Acertos e contradições do Ecletismo (Resumo0

Acertos e contradições do Ecletismo

         No final do século  XIX,  as oligarquias nacionais estabelecem  seus projetos políticos e econômicos, relacionados aos interesses dos centros metropolitanos. A indústria começa a crescer, o e comércio  alcança maior complexidade tanto externamente como internamente. Os vínculos socioeconômicos na cidade e no campo, estão  organizados de tal maneira  a favorecer o um pequeno grupo social, do qual controla a política e a orientação do Estado, os altos e baixos políticos e econômicos, a instabilidade social faziam com que se acumulassem uma acelerada fortuna, que se perdia se um dia para o outro, representadas pelas imagens do Recuso do método, de Alejo Carpentier. Porém, o aumento do luxo individual foi acompanhado por uma hierarquização das funções sociais da classe dominante, que com o passar do tempo deram formas às infraestruturas utilizadas pela comunidade em seu conjunto, como: teatros, bibliotecas, clubes sociais, escolas e hospitais, realizados tanto pelo Estado como pela iniciativa privada.

        Habituamo-nos a aceitar os critérios dos pesquisadores formados nas ideias do Movimento Moderno, dos quais são sempre negativos sobre esse movimento arquitetônico. Hoje, depois de assistirmos ao fracasso dos ideais dos pioneiros do Movimento moderno, depois de verificarmos a perda dos valores culturais na maioria das grandes cidades do continente, a miséria cada vez maior das camadas majoritárias da população e a total  precariedade do hábitat informal de desempregados e subempregados, descobrimos que o projeto “ambiental” das burguesias latino-americanas possuía valores recuperáveis que, nas formações atuiais de seus herdeiros já não existem.

Esses são alguns aspectos que caracterizam a formação do universo eclético latino-americana.

1. Os projetistas: a criação de escolas de construtores, engenheiros e, finalmente, arquitetos elevou consideravelmente o nível dos profissionais locais. Na maior parte dos casos, conjugavam uma sólida formação estética com rigorosos conhecimentos técnico-construtivos, respaldados pela unificação que existiu durante algum tempo entre os estúdios de engenheiros e arquitetos.
2. Técnicas e materiais: é uma etapa de renovação e ampliação das técnicas de construção e dos materiais empregados. Sejam quais forem as avaliações atuais sobre as contribuições do design, não há dúvida de que a cosmética formal era aplicada sobre soluções técnico-construtivas avançadas, que a cultura dominante não assumia como como portadora de significação artística.
3. Concepções funcionais: a partir dos fundamentos científicos então existentes, os arquitetos eram rigorosos na resposta funcional às exigências concretas.
4. Expressão estética: Os projetistas não se resignavam à ausência de simbolismo e buscavam, em cada caso, a identificação visual da função do edifício. Os valores de equilíbrio compositivo, a aplicação de regras precisas na organização dos elementos decorativos, entre outros, mantiveram proporções adequadas na relação entre cheios e vazios ou espaços verdes e construídos no contexto urbano.
5. Integração Contextual: é vidente que se realizou uma arquitetura alheia aos elementos tradicionais da colônia, mas foram criados novos repertórios formais que negavam os atributos positivos anteriores em termos de continuidade expressiva. As diferentes influências externas verificáveis no ecletismo aproximavam os imigrantes de suas tradições originais e concediam-lhes uma “segurança” perceptiva dentro da dimensão inapreensível da cidade moderna. Isso, por exemplo, não ocorre com as manifestações da arquitetura contemporânea.

Em suma, é lícito afirmar que, apesar do chamado “cosmopolitismo forâneo” da arquitetura eclética, tanto edifícios como espaços urbanos conseguiram formar um contexto com atributos formais reconhecíveis, que são inidentificáveis em cada cidade da América Latina, tanto a nível regional como no confronto com modelos originais.