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O processo de industrialização brasileira

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Por:   •  1/10/2014  •  Trabalho acadêmico  •  7.485 Palavras (30 Páginas)  •  322 Visualizações

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Introdução

As Cidades Brasileiras no passado, mais precisamente na década de 40, eram vistas como a possibilidade de avanço econômico e modernidade em relação ao campo que representava o Brasil arcaico e atrasado. A partir dos anos 90, essa imagem das cidades brasileiras passa a ser diretamente associada à violência urbana, poluição, congestionamento, prostituição, tráfico de drogas, economia informal, desigualdades sociais e forte exclusão social.

O processo de industrialização brasileira que foi fortemente acompanhado por um acelerado processo de urbanização deveria pelo menos na teoria, representar um caminho para o crescimento econômico do país e amo mesmo tempo significar o fim de séculos de dominação política e econômica da elite agrária oligárquica que impedia que esse processo se realizasse. No entanto, a evolução dos acontecimentos, mostrou um outro caminho, pois ao lado do intenso crescimento econômico, surgiu um processo de urbanização excludente com crescimento das desigualdades sociais que resulta numa gigantesca concentração espacial da pobreza.

Não foi só o governo. A sociedade brasileira em peso embriagou-se, desde os tempos da abolição e da república velha, com as idealizações sobre o progresso e modernização. A salvação estar nas cidades, onde o futuro já havia chegado. Então era vir para elas e desfrutar de fantasias como emprego pleno, assistência social providenciada pelo Estado, lazer, novas oportunidades para os filhos...Não aconteceu nada disso, é claro, e, ao poucos, os sonhos viraram pesadelos (SANTOS, 1996; p.2).

A industrialização deveria representar oportunidades de emprego e geração de renda para a população imigrante do campo que buscavam fugir dos problemas crônicos do espaço agrário brasileiro, dominado pela concentração fundiária e espoliação do trabalhador rural. Nesse sentido, a cidade industrial se tornava uma grande miragem, ou seja, um grande sonho de mudança para a população pobre que vinha do campo. Por outro lado o que assistimos foi a uma forte exclusão social que tem sua expressão mais concreta na segregação sócio-espacial das metrópoles, configurando pontos de bolsões de pobreza e miséria disseminadas no espaço urbano, como os "guetos", favelas, periferias e áreas de baixadas das grandes cidades.

A segregação sócio-espacial é uma das características mais marcantes da exclusão social, pois o espaço é separado de acordo com o nível de renda e prosperidade econômica. Nesse sentido temos uma parte cidade ligada ao capital, à modernidade e uma outra parte ligada à síndrome do medo, da insegurança e da instabilidade. Nesse aspecto a exclusão social nas cidades é marcada pela dificuldade de acesso aos serviços de infra-estrutura urbana (transporte precário, saneamento básico deficiente, drenagem inexistente, problemático sistema de abastecimento de água, difícil acesso aos serviços de educação, saúde, habitação e maior exposição para enchentes e desmoronamentos, etc.) e também menores oportunidades de emprego formal, de profissionalização, maior exposição à violência urbana, a injustiça social e o preconceito racial.

De fato, a urbanização brasileira pelo fato de ser acelerada e concentrada nas grandes metrópoles, intensificou a exclusão social que passa a se manifestar no interior das grandes cidades diferenciando o uso do solo urbano e aumentando as desigualdades sociais.

Para Castells (1996: 98), exclusão social é o processo pelo qual determinados grupos e indivíduos são sistematicamente impedidos de acesso a posições que lhes permitiriam uma existência autônoma dentro dos padrões sociais determinados por instituições e valores inseridos em um dado contexto. Em circunstâncias normais, no capitalismo informacional, tal posição em geral está associada à possibilidade de acesso ao trabalho remunerado e com relativa regularidade a, pelo menos, um membro de um lar estável. A exclusão social é, de fato, o processo que priva alguém do direito ao trabalho no contexto do capitalismo.

O tema da exclusão social não é passível de mensuração, porém pode ser caracterizada por indicadores como a informalidade, a irregularidade, a ilegalidade, a pobreza, a baixa escolaridade, o desemprego, a raça, o sexo, a origem e, principalmente, a inexistência de cidadania. Porém, é um processo e não uma condição, como ressalta Castells (1996: 98-99):

A exclusão social é um processo, não uma condição. Desse modo, seus limites mantêm-se sempre móveis, e os excluídos e incluídos podem se revezar no processo ao longo do tempo, dependendo de seu grau de escolaridade, características demográficas, preconceitos sociais, práticas empresariais e políticas governamentais. Além disso, embora a falta de trabalho regular como fonte de renda seja, em última análise, o principal mecanismo em termos de exclusão social, as formas e os motivos pelos quais indivíduos e grupos são expostos a dificuldades/impossibilidades estruturais de prover o próprio sustento seguem trajetórias totalmente diversas, porém todas elas correm em direção à indigência [...]. Ou ainda, simplesmente, analfabetismo funcional, ilegalidade, falta de dinheiro para aluguel, o que acaba transformando o individuo em um sem-teto, ou puro azar com um chefe ou policial, desencadeando uma série de eventos que atira a pessoa (e, muitas vezes, sua família) à margem da sociedade, habitada por farrapos humanos.

A exclusão social tem a capacidade de atingir tanto pessoas quanto territórios de forma que, sob algumas condições, países, regiões, cidades e bairros inteiros são excluídos, relegando a tal exclusão a maioria ou a totalidade de suas populações. É Nesse aspecto que o sistema capitalista se manifesta nas cidades, pois de um lado a cidade mercadoria e do outro a cidade precária, todas inseridas num sistema que inclui e exclui ao mesmo tempo a sociedade e recriando espaços sócio-espacialmente segregadas.

O tema da exclusão social é um dos temas mais discutidos no mundo, a pobreza passou a ser uma preocupação global nos dias atuais, principalmente pelas grandes potências que se preocupam com o problema da imigração e o forte crescimento do desemprego estrutural em suas cidades, como também preocupação de partidos políticos, organizações não governamentais e da Igreja. Com isso, essa discussão passou a ser uma bandeira levantada por muitos que se beneficiam do discurso de combate a esse grande mal que assola o mundo globalizado.

Tratando-se de uma escala nacional, a exclusão social como já foi ressaltada, se mostra bem mais evidente nas regiões metropolitanas das grandes cidades brasileiras, principalmente nos espaços rejeitados pelo mercado

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