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A transformação da malandragem carioca do seu surgimento até os dias atuais

Por:   •  6/5/2017  •  Ensaio  •  1.425 Palavras (6 Páginas)  •  203 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE DIREITO

DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA PÚBLICA

Disciplina: Oficina de Texto em Seg. Pública

Professor: Gabriel Tardelli

Aluno: Lucas Nunes Nogueira                        Matrícula: 216102139

                         Ensaio sobre o tema

A transformação da malandragem carioca do seu surgimento até os dias atuais”.

  • Introdução

A figura do malandro observada pela perspectiva social é algo muito curioso e complexo, pois quando falo sobre tal, a primeira imagem que vem à mente é um homem de terno branco e um inconfundível chapéu panamá, muito presente na Lapa, bairro da região central da cidade do Rio de Janeiro, um boêmio assíduo, frequentador de gafieiras e rodas de samba.

Entretanto, existem abordagens intrigantes a serem feitas acerca do malandro. A malandragem não é somente esse estereótipo de bon vivant que a maioria dos cariocas tem em mente. Buscando aprofundar o desenvolvimento utilizarei como base a tese de mestrado do professor Michel Misse, de 1999, e de algumas pessoas que viveram/conviveram com a malandragem para explicitar como eles sempre foram marginalizados o como se transformaram no cenário do banditismo social.

 

  • O surgimento.

Segundo o sociólogo Michel Misse, um dos possíveis inícios da malandragem, foi na capoeira, durante o reinado de D. Pedro II e início da República, mais precisamente de 1850 a 1890. Nessa época, o Rio de Janeiro era dividido em territórios controlados pelas Maltas. Os Nagoas e os Guaiamus formaram-se a partir de segmentos ou grupos de capoeiras que dividiam a parte mais popular da cidade entre si.

 Mantinham entre si rivalidade intransigente, fazendo guerra uma à outra e chegaram a reunir, em seu apogeu, milhares de escravos, negros libertos, brancos de diversas origens e jovens imigrantes portugueses. Formada por três, vinte ou até mesmo cem indivíduos, a malta era a forma associativa de resistência mais comum entre escravos e homens livres pobres no Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX. (Soares, 1994: 40).

Nesse período, a cada 100 mil habitantes no Rio de Janeiro, 813 estavam presos e o número só cresceu, até 1880, chegando a uma média anual de 6 mil presos. (Misse, 1999: 249).

  • O início da repressão e formação de um Estado paralelo.

“Com a proclamação da república, o novo código criminal transformou a capoeira de simples contravenção em crime agravado se existir formação de grupo ou malta”. (MISSE, 1999, p.250).  

Sendo garantida por lei, a perseguição à capoeira e às Maltas começou. A repressão foi tão intensa que culminou no desaparecimento das Maltas.

“As maltas desapareceram, mas não os capoeiras, que reaparecem na Revolta da Vacina, em 1906, embora cada vez mais isoladamente. (Misse, 1999, p.250).

“Hernani de Irajá ainda fala deles agindo no Rio dos anos vinte, principalmente na Lapa” (Irajá, 1960).

Alguns anos após, Benjamin Constallat e Orestes Barbosa, descreveram a realidade presente nesse meio, que era controlado por “malandros e valentes”. Benjamin Constallat, em sua obra Mistérios do Rio, constatou que uma das principais áreas do Rio, o morro da Favela (a que deu origem ao termo “Favela”), atual morro da Providência, era uma das regiões mais perigosas.

 As regiões consideradas perigosas para a sociedade eram o morro da Favela e a Lapa. Ele descreve a “Favela”:

[...] A Favela é uma cidade dentro da cidade. Perfeitamente diversa e absolutamente autônoma. [...] Na Favela ninguém paga impostos e não se vê um guarda civil. Na Favela, a lei é a do mais forte e a do mais valente. A navalha liquida os casos. [...] Há muito crime, muita morte, porque são essas as soluções para todos os gêneros de negócios - os negócios de honra como os negócios de dinheiro (Constallat, 1995 [1930], p. 37).

Já Orestes Barbosa descreve a favela como “bairro terrorista onde a polícia do 8° distrito não vai”. (Barbosa, 1993 [1923], p. 111).

  • O surgimento do samba para narrar o cotidiano das favelas.

(E toda vez que eu descia o
Meu morro do galo eu tomava uma dura us homens voavam
Na minha cintura pensado em encontrar aquele 38tao)

Se não fosse o samba, Bezerra da Silva.

Na década de 1930, 40 e 50, os sambistas passaram a retratar o dia a dia das pessoas na favela, incorporando a imagem social do malandro, do valente, do malfeitor.

Foi nessa época que surgiram nomes como: Noel Rosa, Monsueto, Nelson Cavaquinho, Bezerra da Silva, Moreira da Silva, entre outros. Todos eles, tendo como pano de fundo para suas composições, a realidade das favelas e se autointitulavam “malandros”.

Nos sambas de Noel, Ismael, Geraldo Pereira e Wilson Baptista, o malandro aparece principalmente sob um registro mais boêmio, mulherengo, orgiástico. Wilson Baptista, um fluminense de Campos que chegou ao Rio adolescente, em 1930, se descreve positivamente, na primeira pessoa da narrativa musical, com «um chapéu de lado, tamanco arrastando, lenço no pescoço, navalha no bolso, passo gingando», desafiando, com o «orgulho em ser vadio», os que «falam mal do meu proceder». (Misse, 1999, pag. 256).

  • A malandragem no auge da simpatia popular e logo depois transformada em banditismo social.

O malandro é identificado de forma idealizada, como recusa ao trabalho formal e a preferência pelas atividades ilícitas, como o jogo, a prostituição, o roubo et Cetera.

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