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Etica E Racismo

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Por:   •  3/6/2014  •  1.088 Palavras (5 Páginas)  •  329 Visualizações

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Ética e racismo ambiental

Por Robert Bullard - Sociólogo e Diretor do Environmental Justice Resource Center

O conceito “racismo ambiental” se refere a qualquer política, prática ou diretiva que afete ou

prejudique, de formas diferentes, voluntária ou involuntariamente, a pessoas, grupos ou

comunidades por motivos de raça ou cor. Esta idéia se associa com políticas públicas e práticas

industriais encaminhadas a favorecer as empresas impondo altos custos às pessoas de cor. As

instituições governamentais, jurídicas, econômicas, políticas e militares reforçam o racismo

ambiental e influem na utilização local da terra, na aplicação de normas ambientais no

estabelecimento de instalações industriais e, de forma particular, os lugares onde moram, trabalham

e têm o seu lazer as pessoas de cor. O racismo ambiental está muito arraigado sendo muito difícil de

erradicar.

A tomada de decisões ambientais muitas vezes reflete os acordos de poder da sociedade

predominante e das suas instituições. Isto prejudica as pessoas de cor, enquanto oferece vantagens e

privilégios para as empresas e os indivíduos das camadas mais altas da sociedade. A questão de

quem paga e quem se beneficia das políticas ambientais e industriais é fundamental na análise do

racismo ambiental.

O racismo ambiental fortalece a estratificação das pessoas (por raça, etnia, status social e poder), o

lugar (nas cidades principais, bairros periféricos, áreas rurais, áreas não-incorporadas ou reservas

indígenas) e o trabalho (por exemplo, se oferece uma maior proteção aos trabalhadores dos

escritórios do que aos trabalhadores agrícolas).

Este conceito institucionaliza a aplicação desigual da legislação; explora a saúde humana para obter

benefícios; impõe a exigência da prova às “vítimas” em lugar de às empresas poluentes; legitima a

exposição humana a produtos químicos nocivos, agrotóxicos e substâncias perigosas; favorece o

desenvolvimento de tecnologias “perigosas”; explora a vulnerabilidade das comunidades que são

privadas de seus direitos econômicos e políticos; subvenciona a destruição ecológica; cria uma

indústria especializada na avaliação de riscos ambientais; atrasa as ações de eliminação de resíduos

e não desenvolve processos precautórios contra a poluição como estratégia principal e

predominante. A tomada de decisões ambientais e o planejamento do uso da terra em nível local

acontecem dentro de interesses científicos, econômicos, políticos e especiais, de tal forma que

expõem às comunidades de cor a uma situação perigosa. Isto é particularmente verdade no

Hemisfério Sul e, também, no Sul dos EUA, região que foi convertida numa “área de sacrifício”;

um buraco negro para os resíduos tóxicos. Fora disso, ela está impregnada pelo legado da

escravidão e pela resistência braça à justiça eqüitativa para todos.

O Hemisfério Sul (e também o Sul dos EUA) se caracteriza por políticas ambientais equivocadas e

pela concessão de significativas deduções fiscais. A aplicação simplificada das normas ambientais

deu lugar a que o ar, a água e a terra dessas regiões sejam mais contaminadas pelas indústrias,

principalmente das multinacionais estadunidenses.

No Corredor Industrial do Baixo Mississipi, na Luisiana, têm-se estabelecido empresas

petroquímicas que produzem agrotóxicos, gasolina, tintas e plásticos. Os ecologistas e os residentes

locais o apelidaram de “Beco do Câncer”, sendo que os benefícios fiscais que recebem essas

indústrias poluentes criaram poucos postos de trabalho para esses elevados custos. A revista Time

denunciou que na Luisiana foram eliminados U$ 3,1 bilhões em impostos sobre propriedades de

empresas poluentes. As cinco companhias mais poluentes receberam U$ 111 milhões em benefícios

no último decênio. Este exemplo se aplica a inúmeras empresas dos países do Hemisfério Sul.

Existe uma correlação direta entre a exploração da terra e a exploração das pessoas. De forma geral,

os indígenas são a parte da população que se defrontam com algumas das piores formas de

poluição, entre elas a do mercúrio usado nos garimpos e as populações marginais que vivem perto

dos lixões e aterros sanitários, incineradores e de outros tipos de operações perigosas praticadas

pelas empresas mineradoras. A poluição industrial se manifesta também no aleitamento materno das

mães das grandes

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