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Fetiche da Mercadoria Karl Marx

Por:   •  14/5/2020  •  Artigo  •  2.775 Palavras (12 Páginas)  •  366 Visualizações

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O processo de alienação “coisificante” e o fetichismo da cultura

Rodolfo Galvão Marins[1]

RESUMO

A discursão de Karl Marx sobre o tema fetiche da mercadoria no qual é explicado o caráter que a mercadoria possui na sociedade capitalista, quer dizer, a ocultação da exploração nas relações de trabalho. O presente ensaio na traz a tentativa de refletir sobre o pensamento marxista que conduz à desmistificação do fetichismo da mercadoria e do capital, desvendando o caráter alienado de um mundo em que as pessoas são dominadas pelas coisas que elas próprias criam. O que se pode notar na sociedade atual são novas formas de alienação pelo caráter que assumiu o fetiche das mercadorias. Levando em consideração a hipótese de que o fetiche da mercadoria na sociedade atual assumiu maior importância em função dos avanços tecnológicos e da crescente valorização da imagem. Tentou-se estender a relação entre o fetiche da mercadoria e a teoria da alienação para além de sua concepção original da relação trabalho-produção na atualidade com a reflexão proposta por Adorno e Horkheimer no fetiche da cultura.

  1. Processo de alienação “coisificante”.

A tese trabalhada por Karl Marx em sua obra O Capital; fetiche da mercadoria é explicado o caráter que a mercadoria possui na sociedade capitalista, ou seja, a ocultação da exploração nas relações de trabalho. Há uma relação do trabalhador com o produto do trabalho como uma atividade estranha, e desta forma que declara Calvez:

A natureza produz o homem na medida em que o homem reproduz a natureza e a faz sua. O homem é um ser da natureza, enquanto a natureza é um processo de humanização de si mesma. Sendo assim, a natureza não existe senão para nós, e que todo o seu sentido é por nós que se verifica. (pág. 155, 1964)

A mercadoria, ao mesmo tempo em que o objeto, no processo produtivo, ainda está sob domínio do sujeito que trabalha, transformando-a em objeto útil. Ao passo que se é colocado à venda, no processo de circulação, a ordem é invertida, visto que o produtor passa a ser gerido pela criação, “coisificação” do produtor (RUBIN, 1987). O consumo da mercadoria impõe e apaga todas as etapas da produção e o esforço.

À medida que o movimento das mercadorias apresenta-se independente da vontade de cada produtor, opera-se uma inversão: a mercadoria criada pelos homens aparece como algo que lhes é alheio e os domina.

Desta maneira, podemos definir valor de uso como utilidade ou propriedade material que um produto possui para satisfazer as necessidades humanas: o objeto externo da mercadoria. E valor de troca, como sendo a relação quantitativa de troca de valores de usos diferentes que abstrai esses valores. Na concepção de Marx o fetichismo tem como caráter de predominância do valor de troca, pela qual se opera a exploração do trabalho alienado e desse modo a obtenção do lucro por parte do capitalismo, sobre o valor de uso e consequentemente, a ocultação do mediato pelo imediato – faz da mercadoria um ente de vida própria, comandando o modo de produção, embora os processos de sua produção e consumo sejam feitos pelo o homem.

Destarte, explica-se o caráter que a mercadoria possui na sociedade capitalista, isto é, a ocultação da exploração nas relações de trabalho. Realidade alienante onde as pessoas são dominadas pelas realidades criadas por elas próprias. Deste modo, atento a sociedade atual são notadas novas formas de alienação pelo caráter que assumiu o fetiche das mercadorias.

A alienação surge com a ascensão da sociedade de classes. As sociedades divididas em classes sociais são fundamentadas no trabalho alienado. Isto ocorre devido ao fato de que a atividade vital consciente, a práxis ou o trabalho como objetivação, perde seu caráter teleológico consciente e passa a ser apenas um meio para satisfação de outras necessidades.[2]

Consequentemente, em palavras de Marx a perda de domínio sobre o próprio trabalho e seu produto, que leva à negação do trabalhador na produção, dessarte, levando-o a se defrontar com um mundo que lhe é autônomo, livre, estranho e objetivo.

[...] o trabalhador cai na condição de mercadoria, e da mercadoria mais miserável; que a miséria do trabalhador encontra-se em relação inversa ao poder e à grandeza de sua produção; que o resultado necessário da concorrência é a acumulação do capital em poucas mãos, logo a mais terrível restauração do monopólio [...] (pág. 189, 2017)

Possuindo uma ideia de realização, de riqueza e felicidade mais exteriorizadas, há uma recognição cada vez maior com as coisas que se consume. Constata-se que o fetiche e a alienação, pertinente à importância dos bens tecnológicos, a divulgação dos produtos e o incentivo ao consumo, desenvolveu-se consideravelmente.

A afirmação de Marx que “o fetichismo do mundo das mercadorias decorre do caráter social próprio do trabalho que produz a mercadoria” (p. 1996), e o mesmo por vezes define o fetichismo com uma peculiaridade hermética que o produto do trabalho denota no capitalismo. Desta forma, podemos depreender que o fetichismo acontece em consequência à produção interesseira (mercantil) sonega a característica social do trabalho. À medida que a produção mercantil está vigorosa para gerar as mercadorias, faz-se necessário a divisão do trabalho. Levando a existência dos diversos ramos de produção na composição de uma só mercadoria, originando uma grande rede entre todos os produtores, o que significa ser o trabalho de cada um deles (privado) parte do conjunto do trabalho da sociedade (social) e só ser possível no seu interior.

O fetichismo da mercadoria, e a teoria da alienação estão interligados, sendo uma manifestação da sociedade histórica e capitalista. Podemos dizer assim que, enquanto a alienação é um processo que decorre de diversos modos de produção, e de distintas modalidades, o fetichismo da mercadoria é uma particularidade econômica do modo de produção capitalista.

O domínio do capital torna-se efetivo mediante a inversão do controle do processo de trabalho, que agora é exercido pelo meio de produção, momento a que o capital se rebaixa para subjugar o trabalho e se afirmar efetivamente enquanto totalidade da relação entre sua parte constante e a variável. E, assim, o capital não só obtém mais-valia em geral, como também comanda o processo de trabalho, eleva sua produtividade e barateia as mercadorias, o que conduz, no caso de estas serem meios de vida do trabalhador, à redução do valor da força de trabalho e à obtenção da mais-valia relativa. (GRESPAN, 1998, p. 134).

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