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Existência Do Ser

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Por:   •  2/12/2014  •  Seminário  •  768 Palavras (4 Páginas)  •  166 Visualizações

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Somos, frequentemente, injustos com nossas desilusões. Damo-lhes um rosto triste, pálido, desalentado; e que são elas senão os primeiros sorrisos da verdade? És um homem de boa vontade, queres ser justo, útil, sábio e feliz, mas se uma desilusão te entristece estarás lamentando a perda de uma mentira em que acreditavas. Preferirias, acaso, viver no mundo dos teus erros e sonhos em vez de no da realidade? As melhores horas das melhores vontades perdem-se muitas vezes em redor da luta de um belo sonho contra uma lei inevitável, da qual aquelas vontades não perceberam a beleza senão depois que o belo sonho a esgotou de todas as forças. Se, por exemplo, o amor te decepcionasse: julgas que teria sido salutar creres, durante toda a vida, que o amor é o que não é, o que ele não pode ser? Acaso uma ilusão desse gênero não falseia os mais importantes de teus atos e não vela uma parte da verdade que pretendes alcançar? E se não fazes as grandes coisas porque a ilusão te leva a fazer pequenas, será justo ficares a maldizer a desilusão, isto é, o mensageiro da verdade que te arrancou da mentira? Não é, no fim das contas, a própria verdade o que a tua ilusão procuraria, se fosse sincera? Aprendamos a fazer de nossas desilusões um bando de amigas misteriosas e fiéis, de conselheiras incorruptíveis. Se uma delas, mais cruel que as outras, nos abate por uns instantes, não murmuremos a soluçar: a vida não é tão bela quanto nossos sonhos. Digamos: aos nossos sonhos faltava qualquer coisa, visto como não foram aprovados pela vida. Em resumo: A tão gabada força das almas fortes não passa da soma das desilusões que essa sabiamente acolheu. Cada decepção, cada amor mal reconhecido, cada esperança aniquilada, acrescenta um certo peso de nossa verdade, e quanto mais as ilusões se desfolham em redor de nós, mais nobre e firmemente aparece a grande realidade, como o sol que percebemos com maior clareza por entre a galhaça despida de folhas das florestas no inverno." Maurice Materlinck

"Tempo : O grande clandestino" de Anibal Machado

Eu me distraio muito com a passagem do tempo.

Chego às vezes a dormir. Durmo meses e anos. O tempo então aproveita e passa escondido. Mas com que velocidade!

Basta ver o estado das coisas depois que desperto: quase todas fora do lugar, ou desaparecidas, outras, com uma prole imensa; outras ainda alteradas e irreconhecíveis.

Se durmo de novo, e acordo, repete-se o fenômeno.

Sempre pensei que o tempo fizesse tudo às claras. Oh, não!

Eu queria convidá-los a assistir ao que ele tem feito comigo. Mas é espetáculo todo íntimo e não disponho de tribunas.

Além do mais, o tempo em pessoa é praticamente invisível, como a ventania. Só se pode apreciar o resultado de seu trabalho, nunca a sua maneira de trabalhar.

O que é preciso é nunca dormir e ficar vigilante para obrigá-lo ao menos a disfarçar a evidência de suas metamorfoses.

É de fato penoso deixar de ver as coisas tais como as vimos a primeira vez. O tempo tudo transforma e arrasa, sem nos dar aviso.

Ora. isso entristece. Isso nos deixa intranqüilos.

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