A Águia e o Dragão. Ambições europeias e mundialização no século XV.

Universidade Estadual Paulista- UNESP/Assis

Departamento de História

Disciplina: História Moderna II

Responsável: Prof. Dr. Eduardo José Afonso

Discente: Victor Gustavo de Souza                 Noturno

GRUZINSKI, Serge. A Águia e o Dragão. Ambições europeias e mundialização no século XV.

O texto de Gruzinski propõe uma abordagem paralela entre Oriente (China) e Ocidente (México-Tenochtitlán) através da expansão marítima do século XVI.  Enquanto o espanhol Hernán Cortéz partia para conquistar as terras dos mexicas, o português Tomé Pirés é recebido em Nanjing, pelo imperador chinês Zhengde.

Zhende foi um imperador que buscava fugir da administração e burocracia, conduziu campanhas militares em 1518 e 1519 ao sul da China, porém seu governo é retratado como uma era de transtornos e declínios, diversos fatores contribuem para tal afirmação, variando entre desastres naturais e fome até os tributos abusivos e japoneses. O imperador viria a falecer em 1521 devido à pneumonia, o folclore encarrega-se de dizer que foram os dragões os responsáveis por tirá-lo do poder.

Montezuma governava no outro lado do mundo e o universo asteca mostra-se muito mais desconhecido do que o chinês, uma vez que os relatos parciais e imprecisos são as principais fontes escritas acerca desse momento e os chineses já haviam desenvolvido a escrito há mais de 3 mil anos. Montezuma reina durante quase 20 anos (1502-1520) e foi o grande responsável pela expansão e consolidação do que chamamos Império Asteca, através da Tríplice Aliança solidificaria as bases de seu governo. Com a chegada de Cortez tudo modifica-se: ele é enganado e preso pelos espanhóis; seus adversários nativos revoltam-se e as causas de sua morte são incertas, alguns dizem que ele foi morto pelos europeus, enquanto outros declaram que os próprios nativos se encarregaram de executá-lo.

Além do fato de esses dois imperadores terem existido em um mesmo período, não se pode apontar outras grandes semelhanças entre essas terras tão diferentes da Europa. A China já era um império e o México antigo não remete em nada À um conjunto político unificado. Gruzinski deixa claro que não pretende fazer uma história comparativa entre os dois mundos, mas, sim, “esboçar um rápido panorama desses lugares às vésperas da chegada dos ibéricos” para, assim, entender melhor as reações desses lugares tão distintos frente à intervenção europeia.

Enquanto a China imperial nos leva a mais de três milênios antes da era comum, com a dinastia Xia, o império dos mexicas e incas voltam apenas um século antes da chegada dos espanhóis, como aponta o autor. O país oriental é uma máquina administrativa e judiciária, logo, a corrupção está infiltrada em seus meios. O comércio de seda, chá, porcelana e grãos já são grandes atividades no século XVI. Outra característica notável é a difusão da leitura nessa sociedade e a produção gráfica já em fins do século XV. Diferentemente da Europa onde apenas o clero e parte da nobreza tinham contato com a cultura letrada, no império do Oriente os pensamentos confucianos, textos normativos e histórias imperiais se espalhavam por diversas camadas sociais.

Claro que a antiguidade da América nos remete à mais de um século antes da chegada dos espanhóis, o ponto em questão é que esses vínculos, ao contrário da China, estão bem mais desfeitos. O que chama atenção na Mesoamérica é sua diversidade cultural e fragmentação política, o sistema de cidades-estados se fez presente nessa região, algumas constiuíam-se grandes centros políticos, outras grandes centros religiosos. De fato, a ideia de “Império Asteca” é criada por Cortéz e perpetuada até hoje. Pois, de império, apenas o nome.