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Parmênides e o Não-ser

Por:   •  25/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.948 Palavras (8 Páginas)  •  242 Visualizações

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Parménides e o Não-Ser

                                         Nada: S.m ausência de quantidade; ausência quer                                         absoluta, quer relativa, de ser ou realidade; que não existe; o que se opõe ao ser

Em meados do século XX, após Einstein ter publicado a sua Teoria da Relatividade Geral, um estudante veio ter com ele e apresentou-lhe uma sequência de cálculos feitos com base na sua teoria, que previam a existência no cosmos de um fenómeno físico tão poderoso e estranho, que quebraria as leis do tempo e espaço.

Einstein desvalorizou tal premissa, argumentando que «a natureza  nunca  deixaria que tal coisa existisse».

Um par de décadas mais tarde, a existência de tal fenómeno físico foi observada, várias vezes, verificando-se ser, na verdade, um fenómeno bastante comum no cosmos.

A monstruosidade foi apelidada de «buraco negro», e foi argumentado que no seu interior nada poderia existir. Nem luz, nem tempo, nem espaço. Vazio absoluto. Nada.

«Depois de uma grande estrela queimar todo o seu combustível (o hidrogénio), acaba por se apagar. O que sobra já não tem o calor da combustão a sustentá-lo e desaba, esmagado sob o seu próprio peso, até curvar o espaço com tanta força que se afunda no interior de um verdadeiro buraco. São os famosos buracos negros.» ─ Sete Breves Lições de Física

(Por razões logísticas, assume-se que, daqui em diante, todas as citações concernentes à física, advêm da obra supracitada.)

Também em meados do século XX, e também graças à Teoria da Relatividade Geral, surgiu uma teoria científica e coerente que posutalava a ordem de acontecimentos pela qual o universo teve origem.

De uma pequena explosão inicial, teria surgido o cosmos. A essa explosão deu-se o nome de Big Bang.

«O espaço inteiro pode distender-se e dilatar-se; ou melhor, a equação de Einstein indica que o espaço não pode estar quieto, tem de estar em expansão. Em 1930, a expansão do universo é efetivamente observada. A mesma equação prevê que a expansão tenha de brotar da explosão de um jovem universo, pequeníssimo e muito pequeno: é o Big Bang. Uma vez mais, ninguém acredita, mas as provas acumulam-se, até ser observada no céu a radiação cósmica de fundo: o clarão difuso que sobra do calor da explosão inicial. A previsão da equação de Einstein está correta.»

Foi argumentado que, possivelmente, antes da ocorrência desta explosão, nada existia.

Do nada, teria surgido algo.

Parménides ficaria contente por saber que, adentrados agora no século XXI, novas explicações para a ocorrência destes fenómenos foram apresentadas, e, em larga medida, corroboradas cientificamente.  

Os buracos negros provavelmente não são «poços de vazio». Na verdade, possivelmente, atuam como «tuneis» entre pares de universos.

Tal tese remete-nos, inelutivelmente, para a criação do universo. É considerado, quase unanimemente na atualidade, que a existência, o «todo», não se compõe de um único universo, mas de uma multitude de universos, quiçá infinita.

É possível que o nosso universo tenha tido origem em outro universo.

«Sabemos reconstruir a estória do nosso mundo até um período inicial em que era pequeníssimo. Mas antes disso? Bom, as equações dos loops permitem-nos reconstruir a estória do universo ainda mais para trás.

Aquilo que encontramos é que, quando o universo está extremamente comprimido, a teoria quântica gera uma força repulsiva, cujo resultado é o facto do Big Bang, a «grande explosão», poder ter sido, na realidade, um Big Bounce, um «grande ressalto»: o nosso mundo poderá ter nascido de um universo anterior que se estava a contrair sob o seu próprio peso, até se esmagar num espaço pequeníssimo, para depois «ressaltar» e recomeçar a expandir-se, tornando-se no universo em expansão que observamos à nossa volta.»

O nada parece estar, realmente, ausente até das conceções mais complexas e pormenorizadas do mundo (leia-se: o cosmos, o todo).

A razão porque falo de tudo isto é porque, estou convencido, que a ontologia e a metafísica são indissociáveis da física. Ambas tentam apresentar uma visão coerente do mundo, usando a lógica e a razão, e é inevitável que os seus caminhos se cruzem.

O antigo grego Demócrito, previu a existência de átomos, «elementos indivisíveis que compõem tudo», 2000 anos antes de a ciência comprovar a sua existência. O autor também teorizou que existitiriam inúmeros planetas semelhantes ao nosso no cosmos (os hoje chamados exoplanetas), tese que iria inspirar mais de um milénio depois Giordio Bruno, e, infelizmente, condená-lo a uma morte agonizante na «Fogueira», sob acusações de heresia e ataque grave ás doutrinas da igreja.

O próprio Parménides considerava-se um filósofo da Physis (filósofo da natureza) e muitas das suas ideias sobre o mundo e a existência, como a sua concepção dos tempos passado, presente e futuro como um só, absoluto e uno, por  muito estranhas que parecessem, foram mais tarde encaradas seriamente pela física. «Perante uma hipotética visão aguçadíssima que tudo visse, não haveria tempo “que corre” e o universo seria uma bloco de passado, presente e de futuro.» ─ Sete Breves Lições de Fìsica

Parece que a metafísica está inerentemente ligada à física, da mesma maneira que os filósofos racionalistas, como Descartes ou Espinosa, estavam ligados à matemática.

Mas antes de continuar, é importante fazer, então, uma pequena suma da doutrina filosófica do autor Parménides, já que é ele o centro de gravidade de toda esta problemática.

«O ser é, e o não-ser não é.», tal é a dupa tautologia que resume a filosofia do autor.

O ser é imutável, imóvel e indivisível. Por isso, a geração e a destruição são impossíveis. «Nem é divisível  [o ser], pois que é homogéneo; nem é mais aqui e menos ali. O que impediria de manter a coesão, mas tudo está cheio do que é. Assim, é todo contínuo: pois o que é aproxima-se do que é» ─ Os Filósofos Pré-Socráticos.

(Por razões logísticas, assume-se que todas as citações concernentes a Parménides, advêm da obra Os filósofos Pré-Socráticos.)

O não-ser é uma impossibilidade. Não existe. Tudo o que existe é o ser.

Existem duas vias possíveis para o conhecimento: a verdade e a opinião. A opinião é enganosa e ilusória e advém das conclusões precipitadas tiradas através das nossas experiências sensoriais. A verdade consegue-se através do uso do pensamento, razão e lógica. «Convém que tudo aprendas, seja o ânimo inabalável da rotunda verdade, sejam as opiniões dos mortais, em que não há verdadeira confiança»

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