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Resenhas de História do Brasil

Por:   •  28/6/2017  •  Resenha  •  7.040 Palavras (29 Páginas)  •  386 Visualizações

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Aula 9. História da Vida Privada no Brasil

Famílias e Vida doméstica - Leila Mezan Algranti

A organização familiar e a vida doméstica são fatores bastante importantes no que responde a formação da sociedade brasileira nos primeiros séculos da colonização, e alguns fatores são apontado logo no primeiro capítulo.

- distância entre metrópole e colônia = divisão entre membros de famílias

- falta de mulheres brancas – para se casar

- escravidão negra e indígena

- constante expansão do território

- precariedade de recursos na colônia

De modo geral aponta-se a precariedade em que viviam as famílias, isentas dos altos padrões de moradia, alimentação e hábitos domésticos de que dispunham na Europa. Além disso, a vida estratificada entre brancos e negros, livres e escravos, dificultava o encontro de um padrão de vida.

Para compreender é preciso se desprender da questão da família e cuidar do aspecto dos domicílios. Esses eram compartilhados por núcleos familiares diferentes e escravos, outros compunham-se por agregados e parentes próximos.

Dadas as diferentes formações nucleares que passavam desde um núcleo com escravos até padres cm concubinas, que é preciso entender o casamento como uma instituição primordialmente da elite. O casamento dignificava as pessoas.

Analisa os espaços de intimidade – a moradia – e as relações em seu interior.

Traz a informação de diversos registros sobre as moradas coloniais no mundo rural como no urbano. Destaca que as diferenças trazidas tratam não apenas dos materiais usados na construção, mas também na divisão interna dos espaços, na forma de morar dos mais humildes e dos mais privilegiados. “A casa é o palco permanente das atividades condicionadas à cultura de seus usuários.” Pág. 90

Nos primeiros três séculos, as moradas se apresentavam bastante simples, pois a colônia foi inicialmente povoada por pessoas com poucos recursos. Havia homogeneidade nas construções, com casas feitas de barro, madeira ou pedras de apenas um andar. Os sobrados surgiram mais tarde em consequência da diversificação da economia e do crescimento urbano.

Algumas se constituíam da forma mais simples e outras, de colonos contavam com salas grandes, inúmeros quartos e até criação de animais nos fundos da casa, além de hortas.

As casas tinham bem delimitadas as dependências intimas da família e os espaços que os visitantes poderiam ocupar. As grandes distâncias e o parco povoamento transformaram a hospitalidade em uma necessidade para o mundo colonial. Mas isso não quer dizer que o visitante estaria imerso na vida privada, mas havia na realidade, um espaço (na varanda ou um quarto ligado a ela) reservado para os hóspedes.

Os espaços dos pomares e dos quintais também são bastante citados. Eram espaços importantes para a manutenção da vida privada dos indivíduos. Das senzalas, aparecem apenas quando há um número relevante de escravos.

A divisão interna das casas muitas vezes não propiciava intimidade, contudo, os jardins, também entendido como ambientes para tranquilidade e solidão, transformaram-se em local de fiscalização do lazer das mulheres da elite por seus familiares.

A privacidade foi por tempos preservada através do uso das treliças e das rótulas, embora, com o moderno uso das folhas de vidro tenham sido abandonas, o que prova que não era necessariamente para manutenção da intimidade e da vida privada.

As casas nos servem de material para a compreensão da vida na colônia, mas nas casas mais pobres, é possível observar uma superposição de funções e atividades nos cômodos que atravancavam a existência da vida intima.

A visão que chega até nós da realidade das casas mais pobres (pag. 100) é a de estrangeiros, dado o fato de não ter havido registros pessoais sobre as condições de moradia na colônia.

Nas casas mais ricas, é possível afirmar que a intimidade era falha, pelo fato de que os quartos eram interligados entre si sem um espaço comum (como um corredor), mas para se acessar um, era preciso atravessar outro.

A cozinha é um outro aspecto da vida colonial que denota a existência dos espaços comuns e privados. Desde sempre fora construída fora do ambiente domésticos, em cômodo separado, como forma de delimitar o espaço dos patrões e dos escravos. Com o passar do tempo, começou a ser construída adjacente à casa, sem deixar a cozinha externa, a cozinha “suja”, que era ainda utilizada para cozinhar doces por horas. A “cozinha limpa” de dentro passou a existir com mais frequência à medida que as refeições e os momentos em família começaram a ser mais importantes. Capelas foram substituídas por oratórios, para uso individual. Esse é um sinal da vida íntima em ascensão.

Nem sempre a condição social dos indivíduos determinava a divisão dos cômodos da casa. As pessoas tinham a sala como quarto, ao mesmo tempo composta por cadeiras e bancos para sentar e redes para dormir. O mobiliário era escasso nos primeiros séculos na colônia que chegava-se ao ponto de dividir entre os herdeiros cadeiras com estofados rasgados e bancos quebrados. Mas a partir do século XIX, com a chegada de mobiliário nos portos, os antigos começaram a ser substituídos.

Se as casas dos colonos eram parcamente mobiliadas, as senzalas eram menos ainda. Um relato diz que havia uma esteira, uma cumbuca e uns potes de barro no “lar” de um casal negro. O autor retoma a importância de se observar o emprego da palavra lar, pois apesar da pobreza e da promiscuidade é no interior do lar que se dá a intimidade.

A falta de conforto na vida dos colonos podia estar ligada a visão de vida de caráter passageiro.  Voltar para o Reino era o que desejavam muitos dos que aqui estavam. A essa questão, alia-se o trabalho árduo pela sobrevivência, o que não deixava tempo para preocupação com requintes. Mas, antes de tudo, é preciso pensar que havia ainda o reduzido interesse em uma vida íntima numa sociedade marcada por formas muitos restritas de sociabilidade. Isolamento podia tanto incentivar a intimidade como bloqueá-la.

Formas de sociabilidade no ambiente doméstico.

        A sociabilidade se encontrava inicialmente fora dos espaços domésticos, fosse na rua ou igreja, a interação social era em festas religiosas com missas e procissões. Os contatos dentro de casa ocorriam, para aqueles das zonas mais interioranas, quando recebiam um forasteiro em casa. Era o único contato com o mundo externo de que dispunham.

        Tanto para ricos, como para pobres, as atividades cotidianas eram marcadas pela luz solar. Levantava-se quando o sol nascia, descansava-se quando estava a pino e dormia-se quando ele se punha. As velas eram apagadas cedo para economia e o escuro impedia uma maior convivência entre os indivíduos.

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