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O mestre ficará orgulhoso

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Por:   •  21/4/2014  •  Resenha  •  1.035 Palavras (5 Páginas)  •  163 Visualizações

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O Mestre ficará orgulhoso

Corria por campos floridos, os mais belos arabescos enfeitavam o ar noturno com uma glória angelical. A relva, verde, salpicada pelo o orvalho fresco brilhava intensamente sob a Lua prateada, mais radiante do que nunca. Queria que aquele momento durasse para sempre, queria poder prolongar toda a sua pequena existência, queria... Apenas queria, e isso não era o bastante. Num instante tudo começou a ruir e desbotar, as flores murcharam, corpos jogados surgiram, agonizantes, murmúrios indecifráveis e risadas demoníacas cortavam as sombras que se apossavam de seus arredores. As coisas tomavam forma à sua volta, uma porta surgiu das trevas, aberta, como nunca antes estivera, com a visão delirante ainda dando voltas nas órbitas perdidas, ele a atravessou.

O corredor mal iluminado era, de certa forma, reconfortante. Caminhava lentamente, os olhos pesados, a mente confusa, o corpo dolorido, não se lembrava de como ou porque estava ali, não se lembrava de muita coisa. Mesmo assim continuou, passo após passo, encontrava certa dificuldade em movimentar as pernas, por mais simples que isso parecesse... Ouviu gritos, sentiu frio, sentiu medo. Eles não sabiam, eles não podiam, não podiam... Não conseguiam compreender, não! Eles não. Mas já era tarde, tentou fugir, os braços presos enroscaram-se nas grossas correntes, os homens de branco vieram, correndo, gritando, xingando. Arrastaram-no de volta ao quarto, a porta bateu, a luz oscilante, antes muito fraca, se apagou.

...

Escuridão... Era isso desde aquele dia. Eles sabiam coisas, coisas que se ligavam a ele, talvez, nada mais que suposições de seu intelecto debilitado. Focava-se em relembrar, e era difícil, como se o próprio corpo negasse cooperar. Precisava, precisava saber, precisava encontrar aquilo... Sim, aquilo... O que era aquilo? O que era tudo aquilo? Nada fazia sentido, nada era lógico. Seus delírios e lapsos de insanidade se tornavam cada vez mais frequentes, tentara de tudo, parar de comer, parar de beber, e isso só o fez piorar. As alucinações vinham contra sua vontade, súbitas e dolorosas, como um golpe de machado em seu crânio, em sua alma. Tentou se controlar, como sempre, em vão... Estava lá outra vez.

A felicidade, a harmonia, a paz... Tão real, tão belo... E logo tudo era arrastado para longe se dissolvendo em fumaça, chegavam os corvos, tão negros quanto a própria noite ao esvoaçar à sua volta deixando rastros gelados de matéria escura, o horror se alastrava, corroendo o mundo como o tempo corrói o aço, sufocando e aprisionando seu ser num mar de desespero. Voltava a si, e pensava estar sozinho na insegurança intimidadora de seu cativeiro quando o quarto acordava, as paredes enegrecidas e disformes devido à ausência de luz se aproximavam lentamente, ameaçadoras. Os olhos, já abertos, se perdiam no breu absoluto, não era mais capaz de imaginar a luz, as cores, a vida. Fitou firmemente o lugar onde acreditava haver a porta: “Por que fazem isso comigo?”. Pálpebras cansadas insistiam em se fechar, ele as mantinha abertas, com esforço, o máximo que lhe era possível.

Subitamente, um filete de uma tênue luz clara surgiu, aumentando aos poucos conforme invadia as trevas com seu esplendor. Relutava em acreditar no que via, temia voltar ao inferno, aos pássaros murmurantes rodeando seu corpo moribundo, esperando... Sussurrando... A luz invadiu completamente o lugar, clara e poderosa como um raio de Sol tocando as primeiras nuvens da manhã. A silhueta que se segui, esticando-se lentamente pelo chão manchado, não foi a mais encorajadora das visões. Tampouco a criatura que a projetava.

Uma túnica alva cobria parte de seu corpo e uma touca, o resto. Não havia sequer indícios de qualquer forma de vida conhecida por detrás daquele invólucro de tecido. Apenas duas pequenas fontes luminosas ardendo friamente no

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