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A História Da Escrita

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Por:   •  26/10/2013  •  9.577 Palavras (39 Páginas)  •  4.669 Visualizações

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Como apareceu a escrita?

O pictograma

O homem tem inerentemente uma necessidade individual de se expressar e uma necessidade social de se comunicar.

Para Gelb (A study of writing), essas duas necessidades estão tão relacionadas que ele se pergunta se não seria melhor dizer que o homem se expressa comunicando, ou que a base de sua comunicação é sua expressão individual.

O desenho do homem primitivo criado sobre a superfície de algum objeto tinha para ele, de início, a função de expressar suas ideias visualmente, enquanto a fala era sua expressão auditiva.

Com o passar do tempo, a expressão visual desenvolve-se em duas direções distintas: o desenho como arte, e o sistema pictográfico na comunicação.

Esse sistema pictográfico não apresenta inicialmente uma relação direta com a fala; porém, encaminha-se, posteriormente, em direção à representação da fala, passando a ser um simbolismo de segunda ordem. Assim, a fala representa ideias e a escrita representa a fala. Além do sistema pictográfico, outro precursor da escrita são os recursos de identificação mnemônicos, como os símbolos heráldicos e os símbolos usados por indígenas para registrar tempo.

Gelb faz um estudo minucioso e profundo do desenvolvimento da escrita através da História, focalizando, principalmente, as modificações internas nos sistemas mais do que os fatores externos. Faremos aqui um breve resumo dos pontos mais relevantes, com o objetivo de compreender melhor a natureza dos diversos sistemas.

Podemos apontar as seguintes etapas evolutivas da história da escrita:

• Inexistência da escrita

• Precursores da escrita: fase semasiográfica

• sistema pictográfico

• recursos de identificação mnemônica

• Escrita plena: fase fonográfica

• lexical-silábica

• silábica

• alfabética

O logograma (ou ideograma)

A etapa lexical-silábica inicia-se por volta de 3.100 a.C., com o sistema pictográfico, cujas formas sofrem um processo de estilização, para facilitar o traçado e cujo uso é gradativamente convencionalizado. Os logogramas (ou ideogramas, como são mais conhecidos entre nós) são o resultado dessa estilização e convencionalização. A princípio, a estilização consistiu em retificar as linhas arredondadas dos pictogramas, de modo que, no início, os ideogramas eram “letras de fôrma”. A escrita cursiva aparece bem depois e concorre para a estilização, principalmente por sua tendência de simplificar os traços. O sistema ao mesmo tempo deixa de ser icônico para ser simbólico.

Para ilustrar esse fato, podemos recorrer à escrita cuneiforme dos sumérios, cujos traços em forma de cunha são resultado da estilização dos pictogramas.

O logograma, como o próprio nome indica, já tem estatuto linguístico de palavra e, portanto, tem também sua representação fonética. Para Gelb, a foneticização da escrita começa com o logograma. Em alguns sistemas, para desfazer ambiguidades de logogramas mais complexos, acrescentam-se elementos com valor exclusivamente de sílaba ao símbolo inicial.

Além disso, nomes próprios são compostos por ideogramas no seu valor estritamente fonético.

Durante o processo de convencionalização, os logogramas passaram a representar também as ideias associadas aos objetos primitivamente representados pelos pictogramas.

Assim, se um logograma representava inicialmente o conceito “sol”, pode depois ter passado a representar o conceito de “brilhar”. Embora não mencionada por Gelb, essa metaforização ocorreu também no uso de mais de um símbolo, no interior de um mesmo logograma, para designar, metaforicamente, um terceiro conceito. Por exemplo, a estilização de um pictograma em que uma pessoa aparece embaixo de uma árvore resulta no logograma que significa “descansar”, em escrita chinesa.

Há ainda logogramas que não se originam de pictogramas, mas sim de formas geométricas, a que Gelb chama “diagramáticos”. Os números são exemplos desse tipo de logograma. Gelb acha que alguns desses logogramas originaramse da representação gestual, como, por exemplo, o círculo, representando o conceito “tudo”.

Foi ainda nessa fase da escrita que sinais auxiliares, como a pontuação e determinantes, foram introduzidos.

Embora na fase logográfico-silábica os logogramas já fossem usados com valor de sílaba, é somente depois dessa fase de função híbrida do logograma que o sistema silábico se desenvolveu plenamente.

Os sistemas pictográficos que se desenvolveram em escritas logográfico-silábicas são: o sumério (escrita cuneiforme), o egípcio e o hitita (hieróglifos) e o chinês. Como é na escrita egípcia que está a base da escrita alfabética, é ela que nos interessará mais de perto.

O silabário

Para se entender de que forma passamos do sistema logográfico-silábico para o sistema silábico, é importante examinar antes o fenômeno conhecido como rébus, que é a representação de palavras ou sílabas por pictogramas, utilizando-se apenas os sons dos nomes dos objetos representados. Usa-se muito da técnica do rébus em jogos de palavras. Tomemos, por exemplo, o pictograma para representar “cara” e o pictograma para representar “vela”. Se compusermos com eles a palavra caravela, estaremos usando apenas as propriedades fonéticas e não as semânticas. O mesmo pode ser feito com ideogramas, que são assim esvaziados de sua semântica. Não é fácil tentar representar palavras dessa maneira. Mas foi esse o caminho encontrado pelo homem para descobrir a escrita silábica.

Mas a sílaba foi ainda por muito tempo encarada como um expediente. Os ideogramas continuaram a ter mais prestígio em todas as escritas, com exceção da cuneiforme, que se constituiu, desde o início, de uma porcentagem mais alta de elementos de natureza silábica do que de logogramas.

Foram os fenícios, com seu espírito prático de comerciantes, que se apossaram da complicada escrita lexical-silábica

dos egípcios, derivada dos

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