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Sintese "Sobre O Mal" De Santo Agostinho

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Por:   •  13/8/2014  •  4.589 Palavras (19 Páginas)  •  639 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho será apresentada uma síntese da obra de Santo Tomás intitulada sobre o mal, na qual como o mesmo título da obra nos fala, irá tratar a problemática do mal. Uma obra que se divide em duas partes, a primeira irá investigar se o mal é algo, se ele se encontra no bem, se o bem é a causa do mal, entre outros e na segunda parte irá tratar sobre a questão do pecado.

2 SOBRE O MAL – SANTO TOMÁS DE AQUINO

A obra sobre o mal de Santo Tomás de Aquino foi uma obra inédita no Brasil como percebemos trata de um tema que foi por assim dizer bem trabalhado pelo autor, que a define e a tematiza em seu pensamento com muita propriedade e esclarece-nos várias dúvidas que se cercam em torno do “mal”. Santo Tomás inicia o livro nos apresentando as questões discutidas sobre o mal.

3 QUESTÃO PRIMEIRA

ART. 1 - O mal é algo; responde em seu início: parece ser sim e depois de um grande percurso de exemplos e demonstrações nos responde: Além do mais, o que não é algo não pode ser aumentado nem diminuído. O mal todavia, é aumentado e diminuído, pois maior mal é o homicídio que o adultério. Tampouco se pode afirmar que maior é o mal quanto mais corrupção do bem haja, dado que a corrupção do bem é um efeito do mal; e a causa não aumenta nem diminui pelo efeito, dando-se antes o contrário. Logo, o mal é algo. Como foi relatado por Santo Tomás, o mal enquanto tal, todavia não convém com o bem, mas opõe-se a ele. Logo, o mal não é algo nas coisas.

ART. 2 – Se o mal se encontra no bem; parece que não, como é relatado no primeiro ensejo, nos dá uma resposta: deve-se dizer portanto que o mal não pode encontrar-se senão no bem. E, para melhor compreensão disto, deve-se saber que, a respeito do bem, cabe falar de dois modos: de um modo a respeito do bem simpliciter (na qual o bem possui uma amplíssima extensão, mais ampla até que a do ente, como gostava de dizer Platão); de outro modo enquanto se fala de um bem concreto, como um homem bom ou um olho bom. Considerando o bem aquilo que é apetecível, aquilo que em si é apetecível, também em si é bom sendo por isto mesmo, fim. O bem pode ser dito de três modos: primeiramente de um modo, a perfeição mesma da coisa se diz que é um bem dela, assim como a agudeza visual de diz um bem do olho, e a virtude se diz um bem do homem. Segundo, diz-se que é um bem a coisa que tem a sua perfeição, tal como o homem virtuoso, e o olho que vê com agudeza. E por último diz-se que é um bem o sujeito mesmo enquanto está em potência com relação a virtude, e a substancia do olho está em potência com relação à agudeza visual.

Deve-se dizer que o mal não se opõe ao bem em que se encontra, pois se encontra no bem que está em potência. O mal é privação, mas a potência não se opõe à privação nem a perfeição servindo antes de substrato a ambas. No entanto, Dionísio, vale-se deste argumento para mostrar que o mal não se encontra no bem como algo existente. O mal se encontra não se encontra no bem como algo positivo, mais pelo contrário, como uma privação.

ART. 3 – Se o bem é causa do mal, responde que não. Deve-se concluir que a causa do mal é o bem, do modo como o mal pode ter causa. Pois há que dizer que o mal não a pode ter per se. O que certamente se patenteia de três maneiras. Primeiro sem dúvida porque aquilo que tem causa per se é buscado pela sua própria causa. O mal enquanto mal não pode ser buscado, nem de modo nenhum querido ou desejado, dado que todo o apetecível tem razão de bem, ao qual bem se opõe ao mal enquanto tal. E segundo lugar, patenteia-se a mesma coisa pelo fato de todo e qualquer efeito per se ser de algum modo semelhante à sua causa, quer segundo uma mesma razão deficiente, como nos agentes equívocos, pois toda e qualquer causa agente atua em conformidade com o que está em ato, o que pertence a razão de bem.

E por último se esclarece a mesma coisa pelo fato de que toda e qualquer causa per se mantem certa e determinada ordem com relação ao seu efeito. Mas o que se produz segundo uma ordem não é um mal, não tendo lugar o mal senão quando se ignora a ordem. Não obstante, é necessário que o mal, de algum modo tenha uma causa. Podemos considerar que o mal é causado pelo bem de duas formas, primeiro, o bem é causa do mal enquanto é deficiente e segundo enquanto é per accidens.

Demonstraremos aqui a resposta da decima nona questão apresentada neste artigo para tentar nos esclarecer o problema deste artigo; deve-se dizer que a causa de um mal per accidens não um bem de que se é privado por um mal nem um bem que subjaz ao mal, mas um bem que é agente, o qual, ao introduzir uma forma, priva de outra.

ART. 4 – Se o mal se divide covenientemente em pena e culpa; parece que não, responde. Deve-se dizer que a natureza racional ou intelectual se relaciona com o bem e o mal de modo especial, diferente do das outras criaturas, dado que qualquer outra criatura se ordena naturalmente a algum bem particular; mas só a natureza intelectual apreende a razão mesma do bem em geral pelo intelecto, e tende ao bem em geral pelo apetite da vontade – e, por isso, o mal da criatura racional divide-se de modo especial em culpa e pena. Considerando esta divisão se conclui que, uma vez que o mal se opõe ao bem, é necessário que o mal se divida segundo a divisão do bem. Pena e culpa como nos apresenta a obra pode ser distinguidas de três modos; em primeiro lugar, sem dúvida, porque a culpa é um mal da própria ação, ao passo que a pena é um mal do agente; em segundo lugar a pena se distingue da culpa pelo fato simplesmente de que uma, a culpa, é conforme à vontade e a outra a, pena, é contra a vontade, como é patente pela autoridade, acima induzida, de Agostinho; e por último distinguem-se pelo simples fato de que a culpa existe na ação, ao passo que a pena existe na paixão, ou seja, chama a culpa o mal que fazemos e à pena o mal que padecemos.

ART. 5 – Se é a culpa ou a pena o que tem mais razão de mal; parece que é a pena. Respondendo a esta problemática Tomás nos responde: deve-se dizer que esta questão parece fácil, porque muitos, referindo-se às penas, só incluem as corporais, ou as que impõem uma aflição ao sentido, as quais indubitavelmente tem menos razão de mal que a culpa, que se opõe à graça e à gloria. Aqui Tomás vai demonstrar que por razões evidentes que a culpa simpliciter tem mais razão de mal. Primeiro, sem dúvida porque tudo o que faz um sujeito

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