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A Breve abordagem da representação da mulher em produções cinematográficas e de propaganda

Por:   •  7/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.797 Palavras (8 Páginas)  •  309 Visualizações

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Breve abordagem da representação da mulher em produções cinematográficas e de propaganda

Caroline Simões Sousa
UNIFAL-MG
carolinesimoessousa@gmail.com

Diversas são as representações sobre as mulheres nos dias de hoje. Mulheres fortes e que atuam como principais personagens em seus papéis no cinema e na televisão hoje, refletem muito o momento em que vivemos de questionamentos e confrontos entre formas cristalizadas de atuação na sociedade atual. Michelle Perrot nos mostra como o foco sobre a história das mulheres mudou com o decorrer do tempo e que

“Partiu de uma história do corpo e dos papéis desempenhados na vida, privada para chegar a uma história das mulheres no espaço público da cidade, do trabalho, da política, da guerra, da criação. Partiu de uma história das mulheres vítimas para chegar a uma história das mulheres ativas, nas múltiplas interações que provocam a mudança. Partiu de uma história das mulheres para tornar-se mais especificamente uma história do gênero, que insiste nas relações entre os sexos e integra a masculinidade. Alargou suas perspectivas espaciais, religiosas, culturais. ” (Perrot, 2006. p.15).

Perrot afirma que o silêncio imposto às mulheres foi o mesmo silêncio que calou também diversas outras partes da sociedade mundial que não atendiam ao padrão social de determinadas épocas e que assim não mereciam fazer parte da escrita da história “oficial”. Mas esse silenciamento atingia as mulheres de forma mais opressora, pois, à mulher, não cabia o espaço público, a ela era negado a possibilidade de ser vista e intervir nesse espaço “o único que, por muito tempo, merecia interesse e relato. ” (Perrot, 2006 p. 16). O silenciamento da mulher se deu também, de acordo com Perrot, pela sua invisibilidade publica já que eram pouco vistas, não se falava dessas mulheres e não importava o que as mesmas produziam, a dificuldade de encontrar fontes foi um empecilho gigante para que pudesse ser escrito uma história das mulheres que fosse baseado em fontes escritas ou produzidas por mulheres. A escrita chegou tardiamente as mulheres, assim suas produções mais comuns, os diários e cartas, já são raros, e mais raros ainda os que não foram destruídos pelas próprias autoras temendo que algo que fora escrito ferisse a sua honra após sua morte, fazendo que a queima do material fosse algo comum entre as mulheres mais velhas.

A representação das mulheres partia sempre do olhar masculino, então é possível perceber dessas representações também que “elas nos dizem mais sobre os sonhos ou os medos dos artistas do que sobre as mulheres reais” (Perrot, 2006 p.17) confirmando uma discrepância entre as representações e as mulheres reais, as quais não era dada a chance de falar para que fossem contadas ou descritas. A representação de viés machista e cheio de estereótipos é possível ser encontrada em obras de filósofos e cronistas por toda a história.

O corpo da mulher amedrontava e ainda hoje em alguns lugares ainda é tabu, deve ser coberto para não seduzir nem ser invejado pelo sexo oposto. Ao corpo feminino destina-se as propagandas em jornais e revistas sobre a beleza que se espera encontrar em uma mulher, e que é cada vez mais reforçada por propagandas onde são apresentadas mulheres de corpos esbeltos, bronzeado uniforme e cabelos sedosos. Para obter esses componentes, que qualificam uma mulher perfeita fisicamente, a interessada deve submeter-se a dietas e ao uso de medicamentos e a produtos de maquiagem para tentar aproximar-se da perfeição necessária para ser considerada mulher e evitar o envelhecimento.

A elegância e discrição são outras características a serem adquiridas pelas mulheres que buscam uma boa visibilidade social, onde a boa educação e disciplina de seu corpo são imprescindíveis para não cometerem atos embaraçosos que possam comprometer a honra própria e até mesmo a da família.

Denise Bernuzzi de Sant’Anna, no capitulo “Cuidados de si e embelezamento feminino: fragmentos para uma história do corpo no Brasil” presente no livro Politicas do Corpo, apresenta a forma como a vaidade passou a ser entendida como sinônimo de beleza e elegância e quase que indispensável ao longo dos anos com a difusão de propagandas que visavam influenciar o consumo de medicamentos e produtos de beleza importados e naturais que começavam a surgir no Brasil no século XX. A autora diz que a forma de entender e de produção da necessidade do embelezamento está sempre em movimento, sempre sendo alterado e que

“Compreender essas mudanças implica perceber a coerência das representações que, ao longo do tempo, acentuam a repulsa pelas aparências consideradas feias. Nesse sentido, o embelezamento feminino tem história. Da medicina ao esporte, passando pela higiene e pela moda, esta história é heterogênea, pouco explorada embora ela trate de uma preocupação ao mesmo tempo antiga e contemporânea. ” (Sant’Anna, 1995)

A autora diz que o embelezamento das mulheres e a repulsa pelo que é considerado feio não parte apenas da necessidade de adaptação das mulheres ao que estava na moda, mas também, fazer com que as elites brasileiras, que em grande maioria eram os consumidores dos produtos de beleza no início do século passado, perseguissem o sonho de serem modernos e igualar-se aos norte-americanos e europeus. A autora aborda os mais diversos “defeitos” que eram “tratados” com remédios “milagrosos” que serviam para “ ‘afinar a cintura’, ‘branquear a pele’, ‘tirar pelos’ ou ‘escurecer os cabelos brancos’ ” (Sant’Anna, 1995 p.123). A autora explica que além das prescrições medicas a moral católica também era uma grande determinante dos moldes de beleza, já que não permitia que a mulher exagerasse na maquiagem e que devia usar apenas joias, chapéus e luvas para não transparecer uma moral duvidosa, já que apesar de todas as formas que eram apresentadas para a obtenção de uma boa aparência a beleza era um dom divino, que nunca seria igualada com o uso de produtos embelezadores, devendo ser resguardado o uso dos produtos para as nem tão belas em situações extraordinárias como eventos e celebrações (Sant’Anna, 1995 p.125).

A representação da mulher em pinturas, filmes e na televisão foi, e é, voltada para o belo e com isso era/é cobrada a perfeição das modelos e atrizes. A representação feita pela indústria cinematográfica por exemplo, na perspectiva de Mônica Kornis, tem um grande valor ao historiador interessado em compreender as representações por esse meio de comunicação já que “o valor do filme para o historiador reside na sua capacidade de retratar uma cultura e dirigir-se a uma grande audiência na condição de meio de controle social e de transmissor da ideologia dominante da sociedade” (Kornis,1992 p.247). O cinema, antes um meio de difusão de ideias que atingia em sua maior parte pessoas de alta classe social, hoje consegue abranger um maior número de pessoas vindas de classes sociais distintas e sua relevância para a formação de opiniões e comportamentos deve ser considerada ao falarmos das representações que esse meio nos traz. A autora traz alguns questionamentos sobre o cinema que o historiador ao trabalhar com essa fonte deve fazer como: “[...]o que a imagem reflete? ela é a expressão da realidade ou é uma representação? qual o grau possível de manipulação da imagem?” (Kornis, 1992. p.237)

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