TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Familia E Adolescente

Ensaios: Familia E Adolescente. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  28/5/2013  •  3.060 Palavras (13 Páginas)  •  541 Visualizações

Página 1 de 13

A adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano marcada por inúmeras transformações, que ocorrem tanto no aspecto físico como na esfera psicossocial. As famílias com adolescentes passam por mudanças em sua estrutura e organização, podendo chegar a conflitos intensos que às vezes tornam-se crônicos. O profissional de saúde que atende adolescentes deve conhecer os vários aspectos da adolescência na dinâmica familiar, bem como compreender o papel que desempenhará no acolhimento do adolescente e sua família.

INTRODUÇÃO

A abordagem do adolescente exige postura adequada do profissional de saúde, conhecimentos técnicos e das mudanças psicossociais que ocorrem nessa fase da vida do jovem, bem como compreensão do impacto e dos conflitos que elas acarretam nas relações familiares.

O conhecimento das dinâmicas familiares é de fundamental importância na avaliação, no tratamento e na prevenção dos agravos a problemas de saúde apresentados pelos adolescentes. Para isso, o profissional de saúde deve observar como a família e o adolescente estão atravessando essa etapa da vida.

A família é um sistema ativo em constante transformação, que se altera com o passar do tempopara assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial de seus membros (Minuchin, 1977). Não podemos nos esquecer de realidades significativas que interagem com a família: a escola, o trabalho dos pais, o bairro, a vizinhança e o grupo de amigos.

A adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano marcada por profundas transformações, não apenas físicas; é também o início da transição psicológica da infância para a idade adulta (Hopkins, 1983). Esse período tem sido descrito desde Anna Freud como conflitivo; como crise de identidade por Erikson e tem a denominação universalde "tempestade e estresse" (Sturm e Drang). As características do desenvolvimento psicossocial que ocorrem paralelamente às modificações do corpo são agrupadas no que Arminda Aberastury e Maurício Knobel denominaram síndrome da adolescência normal (SAN). A adolescência é, assim, um conceito relativo a um processo e o adolescente é o sujeito que está vivenciando esse processo.

METAMORFOSE FAMILIAR

Como conseqüência, a adolescência afeta o ciclo vital familiar e seu estilo de vida mais do que qualquer outra fase da vida, pois desestabiliza o sistema e provoca novos ajustes para manter as relações e a saúde mental de seus membros. Durante esse período as famílias também estão se ajustando a novas demandas de seus membros, que estão entrando em novos estágios do ciclo de vida. Os pais enfrentam questões maiores, como a "crise do meio da vida" de um ou ambos os cônjuges, com exploração das satisfações e insatisfações pessoais, profissionais e conjugais, ao mesmo tempo em que os avós passam pela experiência da aposentadoria e possíveis mudanças, como doença e morte. Os pais podem ter de se transformar em cuidadores de seus próprios pais ou ajudá-los a integrar as perdas da velhice.

O adolescente, tentando descobrir novas direções e formas de vida, desafia e questiona a ordem familiar até então estabelecida. A ambivalência independência/dependência vivenciada por ele cria tensão e instabilidade nas relações familiares, o que freqüentemente leva a conflitos intensos que podem tornar-se crônicos.

Por serem tão intensas, as demandas adolescentes por maior autonomia e independência freqüentemente precipitam mudanças no relacionamento entre as gerações, fazendo aflorar conflitos não resolvidos entre pais e avós (dos adolescentes), em sua infância ou adolescência. Os pais, além de reavaliar e analisar sua própria adolescência, bem como os pais de seu período adolescente, enfrentam novos estágios de seu ciclovital, aparecendo então novas preocupações: a perda do corpo jovem e a aproximação da aposentadoria e da velhice.

O estresse e a tensão normais provocados na família por um adolescente são exacerbados quando os pais sentem uma profunda insatisfação e são compelidos a fazer mudanças em si mesmos. O que muitas vezes se cria é um campo de demandas conflitantes, em que o estresse parece ser transmitido para cima e para baixo entre as gerações. O conflito entre os pais e os avós pode ter efeito negativo sobre o relacionamento entre os pais e o adolescente. O impasse também pode ocorrer em direção oposta: um conflito entre os pais e o adolescente pode afetar o relacionamento conjugal, o que acaba prejudicando o relacionamento entre os pais e os avós.

Na adolescência, a evolução da dependência absoluta da infância à autonomia adulta pode ser um momento doloroso para pais e filhos. Muitas vezes, os pais sentem um vazio quando os adolescentes tornam-se mais independentes, pois percebem que não são mais necessários como antes e, dessa forma, sentimentos de perda (perda da criança) e medo de abandono podem ocorrer. Às vezes os pais, incapazes em lidar com a perda da dependência do filho, podem apresentar-se depressivos. Da mesma maneira, o adolescente precisa lidar com a perda do eu infantil e da família como fonte primária de afeto. A perda desse primeiro vínculo romântico também pode desencadear depressão no adolescente. Esse duplo movimento de luto do qual participam pais e filhos foi denominado por Stone e Church ambivalência dual. Toda mudança implica em aceitação da perda.

Assim, a adolescência exige mudanças estruturais e renegociação de papéis nas famílias, que se transformam. De unidades que protegem e nutrem os filhos, as famílias passam a ser o centro de preparação para a entrada do adolescente no universo das responsabilidades e dos compromissos do mundo adulto. Elas constituem fronteiras mais flexíveis, permitindo aos adolescentes se aproximarem e serem dependentes nos momentos em que não conseguem manejar suas vidas sozinhos, e se afastarem e experimentaremos desafios, com graus crescentes de independência, quando estão prontos. Isso exige esforços especiais de todos os membros da família.

A construção psicológica do adolescente tem em conta sua história pessoal, bem como suas novas competências sexuais, cognitivas e sociais. A história familiar do adolescente não se inicia na adolescência, estando presente mesmo antes da infância, durante a gravidez, planejada ou não.

TAREFAS DA ADOLESCÊNCIA

Para viver satisfatoriamente essa etapa da vida, o adolescente deve cumprir aquilo que Erickson chama de tarefas do desenvolvimento:

...

Baixar como (para membros premium)  txt (20.2 Kb)  
Continuar por mais 12 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com