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Nietzsche da crítica e a concepção kantiana

Por:   •  20/4/2015  •  Abstract  •  1.009 Palavras (5 Páginas)  •  334 Visualizações

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A crítica não é nada e não diz nada, no entanto sustenta que a verdadeira moral se esquiva da moral. Não fará nada enquanto não alcançar a própria verdade. Nietzsche denuncia a própria virtude, a insignificância da verdadeira virtude e a mediocridade da verdadeira moral. Zarathustra afirma ter sido o conhecimento dos homens bons que lhe inspirou o terror pelos homens; e por esta repulsão que lhe nasceram asas.

Apenas pobres críticos criticam a falsa moral. Uma crítica digna desse nome não deve dirigir-se ao pseudo-conhecimento do incompreensível, e sim ao verdadeiro conhecimento do que pode ser conhecido. Por isso Nietzsche acredita ter descoberto o único principio possível para uma crítica total no que diz respeito a seu perspectivismo. Não existe nem o feito nem o fenômeno moral, mas uma interpretação moral dos fenômenos. Não há ilusão do conhecimento, já que o próprio conhecimento é uma ilusão, o conhecimento é um erro, ou pior, uma falsificação.

Para Kant, a crítica não deveria ser uma crítica da razão por uma instância exterior. E o criticado, tampouco, exterior a razão. Não devia buscar na razão erros provenientes de outra parte, apenas ilusões procedentes da razão como tal. E, preso entre essas duas exigências, ele concluiu que a crítica devia ser da razão pela própria razão. No entanto, faltava um método que lhe permitisse julga-la por dentro, sem confiar-lhe o cuidado de ser juíza se si mesma. Com o desejo de poder e o método do qual ele se desprende, Nitzsche dispõe do princípio de uma gênesis interna. Quando comparava o desejo de poder com um princípio transcendental queria assinalar suas diferenças com determinações psicológicas. À partir do fato de que seus princípios não são nunca transcendentais, estes são substituídos precisamente pela genealogia.

O filósofo-legislador, de Nietzsche, aparece como profeta do futuro, sendo verdadeiros aqueles que mandam e legislam. Ou seja, o filósofo enquanto filosofo não é um sábio, deixa de obedecer, substitui a antiga sabedoria pela autoridade, cria valores novos, e toda sua ciência é legisladora neste sentido. Para ele, conhecimento é criação, sua obra consiste em legislar, seu deseja de verdade é desejo de poder. E se essa idéia do filósofo tem raízes pré-socráticas, sua reaparição no mundo moderno é kantiana e critica.

 A idéia da filosofia legisladora enquanto filosofia é a que completa a idéia da crítica interna enquanto crítica: juntas, constituem a principal contribuição kantiana, sua contribuição libertadora. Nietzsche, entretanto, no mesmo momento em que parece seguir e desenvolver a idéia kantiana, encurrala-o entre os operários da filosofia.

        Resumindo a oposição entre a concepção nitzscheana da crítica e a concepção kantiana, observamos que se baseia em cinco pontos:

  1. Em lugar de princípios transcendentais que são simples condições de fatos pretendidos, estabelecer princípios genéticos e plásticos que se referem ao sentido e ao valor das crenças, das interpretações e evoluções;
  2. Em lugar de um pensamento que se crê legislador porque só obedece a razão, estabelecer um pensamento que pense contra a razão. Opor a razão ao próprio pensamento e ao racional o pensador;
  3. Em lugar do legislador kantiano o genealogista. Enquanto o legislador é um juiz de tribunal que controla simultaneamente a distribuição dos domínios e a divisão dos valores estabelecidos, o genealogista é o verdadeiro legislador, tem algo de divino, do profeta do futuro;
  4. Não ao ser razoável, funcionário dos valores em curso, legislador e sujeito. A instância crítica não é o homem realizado, nem qualquer outra forma sublimada do homem, espírito, razão ou consciência de si mesmo. Nem Deus nem homem, já que entre os dois não há diferenças suficientes. O ponto de vista crítico é o do desejo do poder e o tipo crítico é o super-homem, o homem que quer ser superado;
  5. Não é o fim do homem ou da razão, apenas do super-homem. A critica não consiste em justificar, mas em perceber de outra maneira.

Sobre a verdade, Nietzsche defende que os homens não a amam e ainda a critica como ideal. Seu conceito, dramatizado, qualifica um mundo como verídico, que supõe um homem verídico ao qual se dirige como centro. Este homem verídico pode não querer ser enganado, por ser prejudicial. Mas semelhante hipótese aceita que o próprio mundo seja verdadeiro. Já que radicalmente falso e nefasto é o desejo de não se deixar enganar. Por outro lado, ele pode ainda querer não enganar (incluindo a si mesmo).

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