que consegue através da Arte, da religião e da Filosofia. Portanto, a arte é um momento totalizante da experiência humana, onde o Espírito e a efetividade se encontram. Agora, é importante saber quais as condições em que este ultrapassamento ocorre nas esferas particular e histórico-social, ou as determinidades do ideal.

A determinidade do ideal

 

Após explicitar a definição do ideal (ou o belo artístico), Hegel nos guia em direção às suas determinidades - ou, traduzindo de seu texto complexo, as condições particulares, históricas e sociais pelas quais o Ideal pode se expressar: não uma realidade absoluta ou intocável, distante do ser humano (aqui reside sua principal crítica à Kant) e sim uma idealização do sensível pelo Espírito, algo feito pelo homem e para o homem que, apesar de determinado no tempo e no espaço, dialoga com a capacidade humana de pensar a pergunta “o que é o belo?” em qualquer época, ou a capacidade do pensamento em reconhecer as próprias coisas.

Se já nos foi dito que o Ideal é a síntese entre o que há de universal na Ideia e a manifestação particular e inerente da forma sensível, o Belo da Arte, por ser a aparência da Ideia, também precisa se "materializar", ou melhor, possui a necessidade de determinidade efetiva concreta. A arte busca o ideal entendendo este como a individualidade resultante da síntese citada, ou o que a torna única. A obra de arte passa a ser, em sua visão, a expressão (Darstellung) da verdade ideal em uma forma sensível, ou o resultado do trabalho humano em uma comunidade, o Espírito objetivo.

 

Saber quanto do Ideal se mantém ou se dissipa com seu transporte a esta determinidade efetiva, assim como o quanto a existência é capaz de chegar à idealidade, é de suma importância ao entendimento da Estética hegeliana, pois aqui podemos vislumbrar a complexidade de como seu raciocínio dialético opera. Para isso, ele adota o percurso de discutir:

 

1 - As determinidades (qualidades, categorias ou definições - predicados escolhidos mediante um fundamento) do Conceito em si - o Universal.

2 - O movimento dialético (contraditório) que "se desenvolve por meio de sua particularização para a diferença em si mesma e para a solução dela", ou seja, a movimentação do universal ao particular. Hegel a denomina Ação, o que será objeto de estudo posterior.

3 - E por fim a forma da materialização do universal, a determinidade exterior: a singularidade.

 

Este movimento sugerido por Hegel retorna ao esquema do capítulo anterior sobre o movimento da Ideia, quando o sujeito sai de si para apreender o particular e quando retorna a si o faz como singular. Desta forma, pode-se dizer que as determinidades do Ideal são as ocorrências históricas (enquanto no ser e no mundo) que definem este movimento para a singularidade, a unidade mediada entre universal e particular.  

1 - O que é a expressão do Ideal em si?

a. O Ideal enquanto conceito é em-si, mas precisa se tornar para-si

A Ideia como Absoluto não possui nenhuma determinação. O Ideal do belo artístico, entendendo que a Arte constrói a articulação entre o Conceito e a realidade sensível, já é uma certa determinação desta. Enquanto tal, esta determinidade inicialmente é puro pensamento e não-materialidade. O pensamento inicialmente não possui representação figurativa. Neste estágio da construção do Espírito objetivo (sociedade e Estado), o homem ainda não tem a consciência do belo enquanto expressão de um tempo, tendo apenas intuições disso.

Hegel exemplifica isto ao traçar um paralelo, na página 185, com a impossibilidade de representação figurativa do divino em certas religiões. Se a arte deve fazer do divino (ou do que é Absoluto) seu objeto, este Absoluto é objeto do pensamento. É importante que tenhamos em mente que o autor considera que quanto mais uma arte consegue se manter fiel ao conceito e se comunica com a Razão, prestando-se à transmissão mais pura possível do Ideal, melhor (ou seja, o ajuste mais fino entre a Ideia e a Forma). Pela Arte o homem pode expressar a sua consciência de si mesmo. Por isso, vê a arquitetura com desconfiança, por sua materialidade excessiva e a lírica (poesia ou prosa), por provocar a razão para sua completa compreensão e por seu caráter plenamente subjetivo, como A expressão do Ideal por excelência, enquanto incorpórea.

Portanto, a arte figurativa não o apreende em sua unidade e universalidade, apenas a lírica o faz. Mas esta determinação não está completa, pois ele também se “oferece para ser posto em imagem [Bildichkeit] e para a intuitibilidade [Anschaubarkeit]” (pg. 186) (ou seja, transportada a um aqui e agora determinados, mas também indeterminados, já que a simples determinação destes instantes os joga em direção a outros instantes). O Absoluto (único) se dispersa em infinidades, o Círculo dos Deuses: no processo de tomada desta consciência e realização desta totalidade, o pensamento universal se fraciona. E o terreno onde isto acontece é a vida objetiva, que a Arte tem o potencial de ultrapassar, totalizando-a com o Ideal de forma concreta.

 

“Pois o conjunto do ânimo humano, com tudo o que o move no mais íntimo e o que nele é uma potência, cada sentimento e paixão, cada interesse profundo do coração [Burst] – esta vida concreta configura a matéria viva da arte e o ideal é sua exposição e expressão (HEGEL, p.186)”

 

A vida concreta traz em seu desenrolar as determinações que definem nosso entendimento sobre o belo, que é o Espírito encarnado [verleiblichte] na atividade: o fruto do trabalho, uma característica humana.

Esta reconciliação no

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