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A QUESTÃO REGIONAL BRASILEIRA

Por:   •  7/5/2019  •  Artigo  •  3.787 Palavras (16 Páginas)  •  197 Visualizações

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A QUESTÃO REGIONAL NO BRASIL:

UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE

Alcides Goularti Filho1

Resumo

O objetivo desta nota é apresentar uma introdução ao debate sobre a

questão regional no Brasil a partir de vários enfoques: desconcentração

concentrada; articulação comercial e produtiva; desconcentração poligonal

e reversão da polarização; desconcentração fragmentada, e desconcentração

e inflexão econômica regional.

Palavras-chaves: economia regional brasileira – concentração e desconcentração

regional.

Classificação JEL: 0180

1 INTRODUÇÃO

Esta nota traz o debate recente sobre a questão regional no Brasil. O

texto enfoca as duas abordagens: a neoclássica, centrada na teoria da localização,

e a heterodoxa, centrada na formação histórica e na atuação do Estado.

O texto está dividido em três partes. Inicialmente serão apresentados os

fundamentos da teoria da localização e a busca pelo ponto de equilíbrio. Em

seguida, serão discutidos os resultados da pesquisas acadêmicas sobre a questão

regional brasileira numa perspectiva crítica dando ênfase à história econômica

e social e ao papel desempenhado pelo Estado. E, por último, será apresentada

uma breve consideração final.

1 Doutor em Economia pela UNICAMP e professor do Departamento de Economia da UNESC. E-mail:

alcides@unesc.rct-sc.br

Textos de Economia, Florianópolis, v.9, n.1, p.09-22 , jan./jun.2006

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Alcides Goularti Filho

Textos de Economia, Florianópolis, v.9, n.1, p.09-22 , jan./jun.2006

2 TEORIA DA LOCALIZAÇÃO: ABORDAGEM NEOCLÁSSICA

Na literatura sobre economia regional dentro de uma perspectiva

neoclássica destaca-se principalmente a Teoria da Localização, que tem

como referência os trabalhos de J. H. Von Thünen (1826), Alfred Weber

(1909) e August Lösch (1940). Para esses autores, as características

locais definem a viabilidade ou a inviabilidade para realizar um investimento.

Numa simples análise de custo/benefício, as abordagens neoclássicas

tornam a localização determinante na maximização do lucro buscando

o ponto ótimo de localização que minimize os custos para chegar

ao equilíbrio (LEME, 1982).

Para Weber (1909), as matérias-primas são distribuídas desigualmente

no espaço, sendo assim a localização de uma unidade produtiva será determinada

pelo menor custo de produção, tendo o transporte como o fator

mais preponderante na composição dos custos, ao contrário da mão-deobra

que tem oferta ilimitada. Weber (1909) trabalha com concorrência

perfeita e coeficiente de produção fixo, isto é, nega a crise. Já Lösch, “concentra-

se mais no lado da demanda, da receita, relegando a plano secundário

as variações de custos” (AZZONI, 1982). Para Lösch (1940), a renda e

os fatores de produção são distribuídos de forma uniforme e a localização

dos investimentos está dentro de uma área previamente determinada e a

maximização dos lucros é que define a localização. Thünen, o pioneiro na

teoria da localização, voltou seus estudos mais para a agricultura, afirmando

que a localização das atividades agrícolas dá-se no entorno de uma área

urbana, que é independente do restante do sistema econômico (LEMOS,

1988). A partir dessa análise, brotou a idéia de “anéis de Thünen”, que são

“circunferências em torno da cidade, cada uma delas delimitando a área de

cultivo de um produto” (AZZONI, 1982). A fertilidade da terra, segundo

Thünen, é distribuída de maneira uniforme.

Destaca-se nessa escola a ilusão de que os recursos são distribuídos de

forma uniforme e que o equilíbrio regional será naturalmente alcançado, ficando

a cargo da “mão invisível” alocar os recursos nas regiões que têm

mais capacidade e “sensibilidade” para receber os investimentos, os quais

em seguida serão espraiados para outras regiões menos capacitadas, gerando

desenvolvimento uniforme.

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A questão regional no Brasil: uma introdução ao debate

Textos de Economia, Florianópolis, v.9, n.1, p.09-22 , jan./jun.2006

A Teoria da Localização foi sintetizada por Walter Isard (1956), para

quem a teoria, até então, tratava apenas de modelos particulares e sua função

foi torná-la geral. Isard elabora um modelo de minimização de custo e de área

de mercado (variação espacial da receita) unificando-os no final (AZZONI,

1982). É daí que nasce

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