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Imagens de natureza, imagens de ciência

Por:   •  17/9/2016  •  Resenha  •  2.241 Palavras (9 Páginas)  •  286 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA

COMPONENTE CURRICULAR: Filosofia e História das Ciências

Resenha: Imagens de Natureza, Imagens de Ciência.

Capítulo 4 - Imagens na constituição de uma ciência da vida

No capítulo 4 de sua obra, Imagens de Natureza, Imagens de Ciência, o autor inicia suas discussões falando sobre duas imagens de natureza que se confrontavam no século XVIII: a imagem mecanicista e a materialista.

 Abrantes esclarece que a imagem mecanicista se volta para a compreensão de uma ordem de natureza imutável que é produto da criação divina e na qual as qualidades primárias da matéria, correspondem a uma matéria passiva sujeita a ação de Deus. Para isso, apresenta as visões de Descartes acerca das imagens de natureza, bem como usas concepções deístas, atribuindo a Deus a responsabilidade sobre a criação, mas rejeitando a sua intervenção posterior na vida dos humanos.  O autor apresenta também, a visão dos teístas a respeito da criação, esclarecendo que para os adeptos dessa linha de pensamento, a criação não findava a participação de Deus na vida dos humanos.

Já a imagem materialista de natureza, rejeita a concepção tradicional cristã da relação entre passividade e atividade que passa a ser atribuída a matéria e não mais a Deus. Assim como defende Diderot, a partir desse momento a natureza passa a ser autossuficiente e não requer intervenções externas para produzir fenômenos. Nesse ponto o autor descreve a forte influência do estoicismo como fonte de inspiração para os materialistas. Os estoicos viam a natureza como um princípio dinâmico, para eles a matéria era ativa. Os pensamentos de Hankins (que afirma que os estoicos haviam escolhido a atividade e a mudança ao invés da estrutura e da permanência como o fundamento da natureza), e Charlton, para o qual os materialistas substituíram a ideia predizível da natureza por seu poder dinâmico.

Abrantes retoma então, a distinção entre os pensamentos deístas e teístas para esclarecer as diferenças entre os materialistas e o teístas. Para os teístas, é necessária uma fonte de atividade externa a natureza, já os materialistas acreditavam que a matéria é ativa por sua própria natureza e por essa razão dispensa intervenções sobrenaturais para explicar os fenômenos e a ordem global observada.

Abrantes dá seguimento ao texto discorrendo sobre as teorias da origem dos organismos, e esclarece que o pré-formismo foi a teoria adotada pelos mecanicistas. Essa teoria defendia que a vida surgia a partir da existência de um ser pré-formado.  O autor aborda também a epigênese, teoria que se opunha ao pré-formismo e defendia que o embrião se desenvolve por meio de divisões sucessivas.

Em seguida o autor apresenta as ideias de Maupertuis acerca da reprodução, que defendiam a contribuição do macho e da fêmea para o desenvolvimento de um novo organismo.   Além disso, esclarece que para os materialistas a vida se originava por a geração espontânea.  E assim, fala também sobre a influência do materialismo nas teorias de Diderot.

Nesse momento da discussão, Abrantes apresenta a ideia da “Cadeia dos Seres” que defende que todos os seres podem ser arranjados em uma ordenação linear e hierárquica. Ademais, o autor esclarece as diferenças na compreensão da dessa ideia nas perspectivas dos materialistas e dos mecanicistas. Os últimos compreendiam que a “Cadeia dos Seres” refere-se a uma ordem fixa e atemporal, para os materialistas, a natureza estaria em continuo desenvolvimento, formando novas gerações.

Em seguida o autor faz uma abordagem sobre as imagens de ciência do século XVIII que foram referenciadas pelos estudos da física que buscava descobrir as causas dos fenômenos e pela história natural, cujas preocupações se voltavam para a descoberta e classificação das formas da natureza, não incluindo a investigação das causas.

Abrantes separa então, uma secção de seu texto para mostrar como uma imagem mecanicista de natureza está associada à teologia natural, ou seja, a uma concepção a acerca da relação entre Deus e natureza. Para isso, o autor traz os pensamentos de Lineu, com o objetivo de ilustrar a discussão sobre as ideias de natureza do século XVIII, associadas à ideia de uma economia da natureza.  Contudo, os materialistas se opunham a essa ideia, o que gerou uma controvérsia em relação às classificações taxonômicas de Lineu, sendo essas consideradas arbitrárias e pouco representativas quando se tratava da variedade de organismos.

O autor inicia então, uma secção do capítulo para tratar sobre as imagens de natureza nas visões de Buffon e Lamarck. O primeiro via a natureza como ativa e capaz de animar tudo, aderiu ao materialismo e isso se revela nas suas concepções de que a geração dos organismos deve ser vista como uma tendência à vida intrínseca à própria matéria. Com a sua hipótese cosmogônica, Buffon visava substituir a ideia de criação direta por Deus.

 Lamarck, adepto do materialismo se mostra cético a respeito da possibilidade de se compreender a causa da existência dos seres orgânicos e do que constitui a vida e a essência desses seres, uma vez que, para ele, a matéria com todas as suas propriedades não parecia capaz de produzir um único ser da natureza.  O autor discorre sobre as influencias deístas nos discursos de Lamarck que acreditava na existência de um “Autor” que criou a natureza que fosse capaz por si só de produzir  sua diversidade e organização.

Abrantes, ainda sobre Lamarck, fala dos seus pensamentos acerca do transformismo. Através dessa corrente de pensamento Lamarck atribuía duas causas para a transformação das formas orgânicas, uma primeira que age no sentido de aumentar a complexidade das formas; e outra, que promove uma melhor adequação do ser vivo individual às suas “circunstâncias” ambientais.

O autor finaliza o capítulo tratando do tema “natureza e moral”, no qual discorre sobre a tendência que existe em se vincular uma imagem de natureza a uma imagem de sociedade e a uma filosofia moral na visão de Diderot. Abrantes discorre também sobre os discursos de Lamarck nos quais se pode perceber um materialismo que associa a filosofia natural e a filosofia moral. Assim, a aproximação entre filosofia natural e filosofia moral é o reflexo de uma continuidade mais profunda entre o ser humano e  a natureza.

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