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A CASTA MALDITA

Por:   •  10/9/2018  •  Projeto de pesquisa  •  945 Palavras (4 Páginas)  •  196 Visualizações

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CASTA MALDITA

Durante toda a minha vida, morei em um bairro ilegal em Nova Deli, triste de se ver. Lembro da poeira das ruas esburacadas e estreitas, fios de telefones e eletricidade emaranhados entre prédios de tijolos mal construídos e sem uniformidade. O esgoto? Transbordava de canais abertos. E havia gente, muita gente nas ruas, nas portas das casas, em todo lugar, todos nomeados Dalit. Essa era minha marca, esse foi o meu fardo. Será que cometi algum pecado tão grave para ter que suportar tudo isso? Não, apenas não recebi a bênção dos deuses.

Por ser muito pobre, minha infância se resumiu em trabalho, mas não qualquer tipo de trabalho, eram os mais humilhantes, os que ninguém queria fazer. Já fui humilhado a ponto de um animal irracional receber mais respeito que eu, um ser humano. Isso é uma coisa normal aqui, mas enfim, vou contar uma das minhas experiências.

Um dia comum, como todos os outros,saímos cedo para trabalhar. O trabalho não era agradável, mas era a única saída para a sobrevivência da minha família. Naquele dia, trabalhei somente com os animais, enquanto meus pais cuidavam da limpeza das ruas e das casas de banho.

A primeira e única casa em que trabalhei naquele dia, Pertencia a um Brahmin, dono de uma grande fazenda,a qual possuía muitas cabeças de gado. Enquanto cuidava da vaca preferida do patrão,comecei a lembrar dos momentos que passei na escola e todas as palavras e humilhações vindas de “colegas” e professores. A pior delas foi quando, ao ser expulso da sala, 3 garotos de casta média, me arrastaram para o banheiro. Nem pude ter alguma reação , mas a dor foi insuportável quando senti algo de madeira sendo introduzido em meu corpo, foi o pior sentimento do mundo , que guardaria para sempre dentro do meu consciente. Após esse terrível acontecimento, nunca mais voltei a frequentar a escola.

Por um instante de distração, a vaca se soltou e saiu correndo. Sem rumo, acabou pulando a grande janela da sala e caiu no chão. Saí correndo desesperado, mas ja era tarde, porque a vaca estava sangrando muito. Mas que pecado! Por minha culpa, um animal sagrado morreu e eu nunca vou ser perdoado, ao menos que eu vá ao templo.

Quando meu patrão chegou, nem precisei contar o ocorrido, pois ele ja havia visto o sangue e o cadáver na frente da casa. Com muita furia nos olhos, o homem veio para cima de mim com um chicote e começou a me açoitar, como um boi no matadouro. A força das chicotadas variavam de acordo com a intensidade do meu choro.

Meus pais estavam em frente ao portão, mas não puderam fazer nada, já que não tinham autorização para entrar na residência. Depois de muito tempo, o chicote foi jogado no chão e o homem sentou em uma de suas poltronas para descansar. Por alguns minutos, uma dor insuportável tomou conta dos meus braços e se espalhou pelo corpo, causando em mim grande aflição. Para piorar, o homem se levantou, jogou em mim uma rupia, e me expulsou da residência, aos chutes.

Chorando, fui ao encontro dos meus pais e contei o ocorrido, detalhadamente esperando uma palavra de consolo ou ânimo, mas não foi isso que recebi. Muito pelo contrário, eles me disseram que fui açoitado pelos próprios deuses, como forma de castigo pela morte de um animal sagrado.

Voltando para casa, passamos em frente ao templo, lugar o qual eu não deveria nem ter pensado

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