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A Condição Humana

Por:   •  8/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  3.261 Palavras (14 Páginas)  •  201 Visualizações

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A condição Humana

Este trabalho traz algumas questões e reflexões presentes na obra A condição Humana de Hannah Arendt especificamente referente ao capitulo VI – A vida Activa e a Era Moderna.

Segundo a autora o inicio da Modernidade se deu a partir de três acontecimentos: A descoberta da America, a reforma protestante e a invenção do telescópio[1].Esses eventos trouxeram um grande impacto para a modernidade: O de tornar possível a expansão dos limites territoriais para além de uma terra habitada.

A terra a partir das explorações e navegações permitiu o conhecimento numa velocidade que eliminou a importância da distancia e possibilitou a compreensão do homem e trouxe a sensação de pertencimento terreno. O conhecimento geográfico trouxe como conseqüência o sentimento de distanciamento do homem com a Terra,se dá o que a autora descreve como alienação do homem com o mundo. A alienação pode ser compreendida como um afastamento que se caracteriza como um rompimento ou não reconhecimento do pensamento em relação à realidade.

A alienação é fundamental para a compreensão da Era Moderna. Essa afirmativa se da em virtude da natureza secular da alienação, que não se confunde com a mundanidade, a qual diz respeito ao enfático interesse das coisas do mundo ou uma perda da fé. Esta secularização vincula-se a atitude dos cristãos, a qual é demonstrada nos escritos bíblicos “dar a Cesar o que é de Cesar “[2]dando assim a separação Igreja e Estado/Religiãoe Política.

A história moderna apresenta um homem voltado pra dentro de si, estreando a alienação como forma de se relacionar com as coisas do mundo, ressalta a autora.  A medição cartesiana confirma essa idéia de alienação do homem que se volta pra si e se desprende do exterior.

“Fecharei agora os olhos, tamparei meus ouvidos, desviar-me-ei de todos os meus sentidos, apagarei mesmo de meu pensamento todas as imagens de coisas corporais, ou, ao menos, uma vez que mal se pode fazê-lo, reputá-las-ei como vãs e como falsas.”

O processo de alienação humana em relação ao mundo é aprimorado no período do declínio da idade media e da formação do estado nação, objetivamente com esse evento da expropriação dos grupos agrários para a criação da mão de obra do sistema capitalista. Esta nova estrutura econômica precisava de uma classe trabalhadora voltada para as necessidades da vida, conjugado com o fato da sua liberdade.Esse processo desencadeou a apropriação e atividades voltadas para o acúmulo de riquezas.Com isso criou-se uma classe desprovida de posses[3].Com essa mudança na estrutura social a proteção familiar foi substituída pela classe social que passou exercer papel protetor.

Essas alterações ocorridas na modernidade são acentuadas com a invenção do telescópio e colocou Galileu como confirmador da tese de que a terra gira em torno do sol[4].

A concepção desse evento provocou uma explosão de idéias e descobertas do conhecimento humano, introduzindo na busca do conhecimento a instrumentalizaçãono processo de investigação cientifica. A conseqüência dessa novidade foi a presença cada vez maior do temor e da esperança que passaram caminhar lado a lado. Isto porque os sentidos estão passiveis de erros e para o homem dizer da terra, precisava de um ponto fixo, que não se encontrava nem na terra e nem no sol. Perde-se o ponto de Arquimedes enquanto referencia externa ao próprio homem. Sobre isso Descartes diz:

“Arquimedes, para tirar o globo terrestre de seu lugar e transportá-lo para outra parte, não pedia nada mais exceto um ponto que fosse fixo e seguro.”

A unificação do universo pelo aparato tecnológico de instrumentos científicos levaram a criação de leis e um ponto arquimediano alem da terra ou alem do sol, sendo ele de caráter indeterminado e um movimento no universo.

O distanciamento do homem em relação ao mundo é o marco daera moderna, pensar o universo do ponto de vista do pertencimento do homem a terra fez lei criar leis que imitassem sua vida terrena. A alienação como separação permitiu a ciência fazer uso de linguagem simbólica não espacial do infinito permitindo um novo olhar do homem diante dos fenômenos naturais.

Destruir ou Transformarpermitiu a capacidade de se “criar” o milagre da vida e do ponto de vista arquimediano esse fato pode ser vista como uma força transmundana, universal e causadora da vida na terra. Esse universo passou a ser medido por instrumentos humanos.

Segundo a autora “não são as idéias, mas os eventos que mudam o mundo”o autor do evento moderno, neste caso, foi Galileu e não Descartes. Esse, consciente de que as leis de Galileu eram válidas, repensou a sua filosofia e a condicionou na hipótese das teorias de Galileu. No entanto, Descartes e os filósofos da época moderna, que levaram a descoberta de Galileu ao nível do pensamento, registraram o choque derivado deste novo ponto de vista.

Hannah Arendt afirma que a filosofia moderna começou com o pensamento de Descartes no qual foi o primeiro a conceitualizar esta forma moderna de duvidar.  A dúvida cartesiana advém do assombro diante dessas novidades. O assombro relacionado à dúvida cartesiana é uma reação à nova realidade, vista como um vislumbrar diante de uma concepção de mundo em que não era mais a contemplação, nem a observação e nem a especulação que mudava a concepção física do mundo, mas a invenção de um determinado instrumento - o telescópio. Neste caso, considerando a interpretação de Hannah Arendt, entra em cena o homo faber, com sua atividade de fazer e fabricar o mundo.

O homem foi enganado ao permanecer fiel aos olhos do corpo e da mente, isto porque a verdade e a realidade são coisas distintas e não se apresentam como são de fato . Somente com a eliminação da aparência pode se alcançar o verdadeiro conhecimento, e isso só pode acontecer através da interferência da ação humana. Os sentidos da percepção levam a uma interpretação equivocada da veracidade, como por exemplo, o olho via o Sol que girava em torno da Terra e não o seu contrário que consistia na verdade deste movimento, assim, já não se poderia utilizar a metáfora referente aos olhos da mente. A separação do Ser e da aparência por um instrumento criado pelo homem derrubou tanto a mente como os sentidos.

A dúvida cartesiana é autêntica e nada a escapa, desde o pensamento à experiência. A autora ressalta, Descartes parte da crença na dúvida e não na razão, na perda da evidência que dispensa demonstração e que é evidente apenas para o autor e não para todos. A dúvida está na existência de uma “chamada verdade”, apoiada apenas na percepção dos sentidos e na reação ou crença na existência revelada por si mesma ou recebida pelas faculdades humanas; credo presente tanto na antiguidade clássica como na filosofia cristã.

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