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A África na Ordem Mundial

Por:   •  20/11/2020  •  Resenha  •  929 Palavras (4 Páginas)  •  290 Visualizações

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Sobre o texto “A África na Ordem Mundial” de Michael Hamenoo[1].

        Numa primeira leitura do texto tive a impressão de que o continente africano vivia um momento bom, quase invejável para a época: sem embates por expansão territorial, com crenças teístas evoluidíssimas e respeito à natureza, com proibição da guerra como instrumento de políticas públicas, dotada de boa organização social, política e econômica. De forma que, constatei, os europeus chegaram apenas para atrapalhar e prejudicar o seu desenvolvimento. Todavia, numa segunda leitura, eu confirmei o que aferi na primeira e tive plena certeza de que os europeus não apenas atrapalharam os africanos: eles os saquearam, escravizaram, colonizaram e aniquilaram várias de suas civilizações.

        Logicamente, a exploração não evoluiu sem que, para isso, existissem africanos gananciosos dispostos a ajudar seus algozes. Lembrei-me, então da célebre frase de Simone de Beauvoir, constante de seu livro “O segundo sexo”, de 1949: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”. E, não há que se questionar que o povo africano foi oprimido pela ganância e complexo de superioridade do europeu cristão[2] e, posteriormente, no período de neocolonialismo, pela ambição estadunidense.

        No que tange ao assunto da “descoberta” da África, Michael Hamenoo brilha com seu sarcasmo, inclusive ao afirmar que muitos europeus ainda não acordaram da fantasia da “missão civilizatória” que justificou a interferência daqueles que denomina de “bandidos de Portugal, da Espanha e da Itália” que adentraram o continente africano armados com a bula papal e, impossível não dizer, de uma imensa arrogância cultural, afinal a África possuía Estados mais bem estruturados, econômica, social e politicamente, do que a Itália, por exemplo.

        Obviamente, admitir tal fato não faria bem para a consciência e ego dos exploradores europeus. De regra, todo delinquente, de qualquer espécie e em qualquer época e lugar do mundo, gosta de crer-se certo e, para tanto, traz consigo argumentos que justificam seus atos. É o caso dos europeus com a fajuta justificativa de que os africanos constituíam uma raça inferior, carente de lei e organização.

        Infelizmente, o ambiente bem institucionalizado política e socialmente da África, onde, conforme salientado acima, guerras não eram permitidas, começou a ser desestabilizado pelas guerras escravocratas desencadeadas pelos exploradores europeus nos séculos XVII e XVIII.

Conforme salienta o autor, os africanos possuíam uma ideia sofisticada de Deus (Olorum) que se manifestava visivelmente através da natureza (rios, terra, florestas), logo, cabia ao ser humano preservá-los[3]. Dentre outras razões, mas também pela valorização da obra divina, os africanos, cuja agricultura constituía a base de suas sociedades, acreditavam que a terra e seus frutos constituem um patrimônio coletivo, inalienável e inviolável de forma que, possuir um pedaço de terra para retirar dela o sustento familiar era um direito inerente a todo ser humano enquanto ele e seus familiares pudessem trabalhar. Após, tais terras poderiam ser realocadas para outras famílias.

Tal sistema, extremamente evoluído, foi minado com a introdução, por parte dos europeus, dos sistemas de propriedade privada de terras, nos quais o ser humano “briga” por pedaços de terras superiores ao necessário para seu sustento.

        Com a “descoberta” das Américas, os europeus dizimaram populações indígenas e, focados no ouro e outras riquezas africanas, resolveram transformar seu povo negro em escravos para usa-los nas fazendas americanas. Consequentemente, sucedeu ao comércio escravista o fim de populações e dos valores essenciais das sociedades africanas.

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