O Atlântico e as modernidades alternativas
Por: Gabriel Souto de Aragão • 18/5/2025 • Resenha • 1.310 Palavras (6 Páginas) • 9 Visualizações
Fichamento - A época moderna cap. 6: O Atlântico e as modernidades alternativas - José Carlos Vilardaga e Rodrigo Faustinoni Bonciani (p. 179 - 204)
A Modernidade Ocidental foi fundada pelo atlântico (p.179)
- Reorientou as relações político-econômicas do Mediterrâneo para a imensidão do Mar Oceânico que interligava continentes em uma proporção nunca antes vista
Os autores utilizam um pouco da perspectiva de que essa expansão foi constituída na tentativa da criação de uma república universal cristã
Portugal teria dado início a esse movimento com a exploração colonial das ilhas atlânticas da Madeira e dos Açores e o contorno do continente africano, mas foi com a participação da coroa de Castela, no fim do século XV, que essas rotas se expandiram e se tornaram complementares: contorno da áfrica e a rota pelo oeste (Américas)
As duas principais formas que a historiografia europeia abordou o tema foram:
- Francesa da escola dos annales, estabelecida a partir dos trabalhos de Braudel sobre o mediterrâneo, priorizou uma abordagem geo-histórica, primordialmente econômica e de longa duração
- a partir de uma perspectiva de geopolítica oriunda do Império Inglês, utilizou-se de uma história política e social
O fascínio do Mar Tenebroso (p.182)
O oceano gerou temor, fascínio e curiosidade em diversas culturas
- foi isso que possivelmente atraiu os seres humanos mar adentro.
Na tradição greco-romana, o oceano era o fim da civilização, lugar onde o sol se punha, regido pela escuridão. (p.183)
- acreditavam que existia um só mar que encobria todo o mundo.
No medievo, que foi-se expandindo um imaginário de mar tenebroso.
- no imaginário cristão, era os mares que circundavam o mundo, eram perigosos e tempestuosos, locais de onde vinham os dilúvios punitivos, locais de morte e doença.
Na contrapartida islâmica, embora fossem hábeis navegadores - tendo conhecido ilhas atlânticas bem antes dos europeus -, concordavam que se tratava de um lugar tempestuoso, imprevisível e, por vezes, maléfico. (p.184)
Uma lenda que circundou as mentes europeias por um longo tempo foi a da Ilha Brasil
- local “descoberto” por São Brandão e que teria características parecidas ao paraíso
“Antes de ser descoberto, o atlântico foi imaginado” (p.184)
Em fins da Idade Média, a navegação pode ter sido interpretada enquanto uma viagem de redenção
No século XV, os relatos dos navegantes ainda carregavam uma forte carga mitológica proveniente desses séculos de construção de imaginário. (p.185)
A navegação atlântica entre técnicas e tratados
O imaginário indígena materializou os portugueses como sendo o peixe que movimentava os mares: Caramuru
Iniciado com o avanço portugês em Ceuta, o processo teve como apoio o imaginário construído pela literatura e cultura europeia: a literatura de cavalaria
- além disso, o ideal cruzadístico pairava nas mentes portuguesas do período (p.186)
Um misto de interesses civilizatórios e mercantis moveram essa empreitada
Tecnologias de seus antigos dominadores, os mouros, foi adaptada e utilizada no processo de inovação tecnológica para as navegações.
Açores e Madeira agiram enquanto uma plataforma emulativa do que viria a ser a empreitada colonial nas américas
Colombo estava entre a cruzada e a mercadoria (o choque dos mundo moderno e medieval)
Quem primeiro orientou o ocidente foi o oriente
- diz isso no sentido de que a navegação do atlântico se tornou urgente após a queda de Constantinopla na mãos dos Turcos Otomanos, em 1453 (p.187)
O interesse em chegar ao oriente mesmo que contornando a América continuou impulsionando os interesses de exploração da costa do continente (p.190)
O Ocidente ter orientado o Oriente
- quer dizer que após o empreendimento do périplo americano pela expedição de Fernão de Magalhães, foi possível ter acesso ao oriente por duas rotas distintas.
- inaugurou-se uma nova geopolítica de escala global
- dois mundo novos se abriram à curiosidade ocidental
- o oceâno atlântico, como os demais, foi um espaço de cruzamento e hibridismo, mais ou menos violentos, entre culturas e entre os seres humanos e a natureza.
O atlântico e as modernidades
O processo colonizador gerou uma vasta gama de narrativas acadêmicas e culturais - segmentadas e totalizantes sobre as diferentes territorialidades e povos das “quatro partes do mundo”
Essa criação imagética transformou a visão provinciana e particular - a euro-ocidental - em uma fantasia de pretensões universais
- essa fantasia, a autoimagem produzida pelo Ocidente, é o que chamamos de Modernidade Ocidental
O reconhecimento e construção de outras modernidades só é possível com uma análise e desconstrução crítica dessa autoimagem
- contrapondo-a com as narrativas das diversas sociedades silenciadas ao longo da história.
Primeiramente, é importante reinterpretar e rever mitos do descobrimento e da colonização europeia
- as sociedades que aqui estavam, também tinham suas próprias histórias e concepções históricas
Quem iniciou a invasão foram as doenças. Após elas, vieram as armas e a destruição em escalas nunca antes vistas o “frenesi de morte” (p.191)
- Com sua nova forma de fazer guerra, criou-se uma visão deles. A visão dos originários perante os colonizadores era de que eles não respeitavam os deuses, cerimônias, velhos ou crianças. Nada.
Apesar disso, não eram nada quando comparados à imensidão do continente.
- a expansão, conquista e mudança cosmológica desse território foi muito mais lenta do que imaginamos.
- A conquista é um fenômeno de longuíssima duração - e continua.
Entendê-la dessa forma, é compreender que ela não é um processo isolado, mas sim a junção de mecanismos e estratégias que se modificam e perduram ao longo da história. (p.192)
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